Somente 37% dos portugueses recusam líder autoritário, revela estudo

Um estudo da Gulbenkian, divulgado esta sexta-feira, revelou que baixou para 37% a percentagem de portugueses que não quereriam ser governados por um líder autocrático, que não tivesse de se submeter ao parlamento ou a eleições.

O estudo, intitulado “Os valores dos portugueses” e referido esta sexta-feira pelo Expresso, mostrou que 3,7 em cada 10 portugueses responderam que seria “mau” ou “muito mau” ser governado por um líder autocrático. Em 1998, essa percentagem era de 41%, o que sugere que os portugueses estão agora mais disponíveis para líderes autoritários.

A pesquisa, realizada pelos investigadores Alice Ramos e Pedro Magalhães, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, apontou ainda que, em 2020, 66% dos portugueses rejeitavam um regime militar, face aos 75% de 1999.

Portugal ocupa a 10.ª posição entre os países analisados, depois da Macedónia, Azerbaijão ou Arménia, com maior tolerância a autocracias do que países como a Lituânia, a Bósnia-Herzegovina ou a Croácia. Em países como Islândia, Noruega, Finlândia e Áustria são mais de 80% os cidadãos que não querem líderes autoritários a governar os seus países.

Pedro Magalhães disse que Portugal não é “a única democracia ocidental onde isto está a acontecer. O caso mais evidente e estudado em todo o mundo é o americano”, onde o fenómeno estará relacionado com “o aumento da polarização ideológica” e um número crescente de pessoas que “trocam a democracia pela defesa de posições muito extremas”.