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Novo Banco vendido ao BCPE. Um negócio feito à pressão, onde os “contribuintes saem a perder”

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António Cotrim / Lusa

A Lone Star anunciou que chegou a acordo com o grupo bancário francês BPCE para a venda do Novo Banco por um montante equivalente a uma valorização de 6.400 milhões de euros para 100% do capital social.

“O Novo Banco, S.A. (“novobanco” ou o “Banco”) informa que o seu acionista maioritário, a Nani Holdings S.à r.l. (uma entidade detida pela Lone Star Funds), assinou um Memorando de Entendimento para a venda da sua posição acionista ao BPCE, por um montante equivalente a uma valorização de aproximadamente €6,4 mil milhões, no final de 2025, para 100% do capital social”, lê-se num comunicado enviado esta setxa-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

A conclusão da transação está prevista para o primeiro semestre de 2026.

O grupo francês destaca que a compra do Novo Banco, “representando um montante de aproximadamente 6.400 milhões de euros (para 100% do capital) e um múltiplo de cerca de 9x os ganhos anuais, é a maior aquisição transnacional na zona euro em mais de 10 anos”.

“Após a conclusão da transação, Portugal tornar-se-á o segundo maior mercado retalhista nacional do Grupo”, enfatiza.

Mas… “contribuintes saem a perder”

Em declarações à Antena 1, o economista e professor na Porto Business School Filipe Grilo considera que os 6.400 milhões de euros são curtos, demonstrando que o Novo Banco nunca conseguiu recuperar da herança deixada pelo BES.

“Diria que é o negócio possível (…) Este valor fica um pouco aquém das estimativas que tínhamos, tendo até em conta o dinheiro que foi injetado no Novo Banco pelo Governo Português. Houve ali, claramente, uma destruição de valor quando se fez a passagem do BES para o Novo Banco. Passados 10 anos, ainda não recuperámos esse valor. Isso é o que este negócio quer dizer”, apontou.

Referindo-se também à venda dos 25% de capital que o Estado detinha no Novo Banco, Filipe Grilo considerou que quem sai a perder são os contribuintes: “claramente que estamos nós, contribuintes, a perder com este negócio”.

Governo teve peso na decisão

O especialista salientou ainda o “detalhe importante” de a venda não ter sido feita a um grupo espanhol – uma prioridade do Governo. No entanto, para a evitar tal cenário, este negócio pode indicar que foi feito sob alguma pressão.

É curioso o Governo, à última hora, conseguir arranjar um comprador que não fosse espanhol, que acaba por ser um detalhe importante, tendo em conta que o próprio ministro das finanças disse que não ficava muito confortável que o banco fosse vendido a mais um grupo espanhol. Portanto, nota-se algum peso do Governo nesta decisão”, detalhou.

Quase 2 mil milhões recuperados

O Novo Banco foi criado em 2014 para ficar com parte da atividade bancária do Banco Espírito Santo (BES), na resolução deste.

Desde 2017, quando o Novo Banco foi vendido à Lone Star, o Fundo de Resolução bancário injetou 3.405 milhões de euros no banco, provocando várias polémicas políticas e mediáticas. Com o fim antecipado deste mecanismo, em final de 2024, tornou-se possível a venda do Novo Banco e que este pague já dividendos. A Lone Star anunciou para este ano a venda de parte do banco em bolsa e um plano de distribuição de dividendos para tornar a instituição atrativa para os investidores.

Com esta venda, o Ministério das Finanças anunciou, esta terça-feira, que o Estado vai “recuperar” quase 2 mil milhões de euros injetados no Novo Banco.

Natixis no Porto emprega mais de 3.000 pessoas

O Groupe BPCE apresenta-se como o segundo maior grupo bancário em França e o quarto maior da zona euro em termos de capital, tendo 100.000 trabalhadores e 35 milhões de clientes em todo o mundo.

Empregando atualmente mais de 3.000 pessoas em Portugal, o BPCE refere que a abertura em 2017 de um centro de competências multiempresarial no Porto (a Natixis) “veio aprofundar os vínculos locais”.

Para o Novo Banco, a decisão do acionista maioritário de avançar com uma venda direta ao BPCE “representa uma oportunidade estratégica, posicionando o banco para integrar um dos maiores e mais sólidos grupos financeiros europeus”.

“Ao integrar o novobanco no Grupo, nomeadamente ao lado das redes bancárias Banque Populaire e Caisse d’Epargne, o BPCE reforçará o seu papel como um importante parceiro de desenvolvimento da economia portuguesa”.

Miguel Esteves, ZAP // Lusa

2 Comments

  1. Os bancos em Portugal estão a roubar os Portugueses com os preços criminosos/ilegais que cobram de comissão e contam com o apoio e colaboração do regime que impede o Estado de intervir para pôr cobro a este crime praticado pelas instituições bancárias.
    É preciso averiguar qual foi a justificação e o critério para a empresa «Natixis» se instalar na Cidade do Porto, visto que nada produz nem traz qualquer desenvolvimento, benefício, e bem-estar para a Cidade e os Portuenses, sendo uma forma de dar emprego aos fracassados do 12º ano, licenciaturas, mestrados, doutoramentos, e aos Estrangeiros (para justificar a sua presença em Portugal), e qual é o envolvimento do Executivo liberal/maçónico do «Porto, o Nosso/Porto, o Nosso Movimento/Aqui Há Porto» em todo este esquema.

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