António Costa reuniu-se com deputados do PS para elucidar sobre a aplicação da bazuca europeia. O primeiro-ministro prometeu um plano nacional para os setores mais afetados.
Com as eleições autárquicas à porta e 16 mil milhões de euros de uma bazuca de Bruxelas, há uma pressão do partido para distribuir fundos de maneira favorável a todos os objetivos. Numa tentativa de tentar controlar os ânimos, António Costa promoveu uma reunião fechada com os deputados socialistas, onde deu um guião sobre a bazuca e tentou travar tentações eleitorais, avança o Observador.
O primeiro-ministro lembrou que a bazuca, por imposição de Bruxelas, não serve para tudo, tendo como principal propósito resolver problemas. Perante as críticas de falta de respostas aos setores da restauração, cultura e turismo, três dos mais afetados durante a pandemia, Costa adiantou que vai haver um plano nacional.
Além do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), há ainda o REACT — o apoio adicional à política de coesão, que vigora até 2022 — e o quadro financeiro plurianual, que vai até 2027.
Nesta reunião, António Costa foi criticado por ter feito vídeos sobre o PRR, mas que foi o único a dar explicações e que já deviam ter sido dadas há mais tempo. “A comunicação foi deficiente por falta de explicação do Governo”, aponta um socialista. “Não se explicou bem”, atira outro dos deputados.
Costa realçou ainda que este “não é mais um pacote financeiro, mas um plano em que não dá para brincar porque tem regras muito restritas”. Medidas para estimular a economia, a transição climática e a transição digital são prioritárias, de acordo com indicações da União Europeia.
O chefe de Governo lembrou a carta aberta do setor da cultura, onde foi acusado de mandar o setor “comer transição digital”, explicando que a aposta na transição digital não invalida os apoios à Cultura e a outros setores afetados severamente pela pandemia de covid-19.
Em declarações ao Observador, o deputado Luís Testa explicou que “o PRR não financia despesa corrente, mas de capital. Na cultura, por exemplo, não é possível usar este plano para financiar programação artística”.
Por sua vez, a líder parlamentar Ana Catarina Mendes, salientou que o PRR “não pode ser visto como um instrumento isolado, mas na conjugação com todos os instrumentos seja o PT2030, sejam todos os apoios dados ao longo do ano”.
É com base no dinheiro que sobre do PT2020 e do novo quadro financeiro plurianual que o Governo vai conseguir financiamento para o plano nacional para os setores mais afetados, prometido por Costa nesta reunião.