Já sabemos a resposta para dois enigmas antigos sobre a última Idade do Gelo

Shuai Yan / UT Jackson School of Geosciences

A pesquisa sugere que os mantos de gelo na Escandinávia terão sido causada pela formação de gelo marinho no norte do Canadá, que terá desviado a água mais fria do Ártico para a costa da Gronelândia.

Um novo estudo publicado na Nature Geoscience pode ter finalmente resolvido dois mistérios climáticos que há muito intrigam os especialistas: de onde vieram os mantos de gelo que causaram a última Idade do Gelo há mais de 100 mil anos e como é que cresceram tão rapidamente?

A pesquisa sugere uma explicação para esta expansão rápida que pode também ser aplicada a outros períodos glaciares. Apesar de ser geralmente aceite que a oscilação periódica da órbita da Terra em torno do Sol causou a quebra das temperaturas no verão no hemisfério norte que desencadeou a Idade do Gelo, ainda há questões sobre como surgiram os grandes mantos de gelo que cobriam a Escandinávia e o norte da Europa.

A Escandinávia supostamente deveria não ter ficado coberta de gelo devido à corrente do Atlântico Norte, que leva água quente até à costa do noroeste da Europa — mas, contra as previsões, esses mantos de gelo acabaram mesmo por surgir, nota o Futurity.

Em busca de respostas, a equipa desenvolveu um modelo extremamente complexo dos sistemas da Terra que permitiu que fosse feita uma simulação realista das condições que existiram no início da Idade do Gelo mais recente.

Os investigadores identificaram as entradas do oceano no Arquipélago do Ártico Canadiano como um pivô crítico no controlo do clima do Atlântico Norte e na formação dos mantos do gelo na Escandinávia.

As simulações revelaram que enquanto a entrada do oceano ficar aberta, a configuração orbital da Terra arrefecia suficientemente o hemisfério Norte para permitir a formação de mantos de gelo no norte do Canadá e na Sibéria, mas não na Escandinávia.

Numa segunda experiência, os cientistas simularam um cenário que nunca tinha sido explorado onde os mantos de gelo marinhos obstruíram a entrada da água do oceano. Neste caso, a água mais fria do Ártico e do Pacífico norte foi redirecionada para leste da Gronelândia. Esta mudança no trajeto levou a um arrefecimento da água que circula no Atlântico Norte e explica a formação do gelo na Escandinávia.

Juntas, as simulações sugere que a formação de gelo marinho no norte do Canadá pode ser aquilo que desencadeou o crescimento dos glaciares na Escandinávia. Os autores acreditam ainda que esta teoria podem ser aplicada noutros contextos e ajudar a explicar outros fenómenos climáticos, como o Dryas recente.

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