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Ventura diz que PSD está “igual” ao PS – e desafia Rio a justificar atraso no interior

Paulo Novais / Lusa

André Ventura - Chega

André Ventura no Congresso do Chega em Coimbra.

O líder do Chega, André Ventura, manifestou-se hoje preocupado com o panorama político à direita, observando que o PSD está “igual” ao PS e acusando ambos os partidos de terem abandonado o interior do país.

“Estou a olhar para o panorama à direita, que é o que me preocupa, que é termos uma alternativa de Governo a António Costa, e, neste momento, vejo o PSD igual ao PS e é isso que me preocupa”, disse.

André Ventura, que falava aos jornalistas após uma visita à Feira das Cebolas, em Portalegre, acompanhado pelo cabeça de lista do Chega ao município, desafiou ainda o líder do PSD, Rui Rio, que esteve na quinta-feira naquela cidade, a regressar à região para justificar a falta de investimento no interior.

“Gostava de ver Rui Rio aqui, em Portalegre, se calhar a ouvir comentários negativos das pessoas como eu ouço noutras partes do país. Assim é que um político faz. Eu não vou só onde estou bem, vou onde sou insultado, onde sou ofendido e aqui em Portalegre sempre fui muito acariciado, mas em Portalegre estamos no sétimo dia de campanha eleitoral. Antes estive em zonas onde não fui tão bem recebido”, disse.

“Rui Rio devia aprender isso e vir aqui ao interior do país justificar porque é que o PSD, durante 47 anos [de democracia], esteve no Governo durante 20 anos e o interior está como está”, desafiou.

O líder do Chega acusou ainda o Governo socialista de António Costa de ter também abandonado o interior e disse que no seu discurso destaca o PSD porque no PS e no seu secretário-geral já não tem “nenhuma confiança”. O primeiro-ministro, acrescentou, está no cargo há sete anos e “agora é que anda a fazer promessas eleitorais”.

“Eu na última semana vi António Costa a prometer uma maternidade em Coimbra, uma nova estrada em Penafiel, mil milhões [de euros] para os municípios. Então onde é que andou nos últimos sete anos?”, questionou.

André Ventura criticou ainda o facto de Portalegre, um dos distritos “mais extensos” do país, eleger apenas dois deputados para o parlamento, considerando que esta situação “não é de um país equilibrado”.

Recordando que estava pela “sétima vez” de visita Portalegre desde que lidera o Chega, André Ventura, acompanhado pelo cabeça de lista do partido ao município, Luís Lupi, prometeu ainda que, caso um dia o seu partido forme Governo, vai criar um programa nacional de reabilitação do interior.

“Nós precisamos de um grande programa nacional de reabilitação de infraestruturas, na área da Justiça, na área dos serviços postais, na área dos serviços públicos, que permita canalizar uma parte dos investimentos europeus para isto, para reabilitar tribunais, para reabilitar esquadras de polícia que em muitos destes sítios estão completamente degradadas, para reabilitar serviços públicos, porque isto traz em emprego, traz empresas e ajuda a fixar pessoas”, disse.

O líder do Chega quer ser “a voz” do interior e acredita que nas eleições autárquicas do próximo domingo vai alcançar um “grande resultado” no distrito de Portalegre, à semelhança do que considera ter acontecido nas mais recentes eleições legislativas e presidenciais.

“Portalegre tem sido um bocado o símbolo da nossa mensagem, o abandono do interior, algumas minorias que entendem que estão acima da lei e que podem fazer o que querem, o abandono das forças policiais, a falta de apoio a famílias e empresas. Portalegre é o símbolo da mensagem do Chega”, afirmou.

Recebido com insultos

A iniciativa juntou dezenas de apoiantes, mas também manifestantes em protesto contra os ataques de André Ventura à comunidade cigana.

André Ventura rumou ao distrito de Portalegre. Terreno fértil para o líder do Chega, que alcançou na região em janeiro o melhor resultado eleitoral.

O forte aparato policial fazia antever momentos de tensão. “Elvas, bons anfitriões. Para o Ventura, balas de canhões”, “o problema não são os ciganos, o problema és tu racista”, podia ler-se em cartazes exibidos por dois manifestantes.

“Fascismo nunca mais, 25 de Abril sempre”,”Racista, Racista, Racista”, gritavam outros, refere o Expresso.

Ventura reagiu com a sua habitual ironia. “Até desconfio que alguns tachos que ali estão foram pagos com os nossos impostos”, referiu.

O ânimos exaltaram-se e elementos do corpo de intervenção da PSP – que cercavam a praça – acabaram por intervir, afastando os manifestantes de etnia cigana.

ZAP //

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