No ano passado, um surto de legionella atingiu o norte do país e acabou por fazer 15 vítimas mortais. Joaquim Maria Ferreira, de 85 anos, foi o primeiro a falecer e agora a equipa de advogados da família suspeita que o Hospital Pedro Hispano poderá ter estado na origem do surto.
Após quatro meses após a morte do idoso, a equipa de advogados da família suspeita que o Hospital Pedro Hispano poderá ter estado na origem do surto e ponderam recorrer à Lei da Ação Popular para responsabilizar o hospital e o próprio Estado.
António Barreto Archer, advogado da família da vítima, disse à SIC que Joaquim “estava praticamente confinado à sua casa, portanto pouco saía, vivia na Póvoa de Varzim, as únicas deslocações que tinha era ao Hospital Pedro hispano, para ir às consultas“.
O advogado recorda que “foi após uma dessas consultas que (o idoso) começou a sentir-se doente e voltou ao hospital, foi internado no dia 2 de novembro e acabou por falecer no dia 5, com um diagnóstico confirmado de pneumonia por legionella“.
Perante os factos, Barreto Archer revela que uma das hipóteses colocada pela equipa de advogados é que a fonte do surto tenha sido o próprio hospital Pedro hispano.
Os advogados sublinham ainda que as autoridades de saúde demoraram muito tempo a reagir. Realçam que a única medida tomada foi o encerramento das torres de refrigeração de duas empresas em Matosinhos, contudo isso só aconteceu quase duas semanas depois de ter sido dado o alerta.
A falta de celeridade no tratamento do assunto é apontada pelos advogados como uma possível causa de até hoje não existirem conclusões claras sobre o surto.
Agora, os advogados ponderam recorrer à lei de ação popular. “Entendemos que neste caso, não sendo identificada uma origem, há uma responsabilidade do estado, porque tem obrigação legal e isto é uma questão de saúde pública, e o estado aqui tem a obrigação de proteger os cidadãos“.
O surto de legionella atingiu os concelhos de Matosinhos, Póvoa de Varzim e Vila do Conde em outubro de 2020.
Ao todo 88 pessoas contraíram a doença do legionário e as autoridades de saúde confirmaram 15 mortes associadas.
Na altura, o Ministério Público (MP) determinou a abertura de um inquérito para investigar as causas do surto e este ainda continua aberto.