Perfil da Wikipedia que serviu de prova ao pedido de naturalização de Abramovich foi alterado dezenas de vezes nos últimos meses

1

Desde que, há duas semanas, o jornal Público noticiou que Romam Abramovich, milionário russo e dono do Chelsea era agora cidadão português graças à sua herança sefardita, muitas dúvidas se têm levantado sobre o processo de certificação dessa mesma ascendência, o qual, avançava a mesma fonte, teria ficado a cargo de Hugo Miguel Vaz, responsável pela área do turismo da Comunidade Israelita do Porto e curador do Museu do Holocausto do Porto.

Ao longo dos últimos meses, e mesmo depois da publicação da notícia, o também historiador tem feito inúmeras alterações no perfil da Wikipédia do magnata russo, o qual terá sido usado como prova para as autoridades portuguesas, ao abrigo da Lei da Nacionalidade.

Numa das atualizações mais recentes, feita por um utilizado com o nickname ‘Heitordp’ foi adicionado mais um excerto de texto que liga Abramovich a Portugal. “Embora seja maioritariamente de origem asquenaze, Abramovich descobriu ter alguns ancestrais sefarditas da comunidade judaica portuguesa de Hamburgo.” As fontes desta informação? Um artigo jornalístico publicado pelo The Telegraph e a notícia do Público.

Tal como nota o Expresso na sua edição desta sexta-feira, entre 8 de junho e 25 de novembro, só Hugo Vaz procedeu a 18 alterações, entre adições ou correções. Foram acrescentadas informações, sobretudo relativas aos avós do milionário, dos seus episódios enquanto vítima de antissemitismo e relatos das suas tentativas para combater a discriminação. É ainda feita referência aos seus atos de filantropia, nomeadamente uma “doação substancial” para a construção de um cemitério judaico.

Segundo a mesma fonte, o pedido de nacionalidade portuguesa, ao abrigo da Lei da Nacionalidade que prevê a naturalização dos descendentes de judeus sefarditas portugueses, deve ser dirigido à Comunidade Judaica do Porto ou à Comunidade Judaica de Lisboa, as quais devem deter comissões dedicadas à analise dos percursos dos indivíduos que querem estes estatutos, ou seja, “a demonstração de pertença a uma comunidade sefardita de origem portuguesa“.

No caso do magnata russo, o pedido foi feito ao organismo do Porto, que o certificou e enviou para a Conservatória dos Registos Centras e posteriormente para o Ministério da Justiça. No entanto, e de acordo com a CIP, antes e durante do processo não houve qualquer contribuição “nem para a comunidade, nem para o museu, nem para rigorosamente nada” — ao contrário do que havia sido inicialmnte sugerido por Hugo Miguel Vaz.

De acordo com o chefe rabino Daniel Litvak, o caso de Roman Abramovich foi decidido pela Comissão Judaica do Porto em 2020. “A documentação [recebida] respeita os critérios legais e de certificações das mesmas instâncias judaicas internacionais que permitiram ao requerente ser cidadão de Israel e aos filhos serem cidadãos da Lituânia”, esclareceu Michael Rothwell, porta-voz da CIP. No entanto, e tal como nota o Expresso, para a obtenção das cidadanias israelitas e lituanas não é necessário provar qualquer ligação à comunidade judaica portuguesa de Hamburgo, um critério indispensável no caso português.

ZAP //

Siga o ZAP no Whatsapp

1 Comment

  1. Roman Abramoviche, ele e “Judeu ” com muito orgulho ponto final.. Visto que ele pediu a nacionalidade portuguesa, so ele sabe e Deus a razao da sua escolha. Portanto nao sei porque, tanta papelada, para obter os seus direitos. Em todo o cado ele tambem e ” Cidadao do Mundo.Portanto seja Bem-Vindo a Portugal! Mas cuidado com os hipocritas! Eles falam, falam, para nao dizerem nada.

Deixe o seu comentário

Your email address will not be published.