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“Balizas certas”. Rio apoia Costa no desconfinamento, mas teria sido mais “prudente” nas escolas

Inácio Rosa / Lusa

O presidente do PSD afirmou que o plano de desconfinamento do Governo tem “as balizas certas” e segue uma metodologia defendida pelos sociais-democratas, mas admitiu que teria sido mais prudente na reabertura das escolas do 1.º ciclo.

“Relativamente à decisão em concreto para segunda-feira, teria sido um pouco mais prudente na questão das escolas e não teria incluído já o primeiro ciclo. Atrasaria por 15 dias a abertura do primeiro ciclo”, afirmou Rui Rio, questionado sobre o tema numa conferência de imprensa de apresentação de candidatos autárquicos em Coimbra.

O líder do PSD manifestou a concordância com a metodologia em que assenta o plano de desconfinamento apresentado na quinta-feira pelo primeiro-ministro, faseada e com base em indicadores definidos por especialistas. “É uma metodologia que já deveria ter sido adotada há mais tempo, mas é melhor agora que nunca”.

“O país tem as balizas certas para saber como vai evoluir”, afirmou ainda o líder laranja, acrescentando que os sociais-democratas já defendiam que a reabertura gradual teria de ser baseada em critérios objetivos.

Genericamente, Rui Rio apoia o plano apresentado pelo Governo.

Bloco pede testes em massa, PCP critica “conta-gotas”

Reagindo ao plano apresentado, o líder parlamentar bloquista defendeu a necessidade “testar em massa”, “rastrear com recursos” e acelerar a vacinação, para que haja um desconfinamento em segurança das restrições impostas para combater a pandemia.

“É necessário que, para lá do plano [de reabertura], a execução esteja à altura das necessidades do país. Testar em massa não pode ser apenas um objetivo que fique no papel porque, desde janeiro, o Governo diz que o quer fazer, mas ainda não o fez”, lamentou Pedro Filipe Soares, nos Passos Perdidos do parlamento.

Rastrear com recursos suficientes não pode ficar no papel. Já há vários meses que o Governo diz que pretende ter uma capacidade de rastreio alargada, mas esse rastreio não tem acompanhado a situação”, continuou o deputado do BE.

Já o PCP, discorda do plano de desconfinamento “a conta-gotas” apresentado pelo Governo, que apelidou de conservador, e afirmou hoje que deveria “ter ido mais longe”, com a reabertura total das escolas e do pequeno comércio.

As medidas do Governo vão “acentuar a crise económica e social, com o aumento do desemprego, o encerramento de milhares de micro, pequenas e médias empresas (MPME) e o agravamento do empobrecimento e das desigualdades”, afirmou, em conferência de imprensa, em Lisboa, Jorge Pires, da comissão política do PCP.

Questionado sobre as áreas em que o executivo poderia ter “ido mais além”, Jorge Pires deu o exemplo das escolas, que deveriam reabrir em todos os graus de ensino, com aulas à distância desde janeiro como forma de conter a epidemia de covid-19, e também no pequeno comércio. É um plano de desconfinamento “conservador”, sintetizou.

Duras críticas à direita

CDS, Iniciativa Liberal e Chega reagiram ao plano de desconfinamento com duras críticas ao Governo, falando num plano “tardio” e que pode gerar inseguranças.

O presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, defendeu que o plano de desconfinamento apresentado pelo Governo “privilegia velocidade à razoabilidade” e “deveria obedecer a critérios de prudência e gradualismo”.

“A opinião do CDS face a este plano de desconfinamento é que ele privilegia a velocidade à razoabilidade. O Reino Unido apresentou um plano de desconfinamento, sendo que lá a vacinação está muito mais avançada e a testagem muito mais massificada, e o calendário é muito mais espaçado para as diferentes atividades, portanto é mais cauteloso e prudente do que aquele que foi apresentado pelo Governo”, afirmou o líder centrista.

A Iniciativa Liberal considerou que o plano de desconfinamento apresentado pelo Governo “é tardio”, devia ser “mais célere” e continua a ter “demasiados muros restritivos” à liberdade dos cidadãos, saudando a reabertura parcial das escolas.

“O plano apresenta a boa notícia da abertura das creches, pré-escolar e escolas do primeiro ciclo para a semana. É um muro derrubado. Faltam outros (…) Para a Iniciativa Liberal, todas as escolas deveriam estar abertas, com a devida testagem massiva, nomeadamente aos profissionais que lá trabalham”, defendeu a IL, numa posição oficial enviada à Lusa.

Por sua vez, o presidente do Chega, André Ventura, classificou o plano como demasiado faseado e gerador de “insegurança” e “intranquilidade” e sugeriu existir dessintonia entre primeiro-ministro e Presidente da República.

“O Governo falhou na missão de dar clareza a este desconfinamento. Aliás, o facto de o Presidente não querer ter voz ativa neste plano, ao contrário de todos os outros, é bem sintomático, não só do descrédito deste plano como da desconfiança que o próprio Presidente tem em relação a esta estratégia”, considerou.

O Chega tem exatamente a mesma desconfiança. Este é um plano difícil de compreender e que gera intranquilidade e insegurança”, rematou.

ZAP //

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