A Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP) apelou esta quarta-feira aos agentes para decidirem novas ações de protesto, acusando a PSP de estar “doente” e apontando uma “tentativa de branqueamento” dos problemas pelo poder político e pela Direção Nacional.
Considerando ser “evidente e unânime a necessidade de encetar um conjunto de protestos para demonstração da insatisfação dos profissionais”, a maior organização laboral da PSP realçou – numa carta dirigida a todos os polícias e a que a agência Lusa teve acesso – “o estado de espírito de revolta” com a situação da instituição e criticou a postura do ministro da Administração Interna.
“Tem branqueado a realidade”, defendeu a ASPP/PSP, sublinhando que José Luís Carneiro “pretende resolver os problemas com promessas irreais e inconsequentes e ainda com uma dose de caridade que envergonha a condição policial”.
Para a associação sindical, esta tentativa de branqueamento é desenvolvida “por via das diversas campanhas comunicacionais promovidas pelo poder político e amparadas pela Direção Nacional” da PSP.
Nesse sentido, reiterou que “o branqueamento, a constante mentira e as folhas Excel, com números questionáveis, não serão a melhor forma de servir as populações” por parte do Ministério da Administração Interna (MAI).
Entre os principais problemas identificados na PSP por esta estrutura sindical estão a restrição de direitos, como o direito à greve, e a ausência de uma visão promissora para a carreira, sendo estas circunstâncias agravadas por um “efetivo exausto, desmotivado, envelhecido, uma instituição com constantes constrangimentos operacionais, limitações orçamentais, fraca e questionável capacidade de gestão e uma cultura gestora algo provinciana”.
“Tal retrato é percetível quando se constata o baixo número de candidatos aos concursos, os pedidos de saída dos que ainda pertencem à instituição e o constante barramento daqueles que já têm requisitos para sair para a pré-aposentação. Este conjunto de realidades torna a instituição doente”, lê-se na carta.
O sindicato desafiou os polícias a intervirem na “necessária mudança”, com vista a discutir a dignificação da carreira, traduzida numa melhoria dos salários, das condições de trabalho e do respeito pela condição e estatuto profissional da PSP. Por isso, elencou diversas possibilidades de contestação num futuro próximo para os agentes expressarem a sua opinião.
“Abandonar as instalações policiais nas quais trabalham, colocando-se no exterior das mesmas, em silêncio, como forma de protesto, entre as 13:00 e as 13:30, durante uma semana a definir; ter uma atitude pedagógica ao nível rodoviário; ter uma atitude pedagógica ao nível criminal, saindo apenas a chamadas de relevo; manifestação a nível nacional, num dia a definir” ou outra forma de luta considerada adequada para contestação, segundo a carta enviada.