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Leis draconianas na Malásia. Fahmi Reza foi detido por insultar a rainha com playlist no Spotify

A sátira desempenha um importante papel na sociedade. Na Malásia, as leis draconianas estão a reacender o debate em torno da liberdade de expressão.

Fahmi Reza, um artista gráfico e ativista social malaio, foi detido no dia 23 de abril por ter, alegadamente, insultado a rainha do país com uma playlist no Spotify.

Em comunicado, as autoridades explicaram que Reza, que já estava a ser investigado sob as leis de sedição e comunicação da Malásia, fez uma playlist com músicas que continham a palavra “ciúme” e ilustrou-a com uma fotografia da rainha Tunku Azizah Aminah Maimunah Iskandariah.

Na mesma semana, a rainha fez um comentário, nas redes sociais, a responder a um utilizador que questionava se os chefs do palácio já tinham sido todos vacinados. Na resposta, a conta da monarca questionou se o seguidor estava com ciúmes, o que causou alvoroço nas redes sociais, escreve o Aljazeera.

A detenção de Fahmi Reza, que acabou por ser libertado sob fiança, reacendeu o debate sobre a liberdade de expressão no país do sudeste asiático, onde ser-se criativo é uma tarefa difícil, prejudicada pelas leis restritivas e pelas sensibilidades políticas, religiosas e culturais.

Mesmo antes da sua detenção, a 21 de abril, Reza defendeu, no Twitter, o direito dos artistas à liberdade de expressão.

“Num um país onde artistas, designers e satiristas foram censurados, presos e encarcerados pela sua arte, é importante que esta forma vital de expressão artística – paródia e sátira como forma de protesto político – continue a ser praticada e defendida a todo custo”, lê-se na publicação.

Em 2016, Fahmi Reza foi ameaçado pelas autoridades malaias por ter publicado memes nas redes sociais a troçar do ex-primeiro-ministro do país, Najib Razak, que estava envolvido num escândalo de corrupção.

Já em março deste ano, o ativista foi avisado pela polícia de que dois tweets seus estão a ser alvo de investigação por, supostamente, difamarem o ministro da saúde da Malásia.

Liliana Malainho, ZAP //

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