Isolamento social altera a estrutura do cérebro. Quanto mais isolado, menos matéria cinzenta

De acordo com a hipótese do cérebro social, o cérebro humano evoluiu especificamente para apoiar interações sociais.

Os estudos têm demonstrado que pertencer a um grupo, por exemplo, pode permitir um maior bem-estar e a uma maior satisfação com a vida.

No entanto, muitas pessoas estão sozinhas ou socialmente isoladas. E se o cérebro humano realmente evoluiu para a interação social, devemos esperar que isto as afete significativamente, segundo a Science Alert.

Um novo estudo, publicado a 8 de junho na Neurology, mostra que o isolamento social está ligado a mudanças na estrutura e cognição do cérebro — o processo mental de aquisição de conhecimento — e comporta mesmo um risco acrescido de demência em adultos mais velhos.

Já existem várias provas que apoiam a hipótese do cérebro social. O estudo mapeou as regiões cerebrais associadas à interação social em cerca de 7.000 pessoas.

Os investigadores mostraram que as regiões do cérebro envolvidas em diversas interações sociais estão fortemente ligadas a redes que suportam a cognição, incluindo a rede de modo padrão (ativa quando não nos concentramos no mundo exterior), a rede de saliências (ajuda-nos a selecionar aquilo a que prestamos atenção), a rede subcortical (envolvida na memória, emoção e motivação) e a rede executiva central (permite-nos regular as nossas emoções).

Os cientistas quiseram entender melhor como o isolamento social afetava a matéria cinzenta — regiões cerebrais na parte externa do cérebro, constituída por neurónios, e investigaram dados de quase 500.000 pessoas, com idade média de 57 anos.

As pessoas eram classificadas como socialmente isoladas se vivessem sozinhas, tivessem pouco contacto social mensalmente e se participassem em atividades sociais menos do que uma vez por semana.

Os investigadores observaram que as pessoas socialmente isoladas tinham uma cognição mais pobre, incluindo a memória e o tempo de reação. Mostraram também um menor volume de matéria cinzenta em várias partes do cérebro.

Estas áreas incluíam a região temporal (que processa sons e ajuda a codificar a memória), o lóbulo frontal (que está envolvido na atenção, planeamento e tarefas cognitivas complexas) e o hipocampo (uma área chave envolvida na aprendizagem e memória, que é tipicamente perturbada no início da doença de Alzheimer).

Também encontraram uma ligação entre os volumes inferiores de matéria cinzenta e os processos genéticos específicos que estão envolvidos na doença de Alzheimer.

As pessoas consideradas socialmente isoladas, por exemplo, tinham um risco de demência 26% maior do que as outras.

É difícil argumentar com o facto de que os seres humanos serem animais sociais e ganharem prazer ao ligarem-se a outros, qualquer que seja a nossa idade.

ZAP //

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