Os Estados Unidos (EUA) e a Coreia do Sul iniciaram na segunda-feira os maiores exercícios militares conjuntos desde 2018. O treinamento ocorre em meio à escalada de tensão com a Coreia do Norte, que recusou travar o seu programa nuclear.
Denominado “Escudo de Liberdade Ulchi”, o programa marca a retomada dos treinamentos em larga de escala de Seul e Washington, que foram suspensos devido à pandemia, avançou a NPR.
A ação continuará até 01 de setembro na Coreia do Sul e incluirá exercícios de campo com aeronaves, navios de guerra, tanques, drones e outros novos equipamentos utilizados na guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
A estimativa é de que dezenas de milhares de soldados de ambos os países estejam envolvidos em simulações de ataques conjuntos, reforços da linha de frente e remoções de armas de destruição em massa. Washington é o principal aliado de Seul e mantém 28.500 soldados na Coreia do Sul.
Os dois países têm um longo historial de manobras conjuntas, que classificam como defensivas. A Coreia do Norte, contudo, identificou a ação como um ensaio para uma invasão do seu território e como pretexto para o desenvolvimento de armas nucleares e mísseis nas nações aliadas.
O impasse na diplomacia com Pyongyang se intensificou após Kim Yo-jong, irmã do líder norte-coreano Kim Jong-un, rejeitar a ajuda económica de Seul, que tinha como condição a desnuclearização da Coreia do Norte.
Apesar de admitir que o país sofre de escassez de alimentos, Yo-jong sugeriu que o Presidente sul-coreano, Yoon Suk-yeol, deveria “calar a boca” e reforçou que a Coreia do Norte não recuará no desenvolvimento de armas nucleares.
A nação governada por Kim elevou a sua atividade de testes de armas para um ritmo recorde este ano, enquanto ameaçava repetidamente conflitos com Seul e Washington. Nos últimos anos, os EUA e a Coreia do Sul cancelaram alguns dos seus exercícios regulares para tentar uma aproximação com o Norte.
No entanto, as tentativas de acordo foram frustradas no início de 2019 após o governo do ex-Presidente Donald Trump rejeitar as exigências norte-coreanas de libertação de sanções impostas pelos EUA.
No ano passado, o relator especial das Nações Unidas para direitos humanos no país, Tomas Ojea Quintana, disse que os norte-coreanos estavam a lutar para “viver uma vida digna”, enquanto as sanções norte-americanas e a queda nas importações induzida pela covid-19 agravaram a escassez de alimentos.
Em julho, Kim disse que o país estava pronto para um confronto militar com os EUA e e preparado para mobilizar as suas forças nucleares. Seul e Washington classificaram o anúncio como uma “séria provocação que prejudica a paz e a estabilidade” e prometeram adotar linha dura contra a Coreia do Norte.