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11 milhões de raparigas em risco de não voltar à escola depois da pandemia

Número é avançado pela Organização das Nações Unidas. Fecho das escolas motivado pela pandemia é o principal motivo para o afastamento das crianças do ambiente escolar, sendo que, em alguns casos, a hipótese de regressarem é nulo. Impacto da covid-19 na educação é considerado “o maior disruptor” na história moderna.

A Organização das Nações Unidas estima que 11 milhões de raparigas em todo o mundo não possam regressar à escola depois de a pandemia da covid-19 ser dada como circunscrita.

A previsão justifica-se com o peso desigual das consequências económicas resultantes da pandemia, o qual atinge desproporcionalmente as mulheres — com o teletrabalho a deixar a nu as responsabilidades que as mulheres ainda têm de suportar em contexto doméstico, nomeadamente a supervisão de crianças.

Agora, uma nova geração de raparigas core o risco de ficar desprovida dos benefícios socioeconómicos inerentes à educação e escolaridade.

Em 2020, um relatório lançado pela UNESCO revelou que uma maior taxa de abandono escolar entre raparigas não só aprofunda as desigualdades de género como aumenta o risco de exploração sexual e casamentos forçados. De acordo com Fórum Económico Mundial, serão necessários 130 anos para acabar com o fosso da desigualdade de género — que aumentou só durante o último ano.

Segundo Emiliana Vegas, codiretora e investigadora no Centro para a Educação Universal de Brookings, “não podemos ver apenas o impacto desta tendência nesta geração de raparigas, mas também nas gerações futuras, porque sabemos que uma mãe com escolaridade é o melhor indicador de sucesso para as crianças — em termos da sua capacidade de ir para a escola e do seu estado de saúde” — disse à CBS News.

Os economistas, por sua vez, defendem a reabertura imediata das escolas de todo o mundo como a melhor solução para por termo ao problema.

O assunto já foi discutido em sede de G7, com as sete grandes potências mundiais a anunciar o objetivo de ter mais 40 milhões de raparigas a frequentar as escolas em países de baixos e médios rendimentos. “Nós reconhecemos que a covid-19 foi o maior disruptor da educação na história moderna, afetando todas as crianças, mas especialmente as raparigas e os mais desfavorecidos”, pode ler-se no comunicado do G7.

A discussão em torno do assunto surge numa altura em que o Reino Unido, que preside atualmente ao G7, anunciou a redução de funções para o programa Family Planning das Nações Unidas.

Durante a cimeira das ONU dedicada às mulheres, realizada no último mês, a UNESCO anunciou o lançamento de um programa de cinco anos que prevê o foco na questão da divisão digital de género.

“Corremos o grande risco de perder uma geração de raparigas devido ao fecho das escolas motivado pela pandemia da covid-19 e por não voltarem. Precisamos de fazer um esforço não só para abrir as escolas, mas para recrutarmos as raparigas para regressarem”, acrescentou Vegas.

ARM, ZAP //

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