Biden tem agora de lidar com as consequências da viagem de Pelosi a Taiwan, apesar de pessoalmente se ter oposto à ideia. O chefe de Estado tem também de negociar a aprovação do seu novo pacote legislativo, que depende do voto decisivo da Senadora Democrata Kyrsten Sinema.
Esta tem sido mais uma semana importante no mandato de Joe Biden. O Presidente dos Estados Unidos está a braços com uma crise internacional despoletada pela visita de Nancy Pelosi a Taiwan e ainda tem problemas por resolver a nível interno com impasses no Senado sobre um pacote legislativo dedicado ao combate à inflação e à transição energética.
Comecemos por Taiwan. A Presidente da Câmara dos Representantes decidiu incluir Taiwan na sua digressão pela Ásia, contrariando Joe Biden.
Desde o início da sua carreira política que Pelosi tem sido notoriamente dura com Pequim, tendo em 1991 até mostrado uma faixa na praça de Tiananmen onde se lia “Para aqueles que morreram pela democracia na China”. A polícia teve de intervir para a retirar do local.
Em 2015, Pelosi liderou a visita de uma comitiva de representantes Democratas até ao Tibete, o que também incomodou a China, especialmente porque a líder do Congresso se encontrou com Dalai Lama, que Pequim vê como um separatista violento. O distrito que Pelosi representa na Califórnia também tem uma grande população asiática, o que ajuda a explicar a sua postura hostil com a China.
A recente visita de Pelosi a Taiwan foi o culminar de anos de tensão com Pequim. Biden já tinha avisado na semana passada, quando os planos da viagem foram tornados públicos, que achava a ida à ilha uma “má ideia” por poder ser entendida pela China como uma provocação. Mas a Presidente da Câmara dos Representantes decidiu na mesma visitar Taiwan.
Esta decisão está a dar dores de cabeça a Biden, que tem agora de deixar claro no plano internacional — que se habituou a ver as posições do Presidente e dos seus aliados no Congresso como permutáveis — que nada podia fazer para impedir a visita e que não concordou com a escolha.
O facto da política dos Estados Unidos em relação a Taiwan ser ambígua também não ajuda e só dificulta a distinção entre o que Pelosi faz e o que a Casa Branca diz.
Desde 1979 que Washington segue uma política de uma “China única”, em que reconhece que o Governo de Pequim é o único legítimo no território chinês. No entanto, os EUA não reconhecem que Taiwan é parte da China, reconhecendo apenas que o território é reclamado por Pequim. Para complicar ainda mais as coisas, os EUA assinaram um acordo com Taiwan em 1954 onde se comprometem a defender a ilha em caso de um ataque chinês.
Vários porta-vozes governamentais da China foram deixando claro na última semana que a visita terá graves consequências e ameaçará a estabilidade no estreito de Taiwan. Na terça-feira, a tensão subiu ainda mais, com Pequim a anunciar proibições à importação de certos produtos de Taiwan e com aviões chineses a fazer incursões perto do espaço aéreo da ilha.
O tema também marcou presença na conversa telefónica de Biden com Xi Jinping na quinta-feira, onde o líder chinês acusou Washington de estar a “brincar com o fogo“.
John Kirby, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, sublinha que Biden “deixou claro que o Congresso é um ramo independente do Governo e que a Presidente Pelosi toma as suas próprias decisões, assim como outros membros do Congresso, sobre as suas viagens ao estrangeiro”.
As tentativas de desvalorizar a visita não se ficaram por aqui. “Deixamos claro que caso ela vá, não é algo sem precedente. Não é novo. Não muda nada. Não estamos a aumentar a retórica. Não mudamos o nosso comportamento”, realçou Kirby.
Para os especialistas, estes esforços da Casa Branca de separar a postura de Biden e Pelosi — que é a número 3 na linhagem da Presidência, depois de Biden e a sua vice Kamala Harris — são fúteis.
“Dizer que isto não é nada ou que os chineses não devem ver nada de especial aqui… Bem, qualquer pessoa que tenha passado meio minuto a olhar para a China sabe que eles vêem sempre algum tipo de intenção em tudo o que fazemos”, explica Andrew Mertha, director do Centro de Investigação Global sobre a China, à CNBC.
Estes esforços são ainda mais inúteis quando surgem depois de Joe Biden ter afirmado que defenderia Taiwan na eventualidade de uma invasão chinesa, o que pôs em causa a posição mais ambígua e neutra dos Estados Unidos.
Há décadas que a ilha é reclamada pela China como território seu e nos últimos meses têm crescido os receios de uma possível guerra devido ao aumento das incursões das forças de Pequim no espaço aéreo de Taiwan.
Xi Jinping já disse que a reunificação é um dos objectivos do seu Governo e que está disposto a usar a força para este efeito. Os responsáveis de Taipei já acusaram a China de estar a planear uma invasão até 2025.
“Acho que se virmos isto pelo lado da China, não é irracional, estamos a pisar a linha na política da China única. Estão alarmados e não os culpo“, remata Mertha.
Todos os olhos em Sinema
No plano interno, Biden está ainda a fazer contas para a aprovação do pacote legislativo de combate à inflação que inclui também medidas importantes para o combate às alterações climáticas.
O voto da Democrata Kyrsten Sinema ainda não está assegurado, mas é essencial para a aprovação da lei no Senado, que tem 50 Senadores para cada partido.
A legislação já representa um investimento que equivale a menos de metade do Build Back Better, o pacote social que era uma das bandeiras eleitorais de Biden e que acabou por cair por causa da oposição de Sinema e do também Democrata Joe Manchin.
Depois de inicialmente ter anunciado que votaria contra por considerar imprudente fazer grandes investimentos públicos num período de inflação — apesar de também se especular que a sua oposição se devia ao facto de ser o Democrata que mais dinheiro recebeu da indústria dos combustíveis fósseis —, Manchin acabou por voltar atrás após uma nova ronda de negociações e vai votar favor do pacote.
O pacote inclui medidas como o reforço das negociações para a redução dos preços dos medicamentos, um limite à inflação dos preços praticados pelas farmacêuticas, a cobrança de um imposto de 15% sobre as grandes corporações e várias medidas de promoção da transição energética — que segundo o líder da maioria Democrata no Senado, Chuck Schumer, cortariam as emissões de gases com efeito de estufa nos EUA em 40% até 2030.
Numa intervenção na Casa Branca depois do anúncio do acordo com Manchin, Biden pediu ao Congresso que aprove rapidamente a lei: “A lei está longe de ser perfeita. É um compromisso. Mas é muitas vezes assim que o progresso é feito. Esta é lei mais forte que se pode passar para se combater a inflação, cortar o défice, reduzir os custos de saúde, responder à crise climática e promover a segurança energética”.
Sinema, que não participou nas negociações deste novo pacote, já anteriormente manifestou ser contra os impostos corporativos incluídos na lei, que se prevê que arrecadem 14 mil milhões de dólares.
Questionado sobre o apoio da Senadora do Arizona, Manchin disse que os dois “trabalham juntos em muitas coisas”. “Acho que quando ela olhar para a lei e vir o espectro de coisas que estamos a fazer… espero que ela tenha uma visão positiva sobre isso, mas ela tomará a sua decisão e eu respeito isso”, afirmou.
Antecipa-se assim mais uma longa e dura ronda de negociações em busca do voto decisivo de Sinema.
A china é como os russos , quer mandar no que não é dela, como seja Taiwan. O putin também disse que depois desta guerra iria ser estabelecida uma nova ordem mundial……o escrqoue. Que vá governar a russia dele e que deixe os outros países em paz.
Tanto blá, blá, blá…
Neste momento, que está em vantagem, para não dizer “quem manda” é o bloco China/Rússia.
São os principais fornecedores do Mundo.
A Europa, com toda a “paz e amor” dos últimos 30 anos, deslocalizou o sector produtivo (entregou-o) para a China, reduziu-se à produção de energia eólica e hidrica (amigos do ambiente), agrupou os Países europeus a troco de $$$$, dizimou a sua área florestal e hoje? E o amanhã? Até quando o BCE vai comprar as dívidas públicas e emitir moeda? Até quando os Países europeus menos gastadores vão suportar os mais gastadores?
USA? Esta “era democrata” de Biden e C.ª, cheios de negócios/trading com a China, Rússia e outros, que abandonou o Afeganistão e a Croácia (em sintonia com a “Europa”), vai fazer o quê?
A Agenda Climática vai resolver todos os problemas… acreditem!
A Agenda Climática vai resolver todos os problemas? NÃO!
O PROBLEMA CLIMÀTICO vai resolver todos os problemas, SIM! mesmo não os resolvendo…