O passa-culpas entre a Câmara de Setúbal e a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, parece não ter fim. A autarquia defende que a governante deveria retratar-se publicamente pelas “afirmações falsas” que proferiu.
A Câmara de Setúbal defendeu que a ministra Adjunta e dos Assuntos Parlamentares, Ana Catarina Mendes, deveria retratar-se publicamente pelas “afirmações falsas” que proferiu na terça-feira, e que reafirmou esta quinta-feira, sobre o município setubalense.
“A senhora ministra indicou, em declarações na Assembleia da República, que a Câmara Municipal não mantém uma relação estreita com o ACM [Alto Comissariado para as Migrações] e que recusou um convite do ACM para estar numa sessão de esclarecimento promovida pelo CLAIM [Centros Locais de Apoio à Integração de Migrantes], em Setúbal, sobre o acolhimento de refugiados”, refere o município, em nota de imprensa.
“Tais afirmações são falsas. Instamos, uma vez mais, a senhora alta comissária a informar a senhora ministra sobre estas matérias. Insistimos que se impõe, da parte da senhora ministra, o reconhecimento público de que, no mínimo, cometeu um lapso”, acrescenta a autarquia sadina.
A Câmara Municipal de Setúbal garante que, ao contrário do que terá dito a ministra, “articula, desde há muito, a sua atividade em matéria de acolhimento e integração de imigrantes com o ACM” e que, logo que começou a guerra da Ucrânia, “comunicou ao Ministério dos Negócios Estrangeiros a sua disponibilidade para acolher refugiados”.
“Depois de o ministério ter encaminhado a nossa disponibilidade para o ACM, encetámos, de imediato, no dia 7 de março, a cooperação com o Alto Comissariado, cooperação que, aliás, contribuiu também para a criação da Linha Municipal de Apoio a Refugiados, igualmente com o envolvimento do Conselho Local de Ação Social de Setúbal (organismo que reúne as entidades do Estado e outras com responsabilidades em matérias sociais)”, esclarece a nota de imprensa.
“Em todo este período, por razões decorrentes do acolhimento de refugiados ucranianos, foram ocorrendo vários contactos bem documentados entre as duas entidades”, acrescenta o comunicado da Câmara de Setúbal.
A mesma nota defende que a ministra deveria ter conhecimento desses contactos do município setubalense com diversas entidades do Estado.
A autarquia sadina diz ainda esperar que a ministra Ana Catarina Mendes “não esteja a confundir as suas responsabilidades nacionais com a sua atividade política no Concelho por onde foi eleita pelo Partido Socialista para assembleia municipal, e como deputada pelo distrito de Setúbal”.
A polémica sobre o acolhimento de refugiados ucranianos na Câmara de Setúbal foi levantada por uma notícia publicada pelo Expresso, segundo o qual o cidadão russo Igor Khashin, membro da Associação dos Emigrantes de Leste (Edinstvo) e do Conselho de Coordenação dos Compatriotas Russos, e a mulher, Yulia Khashina, também da Edinstvo e funcionária do município, terão fotocopiado documentos e questionado os refugiados sobre o paradeiro de familiares na Ucrânia.
ZAP // Lusa