O primeiro-ministro húngaro, Viktor Orban, anunciou esta sexta-feita um referendo nacional, em janeiro, para decidir sobre a taxa de utilização da internet, assunto que tem provocado várias manifestações de protesto.
“O imposto sobre a internet não pode ser aplicado na sua forma atual. Nada pode ser validado nas circunstâncias atuais”, explicou o dirigente húngaro em entrevista rádio pública, anunciando um referendo nacional para janeiro.
No domingo, mais de dez mil pessoas manifestaram-se em Budapeste contra a intenção do governo de introduzir um imposto sobre a utilização da internet, considerando-a uma “ideia retrógrada”.
“Não vai haver nenhuma taxa de Internet, nós vamos impedi-lo”, disse Balázs Gulyás, um dos organizadores do protesto. “Se a taxa não for anulada nas próximas 48 horas, estaremos de volta”, adiantou, frisando que a medida “isolaria a Hungria do resto do mundo e poderia causar a perda de milhares de postos de trabalho”.
O anúncio da taxa – no valor de 50 cêntimos por cada gigabyte de dados transferidos – foi feito pelo ministro da Economia, Mihaly Varga.
A medida, que consta do orçamento para 2015 de um dos países mais endividados da União Europeia, entraria em vigor no próximo ano e permitiria angariar cerca de 60 milhões de euros por ano.
O executivo de direita, liderado por Viktor Orban, tem sido acusado de autoritarismo e os organizadores do protesto acreditam que a taxa sobre a Internet é mais uma medida para limitar os críticos da governação, que utilizam sobretudo as redes virtuais.
A possibilidade de introdução da taxa também lançou o alarme em Bruxelas, com Neelie Kroes, responsável da União Europeia para a comunicação digital, a considerá-la, através da rede social Twitter, “uma vergonha para o governo húngaro”.
Viktor Orban foi reeleito em abril, com uma maioria de dois terços, para um segundo mandato, mas, desde que os Estados Unidos proibiram a entrada no país de vários responsáveis políticos suspeitos de corrupção, tem enfrentado uma pressão sem precedentes.
ZAP / Lusa