Sérgio Roberto de Carvalho, o ex-major da Polícia Militar (PM) brasileira que é considerado um dos maiores traficantes de droga do mundo, foi detido na Hungria com a colaboração da Polícia Judiciária (PJ) portuguesa. O Escobar brasileiro, como é conhecido, estava em fuga desde 2018.
O ex-major da PM foi “detido por agentes de Portugal e usava um passaporte mexicano“, segundo refere a brasileira Record TV.
O Correio da Manhã (CM) refere que o ex-major “estava num hotel no centro de Budapeste quando foi interceptado numa operação para a qual a PJ colaborou“.
Encontra-se, agora, detido em Budapeste e responde em quatro pedidos de extradição movidos pelas justiças brasileira, norte-americana e espanhola, onde é suspeito de tráfico de droga, e belga, onde lhe atribuem dois homicídios.
Portugal apreendeu, em Novembro de 2020, 12 milhões de euros em notas numa garagem, na chamada Operação Camaleão, que seriam do barão de droga, mas não tinha qualquer mandado de detenção no seu nome.
As autoridades portuguesas também suspeitam que o ex-militar de 64 anos é o dono dos mais de 500 quilos de cocaína apanhados no jacto privado onde estava João Loureiro, ex-presidente do Boavista.
O Brasil deverá ter primazia na extradição por ser o país de origem de Carvalho.
Longo historial com fugas espectaculares e plásticas
Suspeito do envio de mais de 50 toneladas de droga de portos brasileiros para vários países do mundo, incluindo Portugal, Carvalho tem um longo currículo neste âmbito, o que lhe vale a alcunha de “Escobar brasileiro” numa referência ao famoso traficante colombiano.
Em 1998, foi condenado a mais de 15 anos de prisão pelo tráfico de cerca de 230 quilos de cocaína no Brasil. Mas já tinha estado envolvido em vários casos de contrabando, desde pneus a whisky.
Em 2010, a justiça brasileira suspendeu o pagamento da reforma a que tinha direito enquanto ex-militar. Mas o Major recorreu da sentença e, em 2016, conseguiu reaver o dinheiro, cerca de 9,5 mil reais mensais (mais de 1700 reais), segundo avança a imprensa brasileira.
Em 2018, acabou demitido da PM do Mato Grosso do Sul e foi quando entrou também para a lista da Interpol. Por essa altura, já ele teria em andamento uma operação logística para traficar droga a nível internacional, nomeadamente para Europa, África e Ásia.
No meio deste percurso, Carvalho protagonizou várias fugas espectaculares, incluindo cirurgias plásticas e identidades forjadas.
Chegou a viver em Portugal como Paul Wouter, um suposto empresário do Suriname, mantendo uma vida de luxo, com deslocações pela Europa de jacto particular.
Em Agosto de 2020, “matou” essa identidade, comunicando às autoridades espanholas que tinha falecido devido à covid-19 para fugir de uma condenação por tráfico de droga na Galiza.
Mais um filme para o cinema…