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Vinhos poderão ter maior teor de álcool em 2022. Uvas parecem “pão seco”

ZAP

Seca deixa viticultores franceses preocupados com a próxima estação das vindimas. Em Portugal há muitas uvas queimadas.

No mês passado, Julho, 15% do território europeu estava sob alerta vermelho de seca. E quase metade (45%) estava em alerta.

Os números foram partilhados pelo Observatório Europeu da Seca, numa altura em que as temperaturas – no geral – diminuíram e começou a chover em diversos pontos. O caso do Reino Unido chega a extremos, nesta semana.

No entanto, essa precipitação não veio animar a perspectiva. Na Suíça, por exemplo, os peixes estão a morrer em “proporções históricas” devido à perturbação dos ecossistema dos rios.

No Euronews, a Associação Suíça das Pescas admitiu um grande receio: mais espécies podem desaparecer para sempre.

O rio Reno, um dos maiores na Europa, também está a ser muito afectado pela seca: pouca água e transporte de mercadorias afectado.

Ainda na Alemanha, na capital Berlim, os espaços verdes estão “feios”, secos.

Uvas secas

Já em França, a preocupação abunda entre os viticultores da região de Bordéus: com dois dias de chuva nos últimos três meses, as uvas ficaram mais pequenas e menos saborosas.

Os viticultores em França temem um aumento do teor de álcool dos vinhos. “Pode acontecer mas não acontece com muita frequência”, reage José Castro, no ZAP.

“O teor de álcool deveria ser gerado progressivamente ao longo do tempo, mas não foi. Está estagnado, quer produzir e não consegue. Falta-lhe líquido. Falta-lhe água. E como falta essa componente… O ciclo não é respeitado“, continua.

O especialista em viticultura recorre-se da sabedoria popular para prolongar a explicação: “Há um ditado que diz: a fruta quer-se madura no seu tempo. Se esses tempos andarem alterados, o fruto não é o que deveria ser. O álcool não vai aparecer como deveria; mas pode aparecer por excesso, como pode aparecer por defeito”.

Se o vinho tiver grau de álcool a mais (de 16 para cima), o que é preciso fazer a muitos vinhos é adicionar…água. “Para fazer descer o grau do vinho. Porque esse vinho não seria bom para ser consumido, tem de se cortar o álcool; se não, passa a ser uma aguardente, quase”.

E por cá? Como estão as uvas na Região Vinhateira do Alto Douro? Mal: “Queimadas. Muitas estão queimadas. É a realidade. E não estão maduras”.

“E para fazeres um vinho em condições, sempre que possível, fazes o vinho com o fruto maduro. Se o fruto estiver verde, em termos de sabor, o vinho fica ácido. Para ficar doce, tens de prolongar a exposição ao sol – mais tempo do que deveria acontecer. Muitas uvas perdem-se completamente, ficam secas mesmo. Parecem bocadinhos de pão seco. E seco de há 15 dias“, lamentou.

“Nesta altura, nem te consigo dizer quando vamos começar as vindimas“, admitiu José.

Nuno Teixeira da Silva, ZAP //

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