As matérias-primas agrícolas sobem com a conjugação do maior consumo e menor oferta por força das más colheitas em países como o Brasil e França, atingidos pelo mau tempo. Desta forma, prevê-se que, nos próximos meses, os alimentos vão ficar mais caros.
Segundo o Jornal de Negócios, as previsões de indústrias e produtores baseiam-se na escassez das matérias-primas agrícolas, e a consequente subida de preço, e em outros fatores de produção.
A crise provocada pela pandemia foi uma das responsáveis pelos atrasos na produção, escassez de recursos humanos, demora nas entregas e pelo aumento dos custos com transporte e logística, explicita o presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agro-Alimentares (FIPA), Jorge Tomás Henriques.
O responsável da FIPA disse ao Expresso que nos últimos meses também surgiram “fatores imponderáveis” relacionados com as matérias-primas, como os “fenómenos naturais” que afetaram culturas como a do milho na América do Sul, assim como a “greve prolongada” dos trabalhadores da soja na Argentina.
“E se o milho aumenta, o trigo e a soja também, porque há um efeito de substituição”, explica o presidente da Associação dos Industriais de Alimentos Compostos para Animais (IACA), José Romão Braz.
O responsável pela detentora de marcas como a Milaneza e a Nacional descreve o cenário como “uma tempestade perfeita”.
“A manter-se o cenário atual, os preços deverão subir entre 5% e 10%, à semelhança do que já se passa nos Estados Unidos”, esclarece o líder da IACA. “A expectativa é a de que o preço das rações continue a aumentar. Isso vai criar uma pressão adicional para os produtores agropecuários, que vão ter necessidade de repercutir os aumentos nos valores que praticam”, continua.
Contudo também há escassez nas matérias-primas das embalagens.
Por exemplo, a Sumol+Compal teve de recorrer a novos fornecedores, pois as “As matérias-primas onde sentimos mais impacto foram as relacionadas com materiais de embalagem, nomeadamente, plásticos, alumínio e cartão, uma vez que a origem de uma parte é na Ásia”, refere fonte da empresa.