Com novos voos cancelados, caos no aeroporto de Lisboa promete durar o verão inteiro

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O caos vivido no aeroporto de Lisboa, com inúmeros voos cancelados todos os dias, não dá tréguas e promete continuar durante o verão.

Dados divulgados no site da ANA — Aeroporto de Portugal, esta terça-feira, já foram cancelados 27 voos em Lisboa, entre os quais 16 chegadas e 11 partidas. Também há quatro voos cancelados no Porto e outros dois na Madeira. A maioria destes voos cancelados pertence à TAP.

O valor real poderá ser ainda maior, já que, segundo o Jornal de Negócios, o número de voos cancelados nos últimos dias não bate certo com aquilo que é oficialmente comunicado pela ANA.

No passado domingo, por exemplo, foram cancelados 56 voos, embora a ANA apenas tenha comunicado o cancelamento de 38 voos.

Em resposta, fonte oficial da empresa explica que na lista do site “constam voos previstos há meses mas que não chegaram a ser comercializados”.

Greves, falta de pessoal e nevoeiro têm sido apontadas como as principais causas para o cancelamento dos voos. A situação não dá sinais de melhorias e o presidente do Sindicato da Carreira de Investigação e Fiscalização do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras garante que vai continuar.

“Vamos continuar a ter movimentos intensos este mês e no próximo. Não haverá qualquer abrandamento”, disse Acácio Pereira, ao Correio da Manhã.

“Há 16 terminais de passagem na área de chegadas internacionais, que dão resposta, a cada hora, a 800 passageiros no mínimo e, no máximo, 1.600 passageiros. Nós temos picos de cerca de cinco mil passageiros por hora, o que leva a muita espera e cenário de caos. A infraestrutura devia ser bem maior”, argumenta.

O caos que se vê nos aeroportos, principalmente no de Lisboa, prende-se com o elevado fluxo de passageiros resultante das viagens que ficaram por fazer durante a pandemia de covid-19.

A presidente executiva da TAP, Christine Ourmières-Widener, lamentou que o serviço prestado “não deverá melhorar nas próximas semanas, fruto do aumento regular das viagens”.

“Não me admira”, diz Marcelo Rebelo de Sousa

Interrogado sobre a situação no aeroporto de Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa respondeu que “os aeroportos estão um pouco por toda a parte um caos”.

“Há vários aeroportos europeus que estão um caos, perda de bagagem e tal. Há cancelamentos de 800 aviões nos Estados Unidos da América. Há aqui um problema complicadíssimo, de facto, no funcionamento dos aeroportos, e que se repercute depois nas ligações agora que o turismo cresce e a circulação também cresce”, referiu.

“Portanto, não me admira. Isto não serve de desculpa para não estarmos preocupados com o que possa acontecer em Portugal. Mas, infelizmente, depois da pandemia, as entidades gestoras dos aeroportos ainda não conseguiram encontrar uma recuperação, mesmo em termos de funcionamento de pessoal, para o ritmo de subida que está a existir e não era esperado, um pouco por toda a Europa e por todo o mundo”, prosseguiu.

Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que esta situação também “acontece certamente em Portugal”, e afeta as ligações ao Brasil e a outros destinos, mas reiterou que “está a acontecer um pouco por todo o mundo”.

Dados da consultora Cirium apontam para que, só na Alemanha, Reino Unido, França, Itália e Espanha, tenham sido cancelados 7.890 voos durante o mês de junho.

Deco reclama “intervenção célere”

A Deco instou esta terça-feira o Ministério das Infraestruturas e a Autoridade Nacional da Aviação Civil a intervirem para acautelar os interesses dos passageiros afetados pelos cancelamentos de voos em Lisboa, cujo direito à assistência “não está a ser aplicado”.

“Isto não é uma situação nova, uma vez que disrupções e problemas no aeroporto [de Lisboa], infelizmente, têm sido cada vez mais constantes. O que nos preocupa são as respostas que estão sempre a ser dadas aos consumidores e, sobretudo, o facto de estes terem direitos que não são aplicados e de ser necessário ter planos de contingência preparados quer pela infraestrutura aeroportuária, quer pelas próprias transportadoras, para garantir o direito à assistência”, afirmou o coordenador do departamento jurídico da Deco – Associação de Defesa do Consumidor em declarações à Lusa.

Segundo Paulo Fonseca, na sequência das “várias dezenas” de reclamações de consumidores recebidas durante o passado fim de semana, a associação enviou hoje cartas ao Ministério das Infraestruturas e Habitação e à Autoridade Nacional da Aviação Civil (ANAC) reclamando “uma intervenção célere e eficaz que acautele os interesses dos passageiros através de todos os mecanismos”.

Na carta enviada à tutela, ao ministério de Pedro Nuno Santos, a Deco destaca a “necessidade de impor quer às transportadoras, quer à infraestrutura aeroportuária, a implementação de planos de contingência em diferentes níveis, consoante o grau de afetação de passageiros e a natureza e duração da situação disruptiva”, de forma a “assegurar a assistência e demais direitos dos consumidores”.

A associação diz ter denunciado na carta dirigida à ANAC as “dúvidas” que mantém relativamente às justificaçõesou falta delas — dadas aos passageiros afetados pelos atrasos ou cancelamentos.

“Como foram apontados vários motivos para justificar o cancelamento, muitos deles que não são verdadeiras circunstâncias extraordinárias, parece-nos que o direito à indemnização está a ser evitado”, explicou Paulo Fonseca.

Governo “atento e preocupado”

O Governo disse estar “atento e preocupado” com a situação nos aeroportos, mantendo “contacto permanente” com a ANAC e a ANA, para solucionar os problemas sinalizados, segundo uma resposta à Deco, a que a Lusa teve acesso.

“O Governo está atento e preocupado com a turbulência que tem afetado os aeroportos europeus, com efeitos também nos aeroportos portugueses”, lê-se na resposta do ministério liderado por Pedro Nuno Santos.

O Executivo garantiu estar em “contacto permanente com a ANAC”, para que sejam “tomadas as diligências necessárias para serem executadas todas as medidas legais, tendo em vista a melhoria das condições oferecidas aos passageiros em momentos críticos”, lembrando que está a funcionar, desde junho, um grupo de contingência com o objetivo de identificar as medidas a serem tomadas tendo em vista a melhoria operacional, que se tem reunido regularmente.

No mesmo sentido, o Ministério das Infraestruturas disse estar também em contacto permanente com a ANA – Aeroportos de Portugal, “para sinalizar e encontrar soluções para os problemas identificados, nomeadamente no que concerne ao serviço prestado aos passageiros em espera”.

Daniel Costa, ZAP // Lusa

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3 Comments

  1. Com o argumento de greves ou doencças/ausencias e sabe-se lá que mais quem vai sofrer são os passageiros que ficam sem qualquer direito a serem compensados.
    Do que conheço só se o cancelamento/atraso do voo for da responsabilidade direta da companhia é que os passageiros tem direito a ser resarcido…
    Mas não terá havido venda de bilhetes em excesso e agora as companhias não conseguem dar resposta??? parece-me que sim mas quem sou eu…

    • “Mais de 900 pilotos baseados na Suécia, Noruega e Dinamarca entregaram um pré-aviso de greve por tempo indeterminado.”

  2. Parece-me mais um Problema para a comunicação social especializada na politica, e nos sistema dos Grupos de interesses de Portugal, que um problemas da sociedade portuguesa. Que o diga a TVI por exemplo.

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