Estatutos, auditoria e SAD são prioridades de Benitez (que garante Jesus até ao fim do contrato)

Manuel de Almeida / Lusa

Francisco Benitez, candidato à presidência do Benfica

A alteração dos estatutos, a reformulação da composição da SAD e o lançamento de uma auditoria forense financeira são as prioridades do candidato da Lista B à presidência do Benfica.

“Vamos dar logo início à alteração de estatutos, é um processo que tem de ser rapidamente feito porque o Benfica está preso àqueles estatutos que não permitem uma participação mais ativa dos sócios”, disse Francisco Benitez em entrevista à agência Lusa.

“A segunda coisa que vamos fazer, em paralelo, é avançar logo com um processo de auditoria forense, porque temos de perceber exatamente o que aconteceu”, declarou ainda, acrescentando: “Depois colocar mais gente que percebe de futebol dentro da SAD“.

Em caso de eleição para a presidência das águias, o empresário salientou também que o Benfica devia tornar-se assistente no processo Cartão Vermelho, que tem o ex-presidente Luís Filipe Vieira como principal arguido.

“Não é à toa que existem muitos processos sobre o Benfica. Alguma coisa tem de haver ali e o clube deve ser o primeiro a dar o passo como, por exemplo, constituir-se assistente no processo Cartão Vermelho. Se o Benfica é lesado – e há indícios graves de que foi lesado –, o Benfica tem de se constituir como assistente daquele processo para saber o que é que realmente se passou”, explicou.

O candidato, de 57 anos, sublinhou ser a pessoa certa para o futuro do clube nas eleições deste sábado – às quais também concorre Rui Costa enquanto líder da lista A – por ter “uma grande equipa” ao seu lado, enaltecendo as virtudes deste grupo de sócios e das suas propostas. Simultaneamente, defendeu que só quer ir buscar pessoas “credíveis, competentes e, acima de tudo, benfiquistas” para a SAD.

“[Tenho uma] equipa que nunca esteve no Benfica e que não tem nenhum tipo de cumplicidades, nada a esconder, e são benfiquistas de coração: gente que precisa do Benfica para viver, mas que não precisa do Benfica para comer. Portanto, isso dá uma capacidade de independência, de análise e de entrega ao Benfica que acho que é aquilo que o Benfica precisa neste momento”, realça.

Benitez continuou com o ataque à lista A, visando a falta de ideias e a linha de continuidade de quase duas décadas de presidência de Vieira.

“Não podemos continuar a ter uma equipa que já está saturada; das 20 pessoas que lá estão na lista concorrente, 14 já lá estão há vários anos. Já dominam a casa para trás e para a frente e as ideias que realmente são necessárias ter para o futuro, já não as têm, já deram tudo o que tinham para dar. Estão completamente espremidos e, portanto, agora é continuar no mesmo rumo e o que nós precisamos é de novas ideias”, observou.

Já sobre os motivos que o levaram a avançar para a corrida eleitoral, Francisco Benitez invocou a “oportunidade [dada] a quem não está satisfeito com o sistema atual ter uma alternativa para votar“; questionar a lista concorrente para saber o que pensam fazer, como e quando; e, finalmente, fazer com que todos os benfiquistas conheçam as ideias” desta lista, cuja base é o movimento ‘Servir o Benfica’.

Benitez garante permanência de Jesus

Em caso de vitória, o líder da lista B assegurou que Jorge Jesus vai cumprir o contrato até ao final, mas vincula o futuro do treinador à existência de “compromisso” com o projeto.

“Comigo, Jorge Jesus vai terminar o seu contrato, dar-lhe-ei todas as condições que ele precise para terminar o seu contrato e fazer um excelente resultado. A partir daí, vai ser-lhe apresentado o projeto que nós temos e este plano estratégico de 10 anos e, a partir daí, tem de haver um compromisso da parte de Jorge Jesus para connosco ou não”, afirmou.

Segundo o programa eleitoral, a estrutura do futebol encarnado sofre mudanças, ao passar a estar assente em administradores para o futebol, diretor desportivo, team manager, diretor de scouting e responsável pelo futebol de formação.

Confrontado com a ausência da figura do treinador no organograma e uma consequente perda de influência na política de transferências, Benitez contrapõe a necessidade de sintonia entre todos os elementos.

“É óbvio que o treinador tem uma voz ativa e uma palavra a dizer, mas dentro de uma equipa, porque o treinador depois vai embora e os jogadores ficam”, observou, sublinhando: “Tem de ser uma escolha de equipa, respeitando o plano, porque o próprio treinador também tem de estar comprometido com o projeto. Portanto, tem de haver uma visão única. É fácil quando ocorre uma visão única haver um acordo entre as várias estruturas e equipa técnica”.

Por outro lado, Benitez reconheceu algumas pontes entre o perfil traçado por si e pela sua equipa e Jesus, ao reforçar que “o Benfica deve voltar a ter um sistema de jogo que seja bastante versátil, ofensivo, com posse e grande pressão” sobre o adversário.

Acho que o Jorge Jesus tem este tipo de jogo. Agora, pode ter outras características que podem não caber dentro do projeto, mas isso é uma questão que temos de avaliar.”

Já sobre o cargo de diretor atualmente ocupado por Rui Pedro Braz, repetiu o discurso feito com Jesus. “O plano estratégico será apresentado a toda a estrutura e toda a gente que se encaixe dentro deste plano e que assuma o compromisso de vitória, terá lugar; se não se encaixar e se não assumir esse compromisso, não terá lugar”.

Com críticas a uma cultura de dirigismo “unipessoal”, Benitez adiantou ainda que as relações institucionais com FC Porto e Sporting estão condicionadas ao respeito pelos pilares definidos para o clube: transparência, democracia e ambição.

“Todos os clubes que saibam respeitar democracia e transparência terão as portas abertas, todos os clubes que não saibam respeitar isto, democracia e transparência, terão as portas fechadas”, frisa.

No que toca à construção do plantel, o líder da lista B reitera a diminuição de influência dos empresários e defende não ver “necessidade de ter intermediários a vender jogadores”, além da pretensão de querer manter os melhores jogadores de futebol da equipa principal do Benfica por um período de tempo mais duradouro.

“Achamos que os intermediários não têm razão nenhuma. Não somos ingénuos para achar que os jogadores não vão continuar a ter agentes, mas isso é normal e é da parte do próprio jogador. Agora o Benfica não tem de ter emissários para andar a vender os jogadores de porta em porta com uma ‘malinha e um catálogo'”, salientou, recusando para o futuro qualquer exclusividade de empresários na Luz.

A terminar, Benitez fez um diagnóstico crítico da situação das modalidades de pavilhão encarnadas, vincando que o primeiro passo é criar o cargo de diretor-geral, sob o qual ficarão team managers para cada modalidade. Entre exigências de maior rigor na alocação de recursos, o candidato da lista B propõe a angariação de um patrocinador único para as modalidades e a transmissão dos jogos pela BTV em sinal aberto.

Francisco Benítez concorre às eleições para os órgãos sociais do Benfica para o quadriénio 2021-2025, este sábado, frente ao atual presidente Rui Costa, que manifestou indisponibilidade de agenda para marcar uma entrevista com a Lusa.

ZAP // Lusa

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