Novo método de IA deteta ressurgimento do cancro do pulmão

MorgueFile

De acordo com o estudo científico, o novo método é mais certeiro do que os tradicionais, o que permitirá um acompanhamento mais correto dos doentes.

Uma equipa composta por médicos e cientistas desenvolveram uma ferramenta de inteligência artificial (IA) que pode prever com precisão a probabilidade de os tumores voltarem a crescer nos doentes com cancro após terem sido submetidos a tratamento. A conquista, descrito como “animador” pelos oncologistas clínicos, pode revolucionar o acompanhamento dos pacientes. Embora os avanços do tratamento nos últimos anos tenham aumentado as hipóteses de sobrevivência, continua a existir o risco de que a doença possa voltar.

De facto, a vigilância dos pacientes após o tratamento é vital para assegurar que qualquer ressurgimento do cancro seja tratada com urgência. Atualmente, contudo, os médicos tendem a confiar nos métodos tradicionais, incluindo os centrados na dimensão original do tumor e na propagação do cancro, para prever a forma como o doente se poderá comportar no futuro.

O mais recente estudo mundial contou com profissionais do Royal Marsden NHS Foundation Trust, do Institute of Cancer Research de Londres e do Imperial College London e conseguiu identificar um modelo que utiliza a machine learning — um tipo de IA — que pode prever o risco de reincidência do cancro — melhor até do que os métodos existentes.

“Este é um passo importante para se poder usar a IA para compreender quais os pacientes com maior risco de recidiva do cancro e detetar esta mesma recidiva mais cedo para que o novo tratamento possa ser mais eficaz“, descreveu Richard Lee, médico consultor em medicina respiratória e diagnóstico precoce no Royal Marsden NHS Foundation Trust.

Lee, o investigador chefe do estudo, explicou ao The Guardian que esta descoberta pode revelar-se vital não só para melhorar os resultados dos doentes com cancro, mas também para aliviar os seus receios, sendo a recaída “uma fonte chave de ansiedade” para muitos. “Esperamos alargar as fronteiras para melhorar os cuidados aos doentes com cancro, para os ajudar a viver mais tempo e reduzir o impacto da doença nas suas vidas”.

A ferramenta da IA pode levar a que a recorrência seja detetada mais cedo em doentes considerados de alto risco, garantindo que estes recebem tratamento com maior urgência, mas também pode resultar em menos exames de acompanhamento desnecessários e visitas hospitalares para aqueles considerados de baixo risco.

No estudo retrospectivo, médicos, cientistas e investigadores desenvolveram um modelo de machine learning para determinar se este poderia identificar com precisão doentes não pequenos com cancro do pulmão (NSCLC) em risco de recidiva após a radioterapia.

A ferramenta foi considerada mais precisa na previsão de resultados do que os métodos tradicionais. Os resultados do estudo foram publicados na revista The Lancet eBioMedicine.

“Neste momento, não existe um quadro definido para a vigilância de doentes com cancro do pulmão após tratamento radioterápico no Reino Unido”, apontou Sumeet Hindocha, especialista em oncologia clínica do Royal Marsden e do Imperial College London. “Isto significa que há variação no tipo e frequência do seguimento que os doentes recebem … A utilização de IA com dados de saúde pode ser a resposta.

“Como este tipo de dados pode ser facilmente acedido, esta metodologia pode ser replicada através de diferentes sistemas de saúde”. O estudo é “um primeiro passo animador” no sentido de lançar uma ferramenta a nível nacional e internacional para orientar a vigilância pós-tratamento dos doentes com cancro, acrescentou Hindocha.

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