Uma equipa de físicos da Universidade Rice, nos EUA, descobriu uma forma de prender o plasma mais frio do mundo no interior de uma garrafa magnética.
O objetivo da equipa da universidade norte-americana era entender como se comporta a sopa de eletrões e iões, a que chamamos de plasma, num campo magnético.
Com a ajuda de estrôncio arrefecido a laser, o investigador Tom Killian e os estudantes Grant Gorman e MacKenzie Warrens fizeram um plasma de cerca de 1 grau acima do zero absoluto (ou, aproximadamente, -272 graus Celsius), e prenderam-no com as forças dos ímanes à sua volta.
Esta foi a primeira vez que investigadores conseguiram confinar magneticamente plasma ultrafrio.
A experiência forneceu “um ambiente de teste limpo e controlável para estudar plasmas neutros em locais muito mais complexos, como a atmosfera do Sol ou estrelas anãs brancas”, disse Killian, professor de física e astronomia, em comunicado. “É muito útil ter um plasma tão frio e sistemas de laboratório limpos.”
Stephen Bradshaw, coautor do artigo científico publicado na Physical Review Letters, considera que este estudo é especialmente esclarecedor no que diz respeito aos fenómenos de plasma no Sol, uma vez que, em toda a atmosfera, o seu forte campo magnético “altera tudo de forma subtil, mas complicada”, capaz de confundir os cientistas.
De acordo com Killian, prender o plasma com os ímanes foi um desafio porque o campo magnético destrói o sistema ótico que os físicos usam para observar os plasmas ultrafrios. Além de tornar a tarefa muito mais espinhosa, os campos magnéticos também mudam dramaticamente em todo o plasma.
“Temos de lidar não apenas com um campo magnético, mas com um campo magnético que varia no espaço, de uma forma razoavelmente complicada, para entender os dados e descobrir o que está a acontecer no plasma”, resumiu o líder da investigação.
O comportamento do plasma também é influenciado pelo campo magnético, o que torna esta técnica de captura muito útil. O vento solar é um exemplo na natureza que poderia beneficiar deste salto na investigação, já que quando quando o plasma do vento solar atinge a Terra, interage com o campo magnético do nosso planeta, mas os detalhes dessas interações ainda não são claros.
O responsável pela pesquisa acrescentou ainda que a configuração magnética quandrípolar que os cientistas usaram para engarrafar o plasma é semelhante aos designs que os cientistas de energia de fusão desenvolveram na década de 1960. Tal como o plasma ultrafrio, o plasma para a fusão (que precisa de ter cerca de 150 milhões de graus Celsius) é muito difícil de conter magneticamente.
No fundo, há muitas perguntas não respondidas sobre de que forma o plasma e os campos magnéticos interagem e se influenciam um ao outro. “Observar tudo num plasma de laboratório bom e puro poderia ajudar-nos a entender melhor como interagem as partículas com o campo”, rematou Bradshaw.