Costa tira o tapete a Pedro Nuno Santos e anula plano do aeroporto. Ministro ou se demite ou é demitido

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Miguel A. Lopes/LUSA

António Costa e Pedro Nuno Santos em ação de campanha para as legislativas

Pedro Nuno Santos anunciou ontem um plano para a construção de um aeroporto em Alcochete, mas António Costa revogou hoje o despacho e desautorizou publicamente o seu Ministro.

Depois de ter passado vários anos a defender a construção de um novo aeroporto no Montijo que serviria de apoio a um aeroporto Humberto Delgado que já está a rebentar pelas costuras, o Governo anunciou ontem uma enorme reviravolta no seu plano — a solução agora será mesmo Alcochete.

Ou será que vai ser mesmo? Após o anúncio de ontem e as declarações de Pedro Nuno Santos de que Luís Montenegro se tinha excluído das negociações, António Costa voltou esta manhã atrás na decisão e desautorizou publicamente o seu próprio Ministro das Infraestruturas. ”

O primeiro-ministro determinou ao Ministro das Infraestruturas e da Habitação a revogação do despacho ontem publicado sobre o Plano de Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa”, lê-se no comunicado.

Costa “reafirma que a solução tem de ser negociada e consensualizada com a oposição” e volta a chamar Montenegro para o debate, dado um destaque particular, ao “principal partido da oposição” e à importância dos avisos prévios “ao senhor Presidente da República”.

“Compete ao primeiro-ministro garantir a unidade, credibilidade e colegialidade da acção governativa”, acrescenta, informando ainda que “o primeiro-ministro procederá, assim que seja possível, à audição do líder do PSD que iniciará funções este fim-de-semana, para definir o procedimento adequado a uma decisão nacional, política, técnica, ambiental e economicamente sustentada”, conclui.

A SIC refere inclusivamente que uma fonte do Governo afirmou que Costa inclusivamente não sabia do despacho emitido pela Secretaria de Estado do Ministério de Pedro Nuno Santos.

Já o Público avança mesmo que se o Ministro não se demitir, será o próprio primeiro-ministro a afastá-lo do Governo e o mesmo jornal adianta que Pedro Nuno Santos já terá comunicado a Costa que não vai sair pelo próprio pé. O Expresso realça que para já, o primeiro-ministro mantém o ministro das Infraestruturas em funções e deixa nas mãos de Pedro Nuno Santos a decisão.

Com esta desautorização pública do primeiro-ministro, ficam expostas várias rachas dentro do Governo e o Ministro das Infraestruturas — que é constantemente apontado como um possível sucessor a António Costa à frente do PS — fica numa posição muito fragilizada.

Na conferência de imprensa em Madrid, onde está por causa da cimeira da NATO, António Costa recusou várias vezes comentar a revogação do despacho e relembra que “os temas de política nacional devem ser tratados em Portugal” e que “não há regras sem excepção, mas desta vez não há excepção à regra”.

O primeiro-ministro também não esclareceu se sabia ou não que o gabinete de Pedro Nuno Santos ia emitir o despacho ou se ia demitir o Ministro. “Se for necessário dou mais explicações em Lisboa”, rematou Costa.

Já há muito que se especula sobre um clima de tensão entre Costa e Pedro Nuno Santos, principalmente na questão do plano de reestruturação da TAP. Na altura, falou-se mesmo numa “rasteira política” que o primeiro-ministro terá pregado ao Ministro das Infraestruturas por alegadamente saber da sua intenção de levar o plano de reestruturação da TAP ao Parlamento e não ter feito nada para travar a ideia antes de a contradizer publicamente.

O comentador Luís Marques Mendes disse mesmo que o líder do PS aceita qualquer sucessor menos o Ministro das Infraestruturas.

“Foi Fernando Medina primeiro, depois Ana Catarina Mendes, a seguir Mariana Vieira da Silva e este fim de semana o primeiro-ministro lançou o nome de Marta Temido. A verdade é que, goste-se ou não de Pedro Nuno Santos, tudo isto, visto de fora, em termos analíticos, parece uma coligação negativa contra o Ministro. Fica a ideia de António Costa anda à procura de um adversário. António Costa quer encontrar um sucessor que seja qualquer um menos Pedro Nuno Santos”, considerou.

Quando foi anunciado o elenco do novo Governo, a falta de destaque para Pedro Nuno também foi vista como uma farpa de Costa, que preferiu dar mais protagonismo a Mariana Vieira da Silva — que passou a número dois do executivo — e a Fernando Medina, que assumiu a importante pasta das Finanças.

Entretanto, os partidos foram reagindo à crise no Governo. Pedro Filipe Soares, líder parlamentar do Bloco de Esquerda, considera que “acrescenta-se a uma decisão errada, um caos político incompreensível” e descreve a maioria absoluta como”um pântano político”, mas não pediu a demissão do Ministro. Já Inês Sousa Real, do PAN, também não pediu o afastamento de Pedro Nuno Santos, mas considera o caso “uma grande trapalhada”.

À direita, Rui Rio é mais duro e afirma que “o Ministro não tem condições para estar no Governo” e que “se continua em funções, é uma confusão geral”. O líder parlamentar do Chega, Pedro Pinto, acredita que a polémica “demonstra que o Governo não está coeso” e que Pedro Nuno Santos “não tem condições para continuar”.

Montenegro “pôs-se de fora” da decisão

Uma fonte próxima do líder eleito do PSD, Luís Montenegro, revelou que este “não foi informado de nada” sobre os planos do Governo — isto depois de António Costa ter dito no Parlamento na semana passada que estava à espera da opinião do novo Presidente do maior partido da oposição sobre o aeroporto, afirmando que é preciso “consenso nacional suficiente” na escolha.

“Eu aguardo serenamente que a nova liderança do PSD diga qual é a sua posição: se é a posição de exigir a avaliação ambiental estratégica, se é a de retomar a decisão do Governo do doutor Pedro Passos Coelho, se é uma outra nova decisão de forma a que haja o consenso nacional suficiente”, respondeu António Costa à bancada comunista, no debate.

A confirmação de que Montenegro não foi ouvido chegou da boca de Pedro Nuno Santos durante uma entrevista à RTP. O Ministro das Infraestruturas e Habitação afirmou que o pedido de Costa foi recebido com uma “declaração muito desagradável” do próximo líder social-democrata.

“Foram declarações de alguém que se quis pôr de fora. E temos de decidir. Andamos há anos demais a decidir. Já chega. O país está sistematicamente a decidir localização de aeroporto. Não havia nenhuma decisão que não fosse alvo de críticas, por isso vamos avançar”, disse.

Ricardo Castelo / Lusa

Luís Montenegro, líder eleito do PSD

Pedro Nuno Santos falou ainda sobre o facto de Marcelo Rebelo de Sousa também não ter sido informado. “Aquilo que eu soube agora, é que há um despacho do senhor Secretário de Estado do pelouro sobre a matéria e, portanto, não estou em condições de estar a comentar o despacho”, revelou o Presidente da República.

O Ministro começou por dizer que a “relação com o Presidente da República é óptima” e que foi sempre tendo conversas com Marcelo, mas esclarece que não o informa “de todas as decisões” que o Ministério das Infraestruturas toma. Sobre a solução em si, Pedro Nuno Santos acredita que esta é a melhor possível, apesar de inicialmente não ter sido adepto da ideia.

“Montijo dá uma solução rápida. Alcochete tem muito espaço para crescer, mas tem um problema, demora muitos anos. Não podemos continuar mais anos a perder milhares de milhões de euros de receitas, num país que é pobre. Precisamos conjugar uma solução de curto prazo com uma solução estrutural”, defendeu.

Já em declarações à SIC Notícias, o Ministro lembrou que “não há soluções em matéria de aeroportos sem espinhas”. “Todas elas têm vantagens e desvantagens. Só que nós já andamos há 50 anos, temos mais 17 localizações estudadas nos arquivos no Ministério das Infraestruturas”, lembra. Relativamente aos custos do plano e quem os vai pagar, o responsável garante que “será a ANA e não o Estado”.

O conteúdo do plano que foi revogado

Polémicas políticas e divisões no Governo à parte, qual é o conteúdo do plano? O despacho em questão previa que as obras em Alcochete estariam prontas em 2035 e que novo aeroporto devia ter no máximo quatro pistas, havendo um eventual desmantelamento total do aeroporto Humberto Delgado.

Apesar de a obra principal ser em Alcochete, o executivo queria na mesma avançar com a construção de um “aeroporto complementar” no Montijo que daria um reforço temporário à capacidade aeroportuária da capital e receberia apenas voos de companhias low-cost. O arranque desta obra depende do resultado da avaliação ambiental estratégica, mas poderia começar já 2023 e ficar concluída em 2026.

Já o aeroporto Humberto Delgado — anteriormente chamado aeroporto da Portela — iria também ser alvo de algumas obras para a melhoria do layout e da circulação dos aviões, apesar de não haver um aumento da capacidade. As renovações devem custar 300 milhões de euros e o Pedro Nuno queria que a concessionária privada Aeroportos de Portugal (ANA) avançasse no imediato com o investimento.

No despacho assinado pelo Secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Santos Mendes, o Governo justifica a mudança de posição por considerar que esta é a “solução estrutural que oferece melhores perspectivas de crescimento futuro” e por não obrigar à escolha entre o Montijo ou a Portela, escolha essa que “não é a forma mais adequada de perspetivar a solução para este problema”, tendo antes “o Governo optado por uma decisão que compatibiliza os dois horizontes”.

Por trás da mudança estaria também a decisão política de não deixar a avaliação ambiental estratégica nas mãos de um consórcio com uma empresa espanhola que está ligada ao operador aeroportuário de Madrid — concorrente directo de Lisboa. O Ministério das Infraestruturas acredita que este conflito de interesses iria influenciar o resultado da proposta que fosse apresentada.

Para além disto, há também razões ambientais, já que a base militar do Montijo não poderia dar origem a um aeroporto suficientemente grande para se poder desmantelar a Portela definitivamente, nota o Observador. No Montijo, é apenas possível construir-se uma pista para os aviões mais pequenos usados pelas companhias low-cost, já que a construção de uma pista maior afectaria o ecossistema delicado e a avifauna do rio Tejo e dificilmente receberia a luz verde da avaliação ao impacto ambiental.

Relativamente aos custos da nova solução, ainda não foram divulgadas estimativas oficiais. Quando a solução de Alcochete foi falada pela primeira vez, em 2008, o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) apontou para uma factura perto dos cinco mil milhões de euros, mas é provável que os valores tenham de ser revistos.

Outra questão em aberto é se o novo aeroporto em Alcochete vai exigir a construção de uma nova ponte sobre o Tejo que ligue Chelas ao Barreiro. A expectativa do Governo é que seja a ANA a assegurar uma grande fatia dos custos, tal como estava previsto no projecto no Montijo. No entanto, com a mudança de planos, as negociações sobre o pagamento e sobre os moldes da concessão voltaram agora à estaca zero.

Mudança da lei em cima da mesa

Outra das questões que já estava em cima da mesa quando o Governo defendia o Montijo e que se deveria manter agora com Alcochete é a oposição dos municípios da zona. A lei actual exigir um parecer favorável das Câmara Municipais de todos os concelhos que são afectados com obras desta natureza e Governo admitiu vir a mudar a legislação para passar por cima deste obstáculo.

“O Governo avançará em breve com a alteração na Assembleia da República do Decreto-Lei n.º 186/2007, de 10 de maio, alterado pelo Decreto-Lei n.º 55/2010, de 31 de maio, para corrigir o seu reconhecido desajustamento e, inter alia, permitir que a construção do aeroporto complementar do Montijo possa avançar com a brevidade possível”, lê-se no despacho.

O autarca de Alcochete reagiu ontem ao anúncio do Governo. Fernando Pinto, do PS, considera que a escolha foi acertada e lembra que a Câmara Municipal sempre foi adepta da construção do aeroporto.

“Parece acertada esta decisão de se olhar para Alcochete e de se olhar pelo ponto de vista da construção de uma cidade aeroportuária, que é aquilo que este executivo sempre defendeu”, disse em declarações à agência Lusa, sublinhando que a autarquia é uma defensora “acérrima” da segurança e bem-estar dos residentes e da preservação dos recursos naturais do estuário do Tejo.

“Ilegal” e “inaceitável”

Várias das principais organizações portuguesas de defesa do ambiente divulgaram um comunicado conjunto em que consideram o anúncio dos aeroportos no Montijo e Alcochete “ilegal e inaceitável”.

O texto é subscrito pelas organizações Almargem, Associação Natureza Portugal / WWF, A ROCHA, FAPAS, GEOTA, Liga para a Proteção da Natureza, Quercus, Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves e ZERO.

Por junto, as associações contestam “uma decisão precipitada, sem o suporte de uma verdadeira avaliação ambiental estratégica (AAE) devidamente enquadrada num Plano Aeroportuário Nacional”.

As associações comentam em detalhe as hipóteses Montijo e Alcochete. Sobre a primeira, depois de recordarem que tinham pedido a nulidade da Declaração de Impacto Ambiental relativamente ao aeroporto complementar do Montijo criticam a intenção, “tornada pública e não desmentida”, do Ministério das Infraestruturas de “desistir do presente processo de Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) à localização do novo aeroporto de Lisboa”.

Sobre Alcochete, as organizações consideram “incompreensível” que o Governo faça “ao mesmo tempo” este anúncio e o de uma nova AAE à nova localização do aeroporto. Assim, “ou o governo está a tentar condicionar à partida o processo, ou tenta contornar a legislação relativa à AAE que poderia sustentar essa decisão”.

É ainda apontada a “falta de bom senso do Governo” e o “péssimo exemplo dado por Portugal”, ao anunciar a construção de dois aeroportos durante a Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. “Uma conferência onde o secretário-geral da ONU e os Governos vieram prometer mais sustentabilidade ambiental”, realçam.

Governo anda “em ziguezagues”

Do lado dos partidos, a desaprovação da conduta do Governo foi consensual. O ainda líder do PSD, Rui Rio, criticou o executivo por andar “em ziguezagues” e disse não entender que o primeiro-ministro aguardasse pela posição de Montenegro, já que “a responsabilidade é do Governo, não do líder da oposição”.

O Chega sublinha que “havia um consenso” parlamentar sobre o “processo de avaliação ambiental em curso” e acusa o Governo de desrespeitar os deputados. “É um desrespeito muito grande ao Parlamento que o Governo unilateralmente decida quebrar uma avaliação ambiental”, afirmou André Ventura.

O líder do Chega acusou também Pedro Nuno Santos de se contradizer. “O Governo propõe na verdade dois aeroportos, um no Montijo primeiro e um em Alcochete depois, que era precisamente o que Pedro Nuno Santos tinha dito que não fazia sentido nenhum”, atira.

Já João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, não gostou de ver a decisão “lançada para a praça pública” sem haver “suficiente informação” e estranha que o anúncio “venha na consequência do cancelamento da adjudicação do estudo de impacto ambiental”. O partido quer ouvir o Ministro no Parlamento.

À esquerda, o PCP também quer uma audição a Pedro Nuno Santos. “A confirmarem-se as notícias de que o Governo avançará com a construção do aeroporto no Montijo e posteriormente em Alcochete, gostaríamos de dizer, desde já, que não é credível e não é aquela que é a resposta necessária para o país”, consideram os comunistas, que defendem a transição faseada para Alcochete.

O Bloco de Esquerda acusa o Governo de estar “a brincar” com o país. “São muitas questões de notícias incompreensíveis que, a confirmarem-se, só nos levam a suspeitar de que o Governo está – e passo a expressão – a brincar com o país, a brincar com o parlamento com os compromissos que assumiu e a brincar com o clima”, criticou a deputada Joana Mortágua.

No PAN, Inês Sousa Real descreve que a nova solução aeroportuária como “manifestamente inusitada e precipitada” e defende que a decisão deveria ser tomada “só após” a avaliação ambiental estratégica.

“Este é um claro exemplo daquele que era o receio em relação ao chamado rolo compressor da maioria absoluta, que claramente abriu aqui o caminho para uma opção que tem sido fortemente contestada pelas organizações não-governamentais do ambiente, pelos próprios órgãos reguladores, pelos municípios afetados e também pelos partidos da oposição”, acusou a deputada.

Já Rui Tavares, deputado do Livre, acredita que a proposta revela “uma certa desorientação” e que “é um voltar atrás em algumas garantias que tinham sido dadas da fidedignidade do processo”. O partido defende que deve ser feita “uma avaliação ambiental estratégica, sem localizações definidas, para fazer o que deveria ter sido feito em meio século de debate” e “que pode ser feito até 2023”.

Adriana Peixoto, ZAP //

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37 Comments

  1. Não vejo qual é o problema com a escolha de Alcochete, parece-me ser a mais acertada. Mas vá-se lá saber o que vai na cabeça desta gente. Alguém já deve estar com um pé cá e outro lá, apesar de o PR inicialmente ter afirmado que tal não iria acontecer.

    • Com estes pulhíticos, tudo se pode esperar !
      Primeiro era a OTA e o “Jamais ” do outro artista !
      Depois foi o interesse da ANA em gastar migalhas no Montijo, para nada, porque nada resolve
      Este artista ministro pelo menos procurou decidir o que é melhor, Alcochete.
      Escusam de gastar dinheiro com Montijo e outras merdices. Aumentem o tráfego em Faro, Porto e Beja, sobretudo Beja e deixem-se de tretas, ainda por cima de tesos.

      Penso eu de que …

      • E construir um Aeroporto noutro lado que Lisboa, Porto ou Faro??? é que o pessoal do Interior também é Português!!! Ou nós só servimos para pagar impostos!!! um aeroporto por exemplo em Viseu ou em Coimbra que é uma zona bem central para o pessoal do interior? mas não, toca a fazer mais um aeroporto em Lisboa… triste pais o nosso…

  2. O cantor António Mourão, teve a feliz época de cantar ” ò tempo volta para traz”; e é mesmo assim, quando se quer agradar a gregos e a troianos…. mais uma derrapagem…e QUEM PAGA??? o zé povinho.
    Portugal continua na cauda da europa e deve assim continuar….. :-((( pena é daqueles que durante 40 ou mais anos a trabalhar e que servem de base de sustentação, alguns com elevado know-How, que trabalham, trabalham, trabalham, e são-lhes descontados todos os meses 1/3 do magro vencimento, com o custo de vida cada vez mais dificil.

    • Que se faça o aeroporto algures entre Coimbra e Leiria.
      Fica a meia-distância de Lisboa e do Porto, praticamente como Beja, se não mais perto, e assim elimina-se a Portela e Pedras Rubras. Basta um grande aeroporto para servir as duas cidades e certamente é muito mais perto das zonas industriais do centro do País. Até já temos a linha de alta velocidade!

      • Sabe o que nos diferencia nessa opinião ?
        Eu raciocino para utilizar melhor os poucos recursos que o País tem; no seu caso, não só defende gastar o que não se tem como atirar para o boneco o que já foi gasto, Beja, Porto.
        Se estivessemos no inicio, e já não existissem infra-estruturas, seria racional, mas a realidade só consegue ser alterada nos filmes ou na comunicação social, não no terreno.
        Saudações

  3. Para variar lá anda a comunicação social a querer governar o país!
    Ao menos façam o vosso trabalho com o minimo de decência!

  4. Vão desculpar-me, mas…
    1 – O Governo serve e é eleito para governar. Governar implicar tomar, assumir e defender decisões difíceis e que custam votos.
    2 – Há anos que em Portugal, e não só, mas o que interessa é Portugal, faltam governantes dignos de tal epíteto, e estadistas. As provas são abundantes. O TGV e o aeroporto apenas dois sintomas dessa triste realidade.
    3 – Pedro Nuno Santos ousou quebrar o movimento perpétuo do estudo e avançar com soluções e decisões.
    4 – Claro que para o dr. Costa isto é um absurdo. A eleições ganham-se nada se decidindo e falando e aparecendo o menos possível. Veja-se a eleição de Bolsonaro. Se o tivessem ouvido, duvido que os brasileiros nele tivessem votado em massa como o fizeram.
    5 – Não é, ademais, a primeira vez que o dr. Costa tenta prejudicar o seu Ministro Pedro Nuno Santos. Isto é mais umajogada de bastidores, um medir de forças entre ambos do que o resto.
    6 – Como é evidente, hoje, será Nuno Santos a perder a batalha. Mas, a vitória na guerra, se a quiser travar, será sua, que é o mesmo que dizer, Costa, ganhará agora, no curto prazo. No longo prazo, será o futuro ex-Ministro a assumir o cargo de Secretário-Geral do PS e por conseguinte será ele o candidato à sucessão de Costa.
    7 – A menos, claro que, muito mude, o que não é difícil. Se hoje a única coisa imutável é a mudança, depois de 24 de Fevereiro, os planos têm de ser feitos a curto e não a longo prazo. Veremos!
    8 – Em todo o caso, o que resulta evidente desta situação é: a) as maiorias absolutas de um só partido são isto. Até parece que já nos tínhamos esquecido, e os portugueses não aprendem; b) um governo que ainda agora começou e que tem uma maioria absoluta a respaldá-lo, parece exibir um desgaste de muitos anos. É o fim de ciclo que se aproxima…

    • Um subordinado aproveita a estadia do chefe do governo no estrangeiro e à revelia descarada toma uma decisão oficial de enorme vulto que implica o país e o regime.
      O chefe, ao tomar conhecimento desta tamanha decisão, ainda no estrangeiro, “rasga-a” imediatamente, e, logo de seguida, ao regressar ao país, reúne-se com o subordinado e com ele procura uma estratégia em que ambos se limpem deste episódio degradante de governação de um país. O que esta cena ridícula demonstra?
      Que o chefe é frágil e covarde, porque não teve coragem para demitir o subordinado, que o governo está descoordenado e com falta de voz de comando e sem coesão. Significa que dentro do governo há fações políticas antagónicas e traiçoeiras, que começam a vislumbrar–se e a preocupar os portugueses. Este é um episódio digno de dó e um passo obsceno dos mais incríveis da democracia portuguesa. É um buraco enorme no governo e uma rutura que pode levar a um novo e próximo abismo.

    • Peço muita desculpa,e respeito a sua opinião, mas não concordo nada com ela.
      Quando fala em TGV é para quê ?

      Imagine que tem que ir de Coimbra a Lisboa e são 4 pessoas na família; sabe que é mais barato ir de carro do que nos actuais comboios ? para não falar na flexibilidade, tanto na partida como na chegada e no transporte de malas ou outros objectos, além do transporte no destino

      E então no TGV quem é que viajaria, com os preços que inevitavelmente teria ? Os das novidades e depois os que não pagam bilhetes, deputados, governantes, se calhar juízes e outros que tais.

      Sinceramente. Num país de tesos querer armar em rico dá no que se vê.

      O problema do aeroporto é o da teia de interesses à volta. Lembra-se da OTA e do JAMAIS ? Ou do Montijo que é enterrar dinheiro por meia dúzia de anos ?

      Mesmo sem grandes leituras de estudos qualquer bom senso aponta para que Alcochete seja a menos má decisão, partindo do princípio que o aeroporto tem que estar localizado na vizinhança próxima de Lisboa.

      Caso contrário, era aumentar a dimensão dos que já existem, sobretudo BEJA e apostar em ligações rápidas ferroviárias, passageiros e mercadorias e se calhar desenvolvia melhor, era melhor para o País e ainda por cima fica mais barato.

      Penso eu de que …

      • Caro Humberto, começo por felicitá-lo. Normalmente, nestes espaços, quando não se concorda, insulta-se! O seu registo é diferente. Parabéns!

        Quanto às suas observações:
        1 – Atentemos nos exemplos de França e Japão. E, mais recentemente, da China. Recuemos também um século e meio e vejamos o caso dos EUA. O comboio é uma força motriz das nações. É uma espécie de sistema circulatório dos países. Quanto mais rápido e eficaz for, melhor será a mobilidade dos cidadãos e, consequentemente, vários outros indicadores sociais e económicos.
        2 – Quanto ao TGV, estou à vontade para falar. Estudei exaustivamente (mais de uma ano) este tema no meu projecto de final de curso e, embora já com alguns anos, os problemas mantêm-se actuais. Em Portugal começámos a estudar a Alta Velocidade ferroviária em 1987. Os Espanhóis começaram em 1989 e em 1992,por ocasião da Expo de Sevilha tinham já uma linha a funcionar… Nós, volvidos 35 anos, continuamos a estudar o assunto… O caso espanhol tem uma situação interessante. A meio do trajecto Madrid Sevilha foi feita uma estação numa “aldeia” de 10 mil habitantes (em 1990). Chama-se Ciudad Real e dista cerca de 190km de Madrid. Esse trajecto fazia-se, em 2002,em cerca de 50 minutos. A Renfe (AVE) instituiu um passe mensal por cerca de 190 euros. Em 2002 a população de Ciudad Real e arredores tinha crescido cerca de 10 vezes.
        3 – Erradamente temos a tendência para pensar que o TGV é um super-comboio. Na verdade, é-o, mas apenas parcialmente. O que verdadeiramente importa é a linha. E nesse projecto, o que interessava era justamente isso. Quando em 1994 perguntaram ao ministro Ferreira do Amaral, o que queria fazer, se uma segunda auto-estrada Lisboa-Porto, ou uma linha ferroviária nova, em bitola europeia e preparada para Alta Velocidade, a opção recaiu sobre a primeira hipótese. Remodelar a linha do Norte custava 75 milhões de euros e demoraria 2 anos… Em 2003, tive oportunidade de entrevistar, entre outros, com o ex-Ministro João Cravinho. Na altura (dados da própria CP) a remodelação levava apenas 1/3 e o custo já ia em 1500 milhões de euros (i.e., 20 vezes o preço previsto para toda a obra). Não sei se sabe, mas as obras de modernização da linha do norte ainda não estão concluídas. Falta, por exemplo, a variante ferroviária a Santarém e todo o troço Santarém-Entroncamento… Passaram 30 anos e o custo da obra já superou em meia dúzia de vezes o custo de uma linha nova, em bitola europeia, Lisboa-Porto e Lisboa-Elvas, em pelo menos 3 vezes.
        4 – Não sei se tem ideia mas, em Agosto de 2002,havia 18 voos diários entre Lisboa e Madrid e mais cerca de uma dezena Lisboa-Porto. Ambos os trajectos poderiam ser feitos por comboio ao invés de avião. O TGV visa, em primeiro lugar concorrer com o avião; também o o automóvel, é certo, mas principalmente com o avião. Talvez a Portela durasse mais, se estas distâncias médias fossem feitas de comboio e não de avião.
        5 – Em 2002, o AVE Madrid-Sevilha estava pago e dava lucro. Estudos do início da década de 1990, indicavam que a linha Lisboa-Madrid, estaria paga em apenas 10 anos; e, mesmo Lisboa-Porto, seria rentável em menos de uma década. Não é por acaso, não sei se o sabe também, que a CP Longo Curso é a única que dá, consistentemente, lucro. Nem a Regional, nem a CP Suburbana (ou lá como se chama agora)…

        Em suma: não se ter feito o TGV, que a União Europeia financiava a 90%, foi um erro crasso que nos vai custar muitas décadas de subdesenvolvimento e mobilidade espartilhada. Um erro assim, só a opção pela bitola de via larga no século XIX. Neste caso, estou muito à vontade para argumentar, porque conheço esta realidade muito melhor do que a maioria esmagadora dos portugueses.

        Diferente é o meu conhecimento sobre a questão do aeroporto. No entanto, e ainda assim:
        1 – Claro que conheço a teia, gigantesca, de interesses à volta do aeroporto. Sabe quem se fartou de comprar terrenos na zona da Ota? Eu sei, mas não vou escrevê-lo…
        2 – Por muito que não gostemos de ouvi-lo, a Portela, está esgotada. Já o estava há 20 anos, e as sucessivas obras têm visado apenas remendar o problema até que haja uma solução.
        3 – A Ota apresenta inúmeros problemas. Movimentação de terras, preço dos terrenos, nevoeiros e ventos, impacto ambiental.
        4 – Montijo, além dos problemas ambientais, tem o mais importante de, com a subida do nível do mar, ficar parcialmente submerso em poucos anos.
        5 – Alcochete tem as vantagens de os terrenos já serem públicos, ter área para crescer. Os principais problemas, em boa parte comuns ao Montijo, é a localização no “deserto” do “Jamé”, i.e., terem de construir-se acessibilidades e, por outro, a proximidade ao estuário do Tejo. A isto acresce o custo mais elevado, mesmo considerando que pode ser diferido no tempo.
        6 – Neste caso, parece-me que, apesar de tudo, a melhor localização será Alcochete. Mas é um assunto que conheço pouco. Certo, é que é necessário resolver o problema do estrangulamento de Lisboa. Podiam, por exemplo, aproveitar a pista das ex-OGMA e fazer um aeroporto complementar para as low-cost em Alverca, aproveitando o facto de até já existir a linha do norte ao lado. No entanto, a discussão do novo aeroporto de Lisboa começou ainda no Estado Novo. Quando o país era pensado a longo prazo e as coisas se projectavam no interesse do país, apesar do regime não democrático. Há 50 anos que andamos nesta conversa e a estudar. Não era já tempo de passarmos à acção? Veja-se quantos aeroportos foram construídos e desactivoados em 50 anos. E nós continuamos a estudar. Esse era o meu ponto. Num e noutro caso, TGV e aeroporto, já seria tempo de assumirmos decisões.
        Respeitosos cumprimentos,

  5. Afinal o ministro Pedro Nuno Santos continua no Governo!
    O demitido é o primeiro ministro António Costa, que já está a ser substituído por Mariana Vieira da Silva!?

    • Nem tem vergonha este ministro revolucionário e comunista, nem o primeiro ministro. Encobrem-se um ao outro.
      Não são dignos de estar à frente dos destinos dos portugueses. O senhor Presidente da República que não fale entre dentes e diga alguma coisa aos portugueses sobre este escândalo inadmissível. Este governo está a dar sinais rápidos de completa degradação e o país a caminhar para a penúria.

  6. Ontem os “foguetes” com a decisão sobre o aeroporto de Lisboa, hoje o recuo e, afinal, está tudo bem e continua tudo mesma e ainda amigos como dantes. É tudo uma “canalhada”…

  7. A Mariana percebe lá alguma coisa de aeroportos! Ela faz o que o sr. 1º entender e foi para isso que ele a escolheu para sua adjunta, preterindo Pedro Nuno! Mas o que estará um aeroporto como o de Beja a fazer degradando-se, dia a dia, sem se responsabilizar quem decidiu da sua utilidade, quando podia e deveria ser aproveitado para ajudar a resolver este imbróglio?!! Quem pagou aquele elefante branco e quem é que continua a pagar a sua manutenção, se é que ela existe? O erário público pois claro! Alimentou este elefante e continuará a alimentar outros que forem nascendo na cabeça dos nossos “iluminados” políticos!!!

  8. Tanto o ministro como o Costa são uma vergonha! São ambos o eco das cadeias de corrupção que estão por de trás das soluções de Alcochete e do Montijo, consoante as áreas estratégias dos terrenos com que tencionam especular.

  9. Um sem espinha não se demite, o outro sem espinha não o demite. Mas o povo gosta e vota neles, Portugal é lindo.

  10. Vivemos num país de merda. Somos governados por incompetentes ou ladrões… ou ambos. E no final alguns destes ainda são surpreendidos com uma maioria absoluta feita com os votos de apenas 20% do total de eleitores. Eleitores estes que na sua maioria informam-se no Facebook e para quem é certo que foi o Bush que espetou com dois aviões nas torres gémeas e que o COVID foi uma forma de os poderosos aprisionarem as populações em casa. E não esquecer… a Terra é plana. A democracia não é perfeita, mas também não pode ser isto. Isto não é nada.

  11. O Pedro Nuno Santos é um louco. Um louco no governo. Depois das declarações que publicaram que algures no tempo ele tinha dito, ele só pode ser louco.

  12. Deviam melhorar os acessos a Beja. afinal alguns turistas que chegaram ao aeroporto de Lisboa, naquela confusão, disseram que da próxima vez que viessem a Portugal, iriam aterrar no aeroporto de Madrid . Se para os turistas, Madrid não é longe de Lisboa, então Beja também não deve ser longe de Lisboa.

    • Já agora, que se faça o aeroporto algures entre Coimbra e Leiria.
      Fica a meia-distância de Lisboa e do Porto, praticamente como Beja, se não mais perto, e assim elimina-se a Portela e Pedras Rubras. Basta um grande aeroporto para servir as duas cidades e certamente é muito mais perto das zonas industriais do centro do País. Até já temos a linha de alta velocidade!

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