Há empresas a oferecer o salário mínimo a engenheiros. 52% dos trabalhadores qualificados recusam ofertas devido aos ordenados

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USACE HQ / Flickr

O bastonário da Ordem dos Engenheiros considera os valores “degradantes” e fala num “problema estrutural” de baixos salários para profissionais qualificados em Portugal.

Há ofertas de emprego que prometem apenas o salário mínimo a engenheiros. Segundo avança o Correio da Manhã, um empregador em Estremoz paga apenas 685 euros, sem exigir experiência.

Já em Baião, há uma oferta que exige experiência mínima de seis meses e paga 700 euros. Existem também ofertas de part-time que pagam 350 euros por três horas de trabalho diárias.

Carlos Mineiro Aires, bastonário da Ordem dos Engenheiros, considera estes salários “degradantes”. “Estamos sempre a escrever ao IEFP para alertar para estas ofertas de emprego”, revela ao CM.

O bastonário afirma que esta situação não é exclusiva do sector privado. “É um problema que não se vive só nas engenharias, é em todas as áreas. O Estado, nos níveis de remuneração baixa, paga melhor que os privados. Mas nos níveis de remuneração média e alta, os privados pagam muito melhor”, frisa.

O facto de 8 mil novos estudantes entrarem na área da Engenharia anualmente também não explica estes valores para Carlos Mineiro Alves, que considera que o excesso de mão de obra não é a razão, mas antes que os baixos salários são um “problema estrutural do país”.

E parece que são mesmo. O Guia do Mercado Laboral 2022 da consultora de recrutamento especializado Hays, publicado recentemente, analisou as respostas de 2864 profissionais qualificados e 901 empregadores a um inquérito online anónimo feito em Outubro.

Apesar de 84% dos empregadores querer contratar no próximo ano – o valor mais alto desde o primeiro relatório da Hays, em 2011 – 44% dos trabalhadores dizem já ter recusado ofertas este ano. No ano passado, este valor tinha sido de 38%.

O salário é a principal razão para recusa, de acordo com 52% dos inquiridos. Esta percentagem subiu, já que o valor era de 49% em 2020. Seguem-se o desinteresse no projecto (30%) e o desacordo relativo às condições propostas no contrato (26%).

O maior desafio na gestão de recursos humanos foi a atracção e retenção de talento, sendo este um problema comum a 44% dos empregadores. A motivação dos trabalhadores foi referida por 39% dos inquiridos.

Os perfis que vão ser mais procurados em 2022 são da área das tecnologias de informação (32%), seguindo-se os engenheiros (30%) e os comerciais (29%).

Adriana Peixoto, ZAP //

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29 Comments

  1. O populismo deste governo levou a isto. A ânsia em subir o ordenado mínimo para agradar ao eleitor funcionário público e subsidiodependente fez com que no privado, que é quem paga tudo, agora não se consiga distinguir o funcionário bom do mau, formado do sem formação. E aos radicais de esquerda que possam vir aqui responder, há uma coisa que funciona desde logo em casa de cada um: sustentabilidade. E as empresas ninguém quis saber se são resistentes a estes aumentos sem perda de competitividade…

    • Hahahaaaaa… nada como a manada do Ventura para nos “iluminar” com a sua realidade alternativa!…

      Claro que o “populismo” ou a subida o ordenado mínimo é que é responsável pela falta de vergonha de certas empresas…

    • Excelentíssimo Sr Zé.
      Sabe que em economia tudo gira à volta do dinheiro? Sabe que o trabalhador que receba um ordenado na casa do salário mínimo não é subsídio dependente, é perto de pobre, a competitividade que você se refere, está a falar de que empresas? As que apresentam milhões de lucros e mais de 40% da massa salarial diz respeito rendimentos base de salário mínimo nacional em que em muitas destas empresas representam mais de 55% dos trabalhadores. No entanto caso você não saiba em economia a lei da procura e da oferta funciona e funciona bem, se existe muita oferta pagam pouco, se existe pouca oferta pagam melhor.
      Se a qualificação de um profissional se reside em baixos salários então deixe apenas dizer lhe que você não ganha o salário mínimo nacional, o senhor não se vê aflito ao dia 10 de cada mês sem saber como irá terminar o mês porque o dinheiro esse já foi nas despesas da “casa sustentável” sabendo nós que quanto mais dinheiro disponível maior será o consumo e também podera haver lugar a uma maior poupança, e isso meu caro é o que faz girar o mercado interno. Ficou provado que o aumento do valor disponível em quem consome em Portugal foi benéfico para as famílias para as empresas e para o emprego. Por tanto esteja quieto.

  2. Na sua essência, os salários são o resultado de uma negociação entre empregador e candidato. O empregador deseja o máximo de produtividade ao mínimo custo. O candidato deseja o mínimo de esforço com o salário mais alto possível. É assim em qualquer país do mundo.

    Da negociação entre empregador e candidato é que surge o salário final. Salários mínimos são oferecidos a trabalhos para os quais não é difícil encontrar candidatos para as competências requeridas. Basicamente é isso.

    A ideia que um canudo dá automaticamente direito a um bom salário é um conceito do passado. O que interessa é quantos candidatos com as competências requeridas existem para a função. Se forem poucos, o salário será alto. Se forem muitos, o salário será baixo. E há cada vez mais candidatos com canudo.

    • Esquecem que uma licenciatura é apenas uma “autorização” para começarem a aprender a sério… há não muitos anos atrás até pagavam para isso… perguntem aos “arquitectos” do Taveira!

    • Um candidato que quer o mínimo esforço pela maior remuneração é um preguiçoso, não um candidato a nada. Um profissional que se preze quer uma boa oportunidade para mostrar o que vale e perspetivas de evolução.

    • Quando o canudo nao valer nada as universidade serao inuteis.
      Quem contrata e selecciona nem sequer tem consciencia do que faz contrata por valores.baixos para consegiir funcionarios mediocres e desenpenhos tristes.
      Assim a concorrencia da Europa e outras agradece continuem assim a fazer de conta que isto e mais um produto livre e basta a economia e a concorrencia para garantir o sucesso das empresas.
      Nao aceitem pagar justamente para que possam ter bons resultados que irao longe ou seja irao para a falencia e arrastam os funcionários.
      Quem faz um negócio sao os seus funcionários essa é a vantagem competitiva no mercado livre.
      Escolham por baixo e fiquem por baixo.
      Que se crie salários mínimo para cada profissão e categoria para que os patrões sejam obrigados a ter um minimo de qualidade nos seus quadros.
      A contratacao colectiva é uma solução que permite este equilibrio mas quererem acabar com ela.
      Os sindicatos estao desacreditados pela indiferença dos consecutivos governos.
      Temos de dar mais força aos sindicatos e à contratação colectiva para permitir garantir boas condições de trabalho e empresas saudáveis.

  3. É verdade. Conheço muitos casos, infelizmente. E não é só na Engenharia. Ganha-se muito menos hoje do que se ganhava há 20 anos. Claro que depois atraem só trabalhadores que não prestam e os serviços que algumas empresas neste momento estão a prestar é abaixo de mau.

  4. Vao a Africa atravessam o Mediterranio e terão empregos de milhares de euros…subssidios sem trabalhar etc…é à fartazana…à pois é…assim vai este país que estes xuxalistas destroem

      • Ser patrão num país que não favore empreendedores é obra.
        Ainda mais quando grande parte do salário é impostos e o salário limpo é uma fração.
        Em vez de apontarem o dedo aos patrões, apontem ao estado.
        O vosso patrão paga 34% em TSU do vosso salário para o estado, sendo 23% o patrão e 11% o trabalhador.

        Depois tem o subsídio de alimentação, custos complementares e afins.

        Contas feitas, num salário mensal de 1200€, 1800€ é quanto custa ao patrão este empregado por mês numa base anual.

        O trabalhador desse salário terá as suas obrigações ao estado e devidos impostos, o que reduzirá o seu salário consideravelmente.

        Agora pergunto, culpam mesmo o patrão ou o estado pelos impostos abusivos?

        Pense bem nisto

  5. Tenho um familiar licenciado, trabalha numa empresa (cooperativa de uma Câmara Municipal) há 30 anos, neste momento recebe o salario mínimo nacional.

  6. Engenheiros ou… recém-licenciados em Engenharia? Uma recém-licenciatura apenas habilita a começar a aprender a sério – ordenado mínimo já é muito bom!

  7. E pá se vou pagar 900 euros a um engenheiro como é que tenho dinheiro para o Mercedes, para a amante, para a casa no Algarve e na terra, para o barquito, para umas almoçaradas de 200 euros, para umas fériazitas no Brasil? Vocês são mesmo uns comunas invejosos…

    • Eheheee… um pouco exagerado, mas não deixa de ser verdade…
      Felizmente há cada vez mais empresas com uma cultura empresarial mais desenvolvida…

    • Não percebi o contexto mas, se em Portugal há “opressão de liberdade de imprensa”, o que dizer do resto do mundo:
      CLASSIFICAÇÃO MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA 2021
      1-Noruega
      2-Finlândia
      3-Suécia
      4-Dinamarca
      .
      9-Portugal
      10-Suíça
      .
      13-Alemanha
      14-Canadá
      .
      29-Espanha
      33-Grã-Bretanha
      34-França
      .
      41-Itália
      42-Coreia do Sul
      .
      44-Estados Unidos
      .

  8. A Água seca; o Sol arrefece; os Rios nascem nos mares; e a relva é amarela. E a Neve é quente. E o Sol gira à volta do planeta Terra…Há tanta irracionalidade na Economia e na Sociedade. Gritante. Parece que os gostos e as preferências ditam as regras do mundo. Já não sei qual a raiz quadrada de 81?! Será 9! Ou talvez possamos questionar! Já não falo de refutar a Lei da lógica matemática!

  9. E os empregados que aceitam esses salários baixos vão procrastinar pelo menos metade do tempo, acabando por receber o dobro à hora pelo trabalho realizado.

  10. um candidato a um posto de trabalho se for honesto mostra o que sabe, tem tempo legal para o para o fazer.
    se as condições e o salário não servirem, algo esta mal. não tenho formação sup. e recebo o equivalente a três salários minimos mensal.

  11. Ser patrão num país que não favore empreendedores é obra.
    Ainda mais quando grande parte do salário é impostos e o salário limpo é uma fração.
    Em vez de apontarem o dedo aos patrões, apontem ao estado.
    O vosso patrão paga 34% em TSU do vosso salário para o estado, sendo 23% o patrão e 11% o trabalhador.

    Depois tem o subsídio de alimentação, custos complementares e afins.

    Contas feitas, num salário mensal de 1200€, 1800€ é quanto custa ao patrão este empregado por mês numa base anual.

    O trabalhador desse salário terá as suas obrigações ao estado e devidos impostos, o que reduzirá o seu salário consideravelmente.

    Agora pergunto, culpam mesmo o patrão ou o estado pelos impostos abusivos?

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