As “contas de merceeiro” devem ser evitadas na TAP, avisou um dos elementos dos sindicatos que protestaram nesta terça-feira.
Os trabalhadores da TAP protagonizaram um protesto em massa, nesta terça-feira, que juntou cerca de um milhar de trabalhadores.
Juntaram-se, pela primeira vez, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil, Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil e Sindicato dos Técnicos de Manutenção de Aeronaves.
Um protesto inédito: juntou, pela primeira vez na história da aviação nacional, pilotos, pessoal de cabine e técnicos de manutenção.
A marcha silenciosa decorreu em Lisboa, em direcção à porta do ministério das Infraestruturas e da Habitação, liderado por Pedro Nuno Santos, onde foi entregue uma carta.
A carta é uma continuação do alerta em relação aos erros de gestão: “A série de erros na companhia ao longo dos últimos dois anos, que não estão a levar a companhia para um bom rumo”, explicou Ricardo Reis na rádio TSF, um dos elementos dos sindicatos.
Com os acordos de emergência assinados com a empresa nacional de aviação, foram retirados “direitos e regalias” aos trabalhadores, “em nome de salvar uma companhia”. Mas os trabalhadores questionam se as medidas são “viáveis” para a salvação da empresa.
A intenção desta aproximação ao Governo é tentar falar. E que faça novas contas: “Queremos que nos oiça, que dialogue connosco. Acredito que o ministério tenha a versão da companhia mas a companhia também somos nós. Têm que ouvir o dia-a-dia e perceber que, muitas vezes, dois mais dois não são quatro“.
“Existe um plano de reestruturação mas, mais importante do que algumas contas de merceeiro, é a paz social. E isso não tem preço. A adesão massiva que existiu hoje comprova que não há paz social”, continuou.
Ricardo defendeu que os sindicatos são responsáveis, colaborantes e querem ajudar a empresa, não querem arranjar culpados: “Mas há sempre uma linha ténue entre o kamikaze e o anuir. E nós não vamos continuar a anuir esta situação”.
Já na manhã desta terça-feira, em reacção a este protesto, a TAP emitiu um comunicado, onde recordou a validade dos acordos de emergência (2025) assinados pelos funcionários.
Os sindicatos reagiram: “O bom senso é importante. Nós respeitamos os nossos acordos. Sabemos o que assinámos, o conteúdo que assinámos. Contudo, também temos consciência de que a realidade actual da aviação não é a realidade de 2021″.
Nessa sequência, o sindicalista considera que a empresa também deve ter noção de que houve uma “evolução” – a aviação já chegou a um patamar que só seria suposto chegar em 2023 ou em 2024.
Em relação à postura do Executivo socialista, a perspectiva é mais positiva: “Temos tido um diálogo aberto e construtivo com o Governo e com Pedro Nuno Santos. Tem tido um papel importante, tentar perceber o que se passa do lado dos trabalhadores”.