O Presidente russo Vladimir Putin decidiu reconhecer a independência das autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk (RPD) e Lugansk (RPL).
Donetsk e Lugansk, ocupados por forças pró-russas em 2014, vão ser declaradas repúblicas independentes pelo Kremlin, anunciou esta segunda-feira o Kremlin.
Esta manhã, os membros do Conselho de Segurança da Rússia aconselharam Vladimir Putin a reconhecer a independência das autoproclamadas repúblicas populares, pelo que a decisão deste final de tarde já era esperada.
“Hoje, recebemos os apelos das lideranças das repúblicas populares de Donetsk e de Lugansk para reconhecermos a sua soberania, na sequência da agressão militar das autoridades ucranianas e dos ataques na região do Donbass que têm feito sofrer a população civil”, lê-se num comunicado do Kremlin.
“Com isso em vista, o Presidente da Rússia disse que tem a intenção de promulgar um decreto num futuro próximo”, acrescenta a nota.
Josep Borrell, chefe da diplomacia da União Europeia (UE), já disse que, se Putin reconhecer a independência, colocará “o pacote de sanções sobre a mesa dos ministros europeus”. O alerta surgiu no fim de uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE, em Bruxelas.
“Apelamos ao Presidente Putin que respeite a lei internacional e os acordos de Minsk, e que não reconheça a independência de Donetsk e Lugansk. Estamos dispostos a agir com uma frente unida e forte no caso de ele decidir fazê-lo”, disse, em conferência de imprensa.
O ministro dos Negócios Estrangeiros da Ucrânia, Dmitro Kuleba, também já reagiu no Twitter, adiantando que o Governo já pediu uma reunião de emergência ao Conselho de Segurança das Nações Unidas “para discutir ações urgentes com vista à diminuição da tensão, bem como ações concretas para garantir a segurança” do país.
“A Ucrânia e o mundo inteiro seguem de perto as ações da Rússia sobre o reconhecimento das autoproclamadas repúblicas separatistas. E toda a gente está ciente das consequências. A situação é muito emotiva, mas é precisamente nesta altura que devemos ter calma“, disse, citado pelo Público.
Not only Ukraine, the entire world now closely follows Russia’s actions regarding the recognition of the so-called “L/DPR”. Everyone realizes consequences. A lot of emotions out there, but it’s exactly now that we all should calmly focus on de-escalation efforts. No other way.
— Dmytro Kuleba (@DmytroKuleba) February 21, 2022
O Presidente francês, Emmanuel Macron, também pediu uma reunião de emergência do Conselho de Segurança francês para discutir os desenvolvimentos desta segunda-feira.
Antes ainda de ser conhecida a decisão, Macron e o chanceler alemão, Olaf Scholz, falaram separadamente com o Presidente russo, que lhes transmitiu a sua intenção de reconhecer a independência das repúblicas.
Ao reconhecer Donetsk e Lugansk como países independentes, o Governo russo pode justificar a entrada do seu Exército em território ucraniano, após um pedido formal dos respetivos governos, com o pretexto de defender as populações russas locais.
Ao final da tarde, numa comunicação ao país, Putin retratou a Ucrânia como um Estado falhado e refém dos interesses dos Estados Unidos: “É importante entender que a Ucrânia nunca teve uma tradição consistente como uma verdadeira nação”, afirmou.
Ao longo do discurso, sublinhou que a influência norte-americana não foi aceite em todo o território ucraniano, citando como exemplo a Crimeia.
O Presidente russo frisou também que a Ucrânia foi criada pela Rússia, afirmando que Lenin, ex-primeiro-ministro da União Soviética, foi o “autor e criador” da Ucrânia e que o país “nunca teve tradições do seu próprio estado”.
Putin disse ainda que sondou os Estados Unidos quanto à possibilidade de a Rússia entrar para a NATO, mas que a proposta foi rejeitada.
“Vou dizer algo que nunca disse em público: em 2000, quando Bill Clinton visitou Moscovo, perguntei-lhe como é que olhava para a possibilidade de a Rússia entrar na NATO. Porquê? Porque é que fizeram de nós um inimigo?”, questionou, para logo de seguida sublinhar: “a admissão da Ucrânia na NATO é uma ameaça direta à segurança da Rússia”.
Por enquanto, podemos dormir bem. Mas para onde vamos? O profeta Daniel escreve: “E [o rei do norte = Rússia desde a segunda metade do século XIX. (Daniel 11:27)] tornará para a sua terra com muitos bens [1945], e o seu coração será contra a santa aliança [a União Soviética introduziu o ateísmo estatal e os crentes foram perseguidos]; e vai agir [isso significa alta atividade no cenário internacional], e voltará para a sua terra [1991-1993. A dissolução da União Soviética e o Pacto de Varsóvia. As tropas russas retornaram a sua terra]. No tempo designado voltará [isso significa também a desintegração da União Europeia e da NATO. Muitos países do antigo bloco de Leste voltará à esfera de influência russa]. E entrará no sul [por causa do conflito étnico ao sul das fronteiras da Rússia (Mateus 24:7)], mas não serão como antes [Geórgia – 2008] ou como mais tarde [Ucrânia], pois os habitantes das costas de Quitim [o distante Ocidente, ou para ser mais preciso, os americanos] virão contra ele, e (ele) se quebrará [mentalmente], e voltará atrás”. (Daniel 11:28-30a) Desta vez será uma guerra mundial, não só pelo nome. A “poderosa espada” também será usada. (Apocalipse 6:4) Mas agora diante de nós – o retorno da Rússia.
O Putin continua a divertir-se com o mundo civilizado enquanto este se deixou adormecer convencido talvez que de leste nada de mal surgiria e, agora perante alguma dependência sobretudo energética da Rússia possivelmente continuaremos a agir de mansinho enquanto o aventureiro nos irá encostando cada vez mais para ocidente e alargando a sua área de influência até que mais tarde apareça outro mais louco e oportunista do que ele e dê o golpe fatal em toda a Europa. Temos sempre feito figura de parvinhos, assim foi com a globalização e agora será com este que apesar de louco sempre tem alguma arte de oportunista e esperto.
Mais uma do “imperador” Putin!…
… é no entanto de destacar a pouca importância dada ao facto das duas regiões (Donetsk e Lugansk) pretenderem separar-se da Ucrânia à imenso tempo, e que na verdade estão em conflito militar com a Ucrânia à esse mesmo tempo com milhares de mortes contabilizados de ambos os lados.
Os dois territórios em causa auto-proclamaram-se independentes em referendo (já desde 2014) embora o mesmo referendo não seja reconhecido pela comunidade internacional.
Aliás é fácil ver as comemorações de grande parte da população pela “invasão” russa em quase todos os canais noticiosos.
Obviamente o peso da mesma maioria da população ser russa (quase todos trabalhadores mineiros) ou descendente de russos, das forças militares serem também fornecidas pela Russia, da proximidade da fronteira e da importância económica e geopolítica também não podem ser desprezados e é aí que está o cerne da questão, que é a influência real Russa nesta situação.
Não concordo com a medida do shô Putin de reconhecer a independência das províncias, indo em sentido oposto ao resto da Europa, mas nestas coisas tento sempre ver todos os lados do problema, principalmente quando as consequências podem ser tão nefastas, mesmo aqui para o nosso cantinho da Europa, e sinto que a informação que me chega não é, de todo, imparcial.