A sonda-robot Philae, enviada pela nave Rosetta, conseguiu enviar, na sexta-feira, toda a informação recolhida do cometa 67p antes de ficar sem bateria, anunciou hoje o centro de controlo em Darmstadt, na Alemanha.
“Recebemos tudo. Correu exatamente como planeámos. Tivemos até de fazer uma rotação para otimizar a recessão de luz sobre os painéis solares”, disse o cientista da missão Jean-Pierre Bibring, em entrevista à AFP, por telefone, de Darmstadt.
Os dados incluem os resultados do teste químico da amostra da superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko (67p), de gelo cósmico e poeira rica em carbono, anunciaram os cientistas.
Por falta de energia, os instrumentos e maioria dos sistemas do robot ficaram em ‘standby’, depois de três dias a trabalhar.
O robot Philae pousou, na quarta-feira, no cometa 67p, a 510 milhões de quilómetros desde a Terra, viajando a 18 quilómetros por segundo.
No início, o robot tocou no sítio alvo, mas dois dos arpões falharam a abertura, fazendo-o ressaltar, e acabou por pousar num local a cerca de um quilómetro de distância, numa zona escura de um penhasco do cometa, dificultando a acumulação de energia.
Com uma massa de cerca de 100 quilos de peso, na Terra, o robot Philae tem um peso de apenas um grama no cometa, com quatro quilómetros, pela baixa gravidade, o que significa que bastava apenas uma oscilação para que este fosse projectado para o espaço.
A falta de luz nos seus painéis solares fez com que o robot, com carga apenas para 60 horas, sobrevivesse o suficiente para prosseguir o trabalho agendado.
Contra as hipóteses, os cientistas da missão recorreram a todos os truques possíveis para economizar energia e manter Rosetta a trabalhar, sem que se desviasse.
Para não mexer muito no robot, os cientistas utilizaram um conjunto de dez instrumentos, desde que o robot pousou, para começarem a observação – fotos, medições de densidade, temperatura e estrutura interna do cometa e análise das moléculas de gás na superfície.
A parte mais arriscada da experiência, deixada para último lugar, consistiu na perfuração do cometa para análise da sua composição química.
Todos os dados foram armazenados e enviados de volta para Rosetta, quando os indicadores de energia de Philae passaram para níveis críticos.
A equipa espera ansiosamente o primeiro relatório que será feito num encontro da União Americana da Geofísica (AGU), no próximo mês, em São Francisco.
“A informação recolhida por Philae, nesta missão, vai trazer uma reviravolta na ciência dos cometas“, disse o cientista da missão Rosetta Matt Taylor.
A sonda Rosetta e o robot Philae viajaram mais de 6.000 milhões de quilómetros, percorrendo o interior do Sistema Solar antes de encontrar o cometa, em agosto do ano passado
A Rosetta vai acompanhar a órbita que o cometa 67p dá a volta do Sol, durante o próximo ano, até regressar às profundezas do Sistema Solar, em dezembro de 2015.
“Estamos convencidos de que somos capazes de manter Philae a trabalhar, desde que se aproximem os seus painéis solares o sufiente, visto que este se aproxima do sol”, acrescentou ainda Bibring.
Os engenheiros da missão não descartam a hipótese de fazer contacto com a sonda nos próximos meses, enquanto o Cometa 67p se aproxima do sol.
Planeada há mais de 20 anos, a missão Rosetta tem como objetivo estudar as origens do Sistema Solar, há 4,6 mil milhões de anos e, com elas, as origens da Terra.
A teoria que ganhou terreno em astrofísica admite que a Terra foi bombardeada por cometas, implantando no planeta os elementos básicos para darem origem à vida.
/Lusa
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