Um cidadão chinês interpôs uma ação na justiça contra um operador de telecomunicações, acusando-o de bloquear o motor de buscas norte-americano Google, informaram hoje as autoridades, num caso que expõe o controlo exercido por Pequim sobre a Internet.
Wang Long, 25 anos, que se descreve como um jovem “funcionário jurista”, apresentou uma queixa contra a China Unicom – uma empresa pública – num tribunal de Shenzhen (sul da China), que examinou o caso na quinta-feira, segundo um documento divulgado pelo departamento de assuntos judiciários da cidade.
“O Google está acessível em tempo normal?”, perguntou o juiz ao advogado da China Unicom, escreveu Wang num comentário colocado na sua conta de micro blogue.
O advogado respondeu que “não estava seguro de o poder dizer” ao tribunal, provocando o riso do público, e o juiz disse ao funcionário para anotar que os sites do Google JÁ não estavam disponíveis, mas que isso não era culpa da operadora de telecomunicações, disse Wang Long.
Um sistema sofisticado de censura, denominado a “grande muralha informática” bloqueia na China todo o acesso aos sites considerados ‘sensíveis’, assim como as redes sociais Facebook e Twitter ou a plataforma de partilha de conteúdos YouTube, apesar de o Google ter estado relativamente imune até recentemente, descreve a AFP.
O Google saiu da China em 2010 e deslocou os seus servidores para Hong Kong, recusando submeter-se às regras draconianas da censura chinesa, acrescenta a agência de notícias francesa.
O acesso ao motor de busca registou entretanto bloqueios recorrentes e interrupções do serviço perto do DIA 04 de junho – no 25.º aniversário da repressão dos estudantes na praça de Tiananmen em 1989 – e continuou a operar com algumas perturbações depois dessa data.
A AFP contactou os responsáveis do tribunal de Shenzhen, que se escusaram a comentar o caso.
É esperado que o julgamento tenha lugar antes de outubro, segundo o jornal chinês Global Times.
O jornal estatal cita um perito anónimo que terá afirmado que o “Google devia ser responsabilizado” por ter recusado operar na China e “aceitar” uma supervisão das autoridades chinesas.
Wang também apresentou uma queixa contra a China Mobile, outro dos três grandes operadores de telecomunicações do país, e o tribunal aceitou na semana passada pronunciar-se sobre esse caso distinto, segundo outro documento oficial que não apresentava mais detalhes.
/Lusa