A crosta terrestre está a “pingar” debaixo da cordilheira dos Andes

1

Alessandro Caproni / Wikimedia

Especialistas em Geologia identificaram um fenómeno que faz a crosta da Terra “pingar” para o manto do nosso planeta, um efeito conhecido como “gotejamento litosférico”

Por baixo das montanhas dos Andes, na América do Sul, a crosta da Terra está a “pingar” para o interior do planeta. A descoberta consta de um novo estudo publicado na Communications Earth & Environment.

Este fenómeno acontece há milhões de anos, num processo geológico chamado gotejamento litosférico que deixou a superfície enrugada. A pesquisa ajuda-nos a saber mais sobre a atividade geológica interior noutros planetas vizinhos que não têm placas tectónicas, como Marte ou Vénus.

Quando a crosta rochosa aquece até uma certa temperatura, começa a ficar mais espessa e “pingar” para o manto e o fenómeno da formação e libertação de gotas da crosta tem efeitos na superfície em seu torno.

Isto porque a força das gotas que se formam debaixo criam uma bacia na superfície acima e porque quando a gota cai, a superfície reage ao saltar para cima.

“Devido à sua alta densidade, pingou como mel para o interior planetário e é provavelmente responsável por dois grandes eventos tectónicos nos Andes Centrais — mudando a topografia à superfície na região por milhões de quilómetros e tanto triturando como alongando a própria crosta à superfície”, revela a estudante de Geologia e autora principal do estudo, Julia Andersen.

Há ainda muitas questões sobre a resposta da superfície às pingas, especialmente no altiplano andino, visto que só há pouco é que os cientistas começaram a perceber o gotejamento litosférico, relata o Science Alert.

O altiplano em si foi formado por uma zona de subducção, onde a ponta de uma placa tectónica escorrega por baixo da ponta da placa adjacente. Isto deforma a crosta, empurrando para cima e criando montanhas.

No entanto, há provas que sugerem que a formação dos Andes não foi um processo longo e lento, mas que aconteceu em impulsos durante a era Cenozóica, o atual período geológico da Terra que começou há 66 milhões de anos.

Para além disto, o timing do levantamento da crosta não é consistente em toda a região, como se esperaria da subducção. Estudos anteriores sugeriram que o gotejamento litosférico influenciava o fenómeno, mas faltavam mais provas concretas.

Os investigadores criaram uma experiência de laboratório onde construíram modelos da crosta da Terra e do manto superior para observarem o que acontece à superfície quando a crosta começa a pingar.

Uma “semente” do gotejamento foi inserida na camada superior do manto e esta foi puxada lentamente pela gravidade, num processo que levou várias horas e que foi fotografado por uma câmara de altas resolução. As imagens da simulação foram comparadas com as características geológicas dos Andes.

“Comparamos os resultados dos nossos modelos aos estudos geofísicos e geológicos conduzidos nos Andes, em particular na Bacia de Arizaro, e concluímos que as mudanças na elevação da crosta causadas pelo gotejamento nos nossos modelos se comparam com as mudanças na elevação da Bacia de Arizaro”, remata Andersen.

ZAP //

1 Comment

  1. Por quê nosso português é tão maltratado? Por quê não são feitas edições doa matérias?

    Exemplo nesta matéria: Não é torno é entorno.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.