A análise isotópica ao corpo da mulher vai ainda revelar mais detalhes sobre a sua origem geográfica e a dieta que tinha.
Quando pensamos nas relações entre os sexos na Idade da Pedra, pensamos numa realidade bem mais desigual e violenta do que a dos dias de hoje. Mas também existiam mulheres de armas e guerreiras no período Neolítico.
Um novo estudo publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences. debruçou-se sobre o misterioso enterro de uma mulher há 6500 anos, no norte de França. Acompanhada de pontas de flechas na sepultura, a mulher era uma guerreira na Idade da Pedra — e a sua cova dá detalhes sobre o papel feminino na sociedade.
Os investigadores investigaram covas gigantes em Fleury-sur-Orne, na Normandia. Dos 19 corpos encontrados no cemitério Neolítico, a equipa analisou o ADN de 14 e descobriu que um deles era de uma mulher, relata o Live Science.
A mulher foi enterrada com pontas flechas “simbolicamente masculinas”, algo que os autores acreditam indicar que tinha um papel social tipicamente masculino na cultura Cerny, sendo possivelmente uma guerreira. Não se sabe se só as pontas foram lá colocadas ou se as flechas a que estas pertenciam apodreceram entretanto.
“Acreditamos que estes artefactos masculinos colocam-na além da sua identidade sexual biológica. Isto insinua que a representação do sexo masculino na morte era necessário para ela ter acesso aos enterros nestas estruturas gigantes”, revela a arqueóloga Maïté Rivollat, que liderou o estudo.
A equipa ficou bastante surpreendida com a descoberta da sepultura da mulher, mas nota que é difícil prever que tipo de vida ou estatuto social é que esta tinha, mas é provável que sejam conhecidos mais detalhes depois de ser feita uma análise isotópica, que vai revelar informações sobre a sua dieta e origem geográfica.
Desde 2014 que o cemitério tem sido alvo de grandes escavações que cobrem 24 hectares. Já foram descobertos vários monumentos Neolíticos monumentos, incluindo a cova mais comprida alguma vez encontrada na Europa, com mais de 372 metros.
Os cientistas também usaram as amostras de ADN para descobrirem se as pessoas enterradas eram da mesma família e descobriu apenas o caso de um pai e um filho, sendo que todos os outros não eram familiares. Isto é uma pista de que o cemitério era de uma comunidade patrilinear — ou seja, a liderança passava na linhagem masculina, com as filhas a sair para irem viver com as famílias dos seus parceiros.