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Traficado, escravizado e nome falso. Mo Farah não é quem pensamos e revelou a sua verdadeira identidade

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Num novo documentário, Mo Farah revela a sua verdadeira identidade, contando que foi traficado e escravizado ao longo da sua infância.

Sir Mohamed Muktar Jama Farah, mais conhecido por Mo Farah, é um fundista campeão olímpico e mundial pelo Reino Unido, especialista nos 5.000 e 10.000 metros. Quando era criança, fugiu da Somália para o Reino Unido devido à guerra civil no país.

Agora, esqueça (quase) tudo o que sabe sobre Mo Farah. O mais bem sucedido atleta britânico do atletismo na história dos Jogos Olímpicos veio a público revelar a sua verdadeira identidade. Mo Farah não é Mo Farah. O seu verdadeiro nome é Hussein Abdi Kahin e não nasceu na Somália, mas sim na Somalilândia.

“As pessoas conhecem-me como Mo Farah, mas esse não é o meu nome, essa não é a realidade. A verdadeira história é: eu nasci na Somalilândia, não na Somália. O meu nome é Hussein Abdi Kahin. Ao contrário do que eu disse no passado, os meus pais nunca viveram no Reino Unido. Quando tinha quatro anos, o meu pai morreu na guerra civil. Depois, fui separado da minha mãe e entrei ilegalmente no Reino Unido com o nome de outra criança, que se chamava Mohamed Farah”, disse o ex-atleta de 39 anos, num excerto do documentário que será exibido pela BBC na quarta-feira.

Embora pertença oficialmente à Somália, a região declarou unilateralmente a sua independência em 1991 e passou a ser um estado.

The Real Mo Farah é o nome do documentário que conta a verdadeira história de Mo Farah. “Não conseguimos bloquear estas coisas para sempre”, disse o britânico, referindo-se aos largos anos em que ocultou a sua história.

O atleta deixou África com nove anos de idade, enviado por uma mulher que diz nunca ter conhecido. Já no Reino Unido, quando chegou a casa da mulher em Londres, ela tirou-lhe o papel com a informação de contacto dos seus familiares e rasgou-o à sua frente.

Ainda enquanto criança, Farah foi forçado a trabalhar como empregado doméstico, tomando conta de outras crianças. “Durante anos fui mantido em cativeiro. Estive anos preso”, diz Farah no documentário.

“Tinha de fazer tarefas domésticas e tomar conta de crianças se quisesse ter comida na boca. Ela dizia-me, ‘Se quiseres voltar a ver a tua família, não dizes nada’. Muitas vezes fechava-me na casa de banho a chorar”, relembrou o campeão olímpico.

Mo Farah foi pela primeira vez à escola quando já tinha 12 anos de idade. Os seus antigos professores recordam uma criança “desleixada”, que mal falava inglês e que era “alienada”. Foi nas aulas de educação física em que se destacou, mais precisamente no atletismo.

“A única coisa que eu podia fazer para fugir a esta situação era correr”, remata Farah no documentário.

Farah acabaria por contar a sua história ao professor de Educação Física, Alan Watkinson, que depois a comunicou às autoridades. Os serviços sociais enviaram-no para outra família somali como resultado.

“Não fazia ideia de que há tanta gente que passa exatamente por aquilo que eu passei. Só mostra que eu tive sorte. O que realmente me salvou é que eu sabia correr”, disse ainda.

Daniel Costa, ZAP //

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