Os dirigentes socialistas têm estado num silêncio sobre o caso José Sócrates. Fernando Medina, presidente da Câmara Municipal de Lisboa, reagiu, afirmando que a acusação do juiz de instrução Ivo Rosa é de “enorme gravidade e singularidade”.
Esta terça-feira, no espaço de comentário na TVI24, Fernando Medina reagiu à acusação de José Sócrates afirmando que, do ponto de vista “ético e moral”, há um “facto da maior gravidade e singularidade” que é o de “pela primeira vez na nossa história conhecida, termos em julgamento, por um crime no exercício de funções, um ex-primeiro-ministro”.
“Alguém que exerce funções de primeiro-ministro, como outro eleito, tem uma suprema responsabilidade, a responsabilidade dos milhões das pessoas que votaram e dos milhares que o apoiaram diretamente. [A confiança] é colocada em causa quando se vê uma decisão do tribunal desta natureza”, disse, citado pelo Expresso.
Apesar de salvaguardar que a justiça ainda irá avaliar se Sócrates é ou não culpado, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa referiu que não tem dúvidas que, “independentemente da natureza mais ou menos extensa do crime, sabemos que é um crime em exercício de funções com uma moldura penal” grave.
Ter sido cometido no exercício de funções é o “facto mais importante e o facto fundador de um profundo sentimento de desconfiança na sociedade portuguesa e descrença na relação entre eleitores e eleitos”.
Depois de romper o silêncio que tem sido regra dentro do PS desde a última sexta-feira, Medina, que foi secretário de estado nos governos de José Sócrates, acrescentou que a ausência de justificação para a existência do dinheiro “é algo que marca de forma profundamente negativa o sentimento de bem-estar e confiança na sociedade portuguesa.”
Assim, e pela falta de explicações, o comportamento de José Sócrates, “corrói a nossa vida democrática”.
No mesmo espaço de comentário, o autarca acrescentou que a justiça tem de pensar no seu funcionamento porque este caso “é todo um manual do que está profundamente errado no sistema de justiça“.
Na última sexta-feira, o antigo primeiro-ministro foi ilibado dos crimes de corrupção na Operação Marquês, mas o juiz Ivo Rosa acusou-o declaradamente de se ter “vendido” ao amigo Carlos Santos Silva. Só que o crime já prescreveu e, portanto, Sócrates está apenas acusado de branqueamento de capitais, arriscando até 12 anos de prisão.
Apenas confirma o que já se sabe há muito, já está bem mais do que corroído, está podre!