Coligar ou não coligar? Incluir ou não os adversários internos nas listas de deputados? Eis o que está em jogo no Conselho Nacional do PSD

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Paulo Novais / Lusa

O atual presidente e candidato a presidente do Partido Social Democrata (PSD), Rui Rio (D), conversa com o vice-presidente da Comissão Política Nacional do partido, Salvador Malheiro (C), e com o vice-presidente, André Coelho Lima (E).

As listas de candidatos a deputados do PSD terão de ser entregues a 20 de dezembro e decididas até 17 de dezembro, dia em que começa o Congresso do partido.

Depois de uma disputa interna prolongada (e animada), o PSD reúne-se esta noite para, finalmente, definir os pressupostos da sua campanha às eleições legislativas de 30 de janeiro. Entre os assuntos em cima da mesa estão a integração de adversários internos de Rui Rio nas listas de deputados — depois de dias em que se falou em “afronta” por parte dos presidentes das concelhias e distritais, que decidiram incluir o seu próprio nome (mesmo sendo críticos de Rio) em detrimento de atuais deputados (que haviam sido escolhidos pelo líder em 2019) —, mas também uma possível coligação pré-eleitoral com o CDS, a qual, a acontecer, iria influenciar toda a composição das listas, face à necessidade de integrar os candidatos centristas.

Ao longo dos últimos dias, Rui Rio evitou tomar uma posição publicamente, adiando-a para o Conselho Nacional desta noite. No entanto, estará consciente que naquele órgão — e à luz do que acontecia antes das diretas —, os apoiantes da ala Rangelista estão em vantagem e, durante as semanas que antecederem as eleições internas, Rangel fez saber que era contra esta opção por “posição de princípio“. Já Rio, tem divergido de opinião. Primeiramente, afirmou que “tendencialmente estaria mais para sim do que para não“, ao passo que este fim de semana fez transparecer uma opinião distinta.

“Se nós formos disputar agora o eleitorado do CDS, do Chega e da Iniciativa Liberal, ali estão mais dúzia de votos. Não sei como é que se ganham eleições com aquela meia dúzia de votos, ainda por cima correndo o risco de perder alguma coisa ao centro“, afirmou, dando a entender que o foco dos sociais-democratas estará no eleitorado de centro.

Os politólogos ouvidos pelo Eco parecem concordar, quase de forma unânime, que a confirmar-se uma coligação entre CDS e PSD, esta pode beneficiar ambos os partidos (caso decidam ir a eleições em conjunto) face ao método de Hondt, que converte votos em mandatos em cada círculo eleitoral. Há ainda outros dois fatores a considerar.

Por um lado, seria vantajoso para Francisco Rodrigues dos Santos não apresentar o CDS sozinho a eleições, ao mesmo tempo que, perante uma aliança de direta, o eleitorado poderia ficar esclarecido sobre o entendimento dos partidos à direita — em oposição aos da esquerda, que motivaram a dissolução da Assembleia da República por não chegarem a acordo no Orçamento do Estado para 2022. Há ainda quem considere que uma aliança CDS/PSD pode prevenir dispersão de votos para a Iniciativa Liberal e para o Chega.

Se do lado do PSD a questão não é unânime, no CDS o cenário não é muito diferente. Francisco Rodrigues dos Santos já fez saber, e por diversas vezes, que é favorável à coligação — tem no afirmado desde as eleições autárquicas. Os líderes dos dois partidos chegaram a ter um encontro marcado, mas que acabou por não acontecer face às polémicas internas dos CDS. Já Telmo Correia, líder parlamentar do partido, recusa esta opção, dizendo que, ao apostar em coligações com os sociais-democratas, o partido arrisca-se a tornar-se um “satélite” do PSD, tal como, defende, o PEV é do PCP.

Apesar das várias dúvidas existentes, há uma certeza: as listas terão de ser entregues a 20 de dezembro e decididas até 17 de dezembro, dia em que começa o Congresso do partido.

Para já, os relatos que chegam à comunicação social remetem para alguns entendimentos face às listas entregues mais recentemente. De acordo com o Observador, não foram comunicadas, por parte da direção do PSD, vetos aos dirigentes distritais, apesar de estes também não terem visto garantida a aceitação das escolhas das estruturas distritais e concelhias. O receio que existe agora, por parte dos críticos da direção de Rio, é que exista um “saneamento” na lista de deputados e que este seja comunicado, de forma premeditada, em cima do Congresso, o que limitaria o tempo de reação destes mesmos críticos.

ARM //

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1 Comment

  1. Coligações com CDS nunca deram resultado. O que resultou do irrevogável Portas ? Uma autêntica porcaria. Da austeridade , impostos, emigração, roubo nas pensões do reformados, falências, venda edp ao pc chinês, ctt, telecom isto foi o pior que deixou as piores recordações aos portugueses . Até queriam a privatização da Segurança S.
    Foi um tempo de tragédia e retrocesso.
    Chegou o Costa que acabou com esta bagunça. Temos agora eleições legislativas . Costa deverá ter os votos que lhe permitam governar de forma moderada sem a aplicação de impostos abusivos , alguns dos quais devem ser retirados .

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