No seu discurso na sessão solene comemorativa do 48.º aniversário do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa enalteceu os Capitães de Abril — “pense-se o que se pensar”.
Num discurso centrado na ideia de um Portugal “fazedor e atravessador de pontes” o o Presidente da Assembleia da República salientou por seu turno no seu discurso que, “ao contrário da ditadura, a democracia não esconde os problemas“.
No ano em que os dias em democracia superam o número de dias em ditadura, o PS evocou a memória do antigo presidente da República, Jorge Sampaio, e saleintou que é preciso não falhar “onde Mário Soares, Sá Carneiro, Cunhal, Freitas do Amaral, Melo Antunes e Ramalho Eanes não falharam”.
O presidente do PSD, Rui Rio, considerou por seu turno que a solução para travar o crescimento dos extremismos não é “absurdos cordões sanitários”, é com reformas.
Marcelo enaltece capitães, pense-se o que se pensar
O Presidente da República, MarceloRebelo de Sousa, que centrou a sua intervenção no papel das Forças Armadas, enalteceu os capitães de Abril e defendeu que o seu “gesto refundador” deve ser agradecido “pense-se o que se pensar sobre o que foram antes e depois desse gesto”.
“Há um ano falei-vos do Portugal na sua caminhada do império até ao 25 de Abril, à descolonização e à democracia. E nunca é de mais e agradecer o gesto refundador dos capitais de Abril”, afirmou o Presidente da República.
“Pense-se o que se pensar sobre o que foram antes e depois desse gesto, ele foi único, singular e decisivo. Sem ele não haveria hoje uma Assembleia da República livre com vozes livres. Não há como esquecê-lo na escrita ou na reescrita da História”, acrescentou.
Antes, durante esta sessão solene, o presidente do Chega, André Ventura, dirigiu-se ao chefe de Estado como seu “adversário e vencedor das últimas eleições” e pediu-lhe que “não condecore aqueles que torturaram, mataram e expropriaram em Portugal”, sem nomear ninguém em concreto.
Marcelo Rebelo de Sousa evocou também “com muita saudade” o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, que morreu em 10 de setembro do ano passado, aos 81 anos, elogiando-o pela “constante militância cívica que pautou a sua vida por Portugal”.
O chefe de Estado saudou o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, “com elevada consideração pessoal e solidariedade institucional” e realçou que esta era a primeira vez que usava da palavra perante o parlamento desde as eleições legislativas de 30 de janeiro.
Abertura de Portugal ao mundo com emigração
O presidente da Assembleia da República sustentou hoje que a abertura de Portugal ao mundo é um bem precioso em tempos de ódio e está enraizada numa História de multissecular emigração que estruturou uma sociedade coesa.
Esta ideia de Portugal “fazedor e atravessador de pontes” – em que destacou as comunidades portuguesas no mundo, os retornados após a descolonização e os imigrantes deste país – foi desenvolvida por Augusto Santos Silva no discurso que proferiu na sessão solene comemorativa do 48º aniversário do 25 de Abril.
Na sua intervenção, Augusto Santos Silva começou por apontar que a celebração do 48.º aniversário do 25 de Abril ocorre “num contexto europeu e internacional particularmente dramático”, a guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia.
“Em tempos tão difíceis, as características essenciais da nossa pátria, como uma democracia madura, um país seguro e pacífico e uma sociedade coesa e aberta ao outro, emergem como um valioso património e um exemplo internacional”, salientou.
Augusto Santos Silva considerou que na História contemporânea o contributo das vagas migratórias para o Brasil, os Estados Unidos, a França, a Alemanha “e tantos outros destinos foi determinante para o desenvolvimento económico e a transformação social das regiões de origem”.
Augusto Santos Silva defendeu ainda que se deve às comunidades emigrantes o reconhecimento internacional de Portugal “como país pacífico, seguro, humanista e cosmopolita”.
Em defesa da sua tese, Augusto Santos Silva foi ainda mais longe, e advogou que “várias das portas que o 25 de Abril abriu “foram abertas pelos migrantes”.
O Presidente da Assembleia da República salientou ainda no seu discurso que, “ao contrário da ditadura, a democracia não esconde os problemas “.
Augusto Santos Silva terminou o discurso também com um agradecimento aos Capitães de Abril por terem construído “uma democracia onde cabem todos os portugueses, independentemente do lugar onde nasçam ou residam “.
PS evoca Jorge Sampaio
O vice-presidente da bancada socialista, Pedro Delgado Alves, evocou hoje a ação do antigo Presidente da República Jorge Sampaio na resistência à ditadura e como construtor da democracia pluralista e pediu atenção aos cidadãos instrumentalizados pelo populismo.
“Comemorar o 25 de Abril é, em primeiro lugar, honrar a memória dos que resistiram, sofreram e tombaram para que a liberdade fosse possível.
“No ano em que os dias em democracia superam o número de dias em ditadura, deu-se a coincidência dessa data ocorrer a 24 de março, dia da revolta estudantil que mobilizou a juventude contra quem a privava do seu futuro”, declarou.
A esta primeira referência a Jorge Sampaio seguiu-se uma prolongada salva de palmas por parte dos deputados, com os socialistas a aplaudirem de pé.
Para o antigo líder da JS, Jorge Sampaio, que morreu em 10 de setembro passado, “demonstrou nesse 24 de março de 1962, que já era um homem livre antes da liberdade raiar, nunca se vergando perante a opressão e a injustiça, não tendo medo de arriscar quando o que se arriscava era a vida e o futuro”.
Através de Jorge Sampaio, o dirigente da bancada socialista prestou depois homenagem aos republicanos, anarquistas, comunistas, socialistas, monárquicos, liberais e democratas de outras extrações que “mantiveram acesa a chama da esperança de um Portugal livre, desamordaçado enfim, como Mário Soares exigiu e ajudou a concretizar”.
Pedro Delgado Alves defendeu que honrar o 25 de Abril “é, também, não esquecer que as contradições e tensões que se enfrentaram” em 1974 e em 1975 “e arriscaram fraturar o país durante o processo revolucionário”.
Estas tensões, sustentou, “foram superadas pelos decisores de então, ninguém excluindo, todos conquistando para a democracia, sarando as feridas e privilegiando aquilo que nos une e que a todos orgulha”.
“Não erremos hoje, fora de tempo, onde Mário Soares, Sá Carneiro, Cunhal, Freitas do Amaral, Melo Antunes e Ramalho Eanes não falharam”, frisou.
No seu discurso, o deputado socialista e professor universitário comparou o Portugal antes da revolução de Abril e o país de hoje.
“Uma menina que nasça em abril de 2022, não se confrontará com um regime que lhe diz que não pode ser juíza ou diplomata, que a sujeita ao marido como chefe de família, que não a protege da violência e que lhe determina um papel social do qual não poderá escapar”, elencou,
“Uma menina que nasça em abril de 2022, não terá de desafiar uma taxa de mortalidade infantil que envergonha o seu país, e poderá encarar o futuro com uma esperança de vida de 81 anos, sabendo que terá o SNS do seu lado para enfrentar o que surgir pela frente”, acrescentou.
Travar extremismos é com reformas
O presidente do PSD defendeu que a solução para travar o crescimento dos extremismos não é “absurdos cordões sanitários”, mas “ter o rasgo de fazer diferente” e reformar “sem cobardia nem hipocrisia”.
“A solução está em nós próprios. A solução está em enfrentar a realidade sem cobardia nem hipocrisia. Está em reformar, ou diria melhor, em romper com o que há muito está enquistado e ao serviço de interesses setoriais ou de grupo”, defendeu Rui Rio, na que deverá ser a sua última intervenção numa sessão solene do 25 de Abril.
O presidente do PSD defendeu que o discurso no 25 de Abril deve ser um momento de autocrítica e não apenas de “afirmações laudatórias”.
“Se é justo responsabilizar a política porque ela não tem tido a coragem de fazer as reformas estruturais que o desenvolvimento do país reclama, a verdade é que a maioria do eleitorado também valoriza muito mais a promessa fácil da benesse imediata do que a realização das reformas que preparam o seu futuro”, apontou.
Para Rui Rio, esta contradição “entre a necessidade dos votos para ganhar as eleições e a necessidade de responder à evolução da sociedade” é hoje mais evidente e mais preocupante.
“Ela é uma das principais razões para o descrédito em que a vida pública tem caído, porque o eleitorado que hoje escolhe o caminho mais fácil, é o povo que amanhã se queixará da ineficácia da governação que escolheu”, disse
“O descontentamento é o principal suporte de novas forças extremistas, que, com a sua tradicional demagogia, procuram saciar os impulsos emotivos de quem está mais fragilizado”, conluiu Rui Rio.
// Lusa
Portanto Marcelo é um ditador em plena democracia é o que podemos concluir.
O Cravo, símbolo da liberdade conquistada no dia 25 de Abril, foi substituído pela máscara ou pelo certificado?
De facto o alívio da máscara por parte do governo na maioria dos locais foi super eficaz para evitar grandes manifestações no 25 de Abril. Já anteriormente haviam feito o mesmo com o certificado. O Certificado também foi levantado quando estava prevista forte contestação.
Agora já não basta um cravo para ser livre, é preciso também um certificado, uma máscara e um monte de vacinas e sabe-se que mais eles têm na agenda.
Quando daqui a algum tempo a 4 dose começar a ser dada as restrições terão que ser repostas. Talvez nesta altura alguns acordem, talvez digo eu .
Então quer dizer que hoje, as mulheres também tem que agradecer ao 25 de abril “dia da libertinagem” ?? Não foi o mundo que evoluiu! Só tenho pena de não terem tido umas lições de gestão financeira e de princípios políticos com Salazar.
Não esconde?! Mas a imagem que tem passado é de que até parece que o faz. Quase 50 anos depois do 25 de abril, muito do prometido pela revolução não foi concretizado ou, se o foi, não produziu os resultados ambicionados. Só uns exemplos: estamos com mais de dois milhões de pobres ou no limiar da pobreza, somos quase o país mais endividado do mundo e estamos já na cauda da Europa. Isto para não mencionar outras tristes realidades. Isto não pode ser uma democracia autêntica, mas uma realidade confrangedora onde alguém que o denuncie (como é seu dever) não é qualificado como exercício da cidadania, mas como populista.