O presidente do BCE admitiu esta segunda-feira que a instituição poderá vir a obrigar os principais bancos da zona euro a cortar nas remunerações dos administradores e nos dividendos quando assumir a função de supervisor bancário único.
Mario Draghi esteve hoje na Comissão de Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Em resposta a um eurodeputado, Mario Draghi recordou que o BCE só assume em novembro as novas responsabilidades de supervisão bancária, mas admitiu que quando o fizer poderá vir a apertar as regras sobre remunerações.
“Quando acontecer, o BCE poderá pedir cortes de dividendos, de salários, como eu fiz no Banco de Itália quando fui governador“, disse Mario Draghi, em Bruxelas.
Draghi afirmou que, por agora, o que o BCE fez foi orientar os supervisores nacionais para que tomem esse tipo de práticas: “Alguns fizeram, mas nem todos”.
A partir de novembro deste ano, no âmbito do mecanismo único de supervisão – uma das três ‘pernas’ da futura União Bancária -, o BCE vai assumir a supervisão direta dos principais bancos europeus. Em Portugal, serão a Caixa Geral de Depósitos, o BPI, o BCP e agora o Novo Banco.
Já os supervisores nacionais ficam com a competência das instituições mais pequenas, mas sob o controlo do BCE.
De momento, o BCE está a avaliar o balanço dos cerca de 130 bancos que supervisionará diretamente – e que representam 80% dos ativos da zona euro – e realizará também testes de ‘stress’.
Draghi disse ainda que poderá obrigar os bancos a usar os lucros para reforçarem a sua base de capital.
/Lusa