Internet no Kilimanjaro permite aceder ao Instagram — e ajudar em emergências também

Michael Foley / Flickr

Montanha Kilimanjaro, na Tanzânia.

A 6 de outubro de 1889, um professor de geologia alemão chamado Hans Meyer, um alpinista austríaco chamado Ludwig Purtscheller, e um grupo de guias locais da província de Moshi, fizeram história.

Ao subirem os degraus finais para o pico mais alto do Kilimanjaro, uma montanha nunca antes escalada, devem ter sentido uma sensação de satisfação que poucos de nós conhecemos. Se ao menos pudessem ter partilhado no Twitter…

Agora, essa injustiça histórica foi corrigida. O serviço de Internet de alta velocidade já está disponível nas encostas da montanha mais alta de África, permitindo aos caminhantes influencers chegarem ao cume — ou, quem sabe, pedir ajuda antes de se juntarem às cerca de dez pessoas por ano que morrem lá.

O Kilimanjaro foi ligado à estatal Tanzania Telecommunications Corporation, com Nape Nnauy, ministro da Informação do país, a considerar o evento “histórico”.

“Antes, era um pouco perigoso para os visitantes, que não tinham Internet”, afirmou Nnauye, num comunicado de imprensa no lançamento do serviço.

Agora, os visitantes já podem podem estar online até às cabanas Horombo, a cerca de 3.720 metros acima do nível do mar — embora tenham de esperar um pouco mais antes de poderem tweetar no topo da montanha, uma vez que o acesso à Internet até 5.895 metros (altura total da montanha) não é esperado até ao final do ano.

O acesso à Internet tornou-se um pilar fundamental do alpinismo nos últimos anos, tanto para o melhor como para o pior.

Enquanto a dependência tem visto alguns exploradores a serem guiados por rotas perigosas e potencialmente fatais, mesmo os alpinistas mais profissionais sublinham que a conectividade é crucial, no caso de algo correr mal.

“Se um telemóvel dá a localização de alguém que se perde […] e a pode transmitir a uma equipa de resgate, então é muito mais rápido encontrá-la do que ter de fazer uma busca geral da área”, admite Chris Higgins, líder da equipa de resgate da montanha de Keswick, em Inglaterra.

“A utilização de telemóveis nas montanhas também tem o potencial de fazer soar o alarme muito mais rapidamente do que há vinte anos e permite, sem dúvida, que a ajuda seja enviada mais cedo, com os consequentes benefícios para as vítimas. Os telemóveis utilizados desta forma têm salvo vidas”, acrescenta.

Como aponta Gizmodo, o Monte Evereste — um pico que atrai apenas dez por cento do número de alpinistas pela primeira vez como o Kilimanjaro — teve acesso à Internet há anos atrás. Com uma queda anual de cerca de 35.000 montanhistas, o Kilimanjaro vai a mais do que tempo de se juntar ao século XXI.

A ligação à Internet é tanto pela a segurança dos seus visitantes, como — sejamos sinceros — para as publicações no Instagram.

Alice Carqueja, ZAP //

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