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Denunciante do Facebook diz que a rede social contribuiu para o ataque ao Capitólio

Jim Lo Scalzo / EPA

Uma denunciante do Facebook diz que a rede social contribuiu para o motim de 6 de janeiro ao encerrar uma equipa interna encarregada de prevenir distúrbios civis poucas semanas antes dos distúrbios no Capitólio.

No mês passado, uma investigação do The Wall Street Journal obteve apresentações internas que mostram que Mark Zuckerberg e companhia tinham conhecimento que as redes sociais que opera — sobretudo o Instagram — são tóxicas para a saúde mental dos adolescentes.

“Existe um caminho para o crescimento se o Instagram mantiver a sua trajetória”, lia-se num dos documentos obtidos pelo jornal norte-americano através de uma denunciante da empresa.

A ex-funcionária do Facebook, Frances Haugen, copiou milhares de documentos internos que mostram como a rede social sabia dos perigos que representava, mas preferiu manter os lucros, escreve o Observador. A whistleblower deu pela primeira vez a cara numa entrevista ao programa “60 Minutes” da CBS.

“Aquilo que eu vi no Facebook uma e outra vez foi que havia conflitos de interesse entre o que era bom para o público e o que era bom para o Facebook. E o Facebook, uma e outra vez, optou por otimizar os seus próprios interesses, como fazer mais dinheiro”, disse Frances Haugen, que se demitiu da empresa em maio.

O Facebook contribuiu para o motim de 6 de janeiro ao encerrar uma equipa interna encarregada de prevenir distúrbios civis poucas semanas antes dos distúrbios no Capitólio, de acordo com Haugen.

Em causa está uma equipa de 300 pessoas dentro do Facebook que não só trabalhou nas eleições nos Estados Unidos, mas também lidou com várias outras questões um pouco em todo o mundo.

Num memorando interno de 1.500 palavras, citado pelo The Guardian, o vice-presidente de políticas e relações públicas do Facebook, Nick Clegg, reconheceu que a denunciante acusaria a empresa de contribuir para o motim de 6 de janeiro no Capitólio e classificou as acusações de “erróneas”.

“Imagine que sabe o que se passa dentro do Facebook, e sabe que ninguém lá fora sabe. A dada altura, em 2021, percebi: ‘OK, vou ter de fazer isto de um modo sistemático e vou ter de tirar o suficiente para que ninguém questione que isto é real'”, disse a denunciante, explicando a razão pela qual divulgou os documentos internos da empresa.

A whistleblower considera que “a versão do Facebook que existe hoje está a dividir as nossas sociedades e a causar violência étnica por todo o mundo”. Segundo Haugen, o algoritmo da rede social escolhe os melhores conteúdos com base em interações antigas do utilizador, mas também com base nas emoções.

No entanto, “o conteúdo de ódio, divisivo e polarizador é mais fácil inspirar a raiva do que com outras emoções”, explica.

“O Facebook percebeu que, se mudar o algoritmo para ser mais seguro, as pessoas vão passar menos tempo no site, vão clicar em menos anúncios e eles vão fazer menos dinheiro”, acrescentou.

Daniel Costa, ZAP //

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