Das plantas aos animais, dos desertos aos oceanos: a vida na Terra pode andar a seguir uma simples e universal regra.
Um novo estudo, publicado a 4 de junho na revista Nature Ecology & Evolution , revela que esta regra única concentra a biodiversidade em áreas específicas, com cada vez menos espécies à medida que nos afastamos dessas zonas centrais.
O padrão manifesta-se globalmente em mais de 30 mil espécies de vertebrados terrestres e marinhos, invertebrados e plantas, dizem os investigadores — que apelidam o fenómeno de “filtragem ambiental”. Apenas as espécies capazes de tolerar condições locais específicas são capazes de sobreviver e prosperar, organizando-se, assim, a vida, no espaço previsível — “até certo ponto”.
“Em todas as biorregiões, existe sempre uma área central onde vive a maioria das espécies. A partir dessa área central, as espécies expandem-se para as áreas circundantes, mas apenas um subconjunto consegue persistir. Parece que estas áreas centrais proporcionam condições ideais para a sobrevivência e diversificação das espécies, atuando como uma fonte a partir da qual a biodiversidade se irradia para o exterior”, explica o autor principal, Rubén Bernardo-Madrid, citado pelo IFL Science.
Apesar das diferenças climáticas, geográficas e evolutivas, o mesmo padrão foi observado em todo o mundo. “Não importa se o fator limitante é o calor, o frio, a seca ou a salinidade. O resultado é sempre o mesmo: apenas as espécies capazes de tolerar as condições locais se estabelecem e persistem, criando uma distribuição previsível da vida na Terra”, disse Manuela González-Suárez.
Os investigadores argumentam que estas descobertas têm implicações importantes para a conservação. Uma vez que os núcleos de biodiversidade têm uma influência desproporcional sobre as áreas circundantes, priorizá-los nas estratégias de proteção ambiental poderia melhorar significativamente os esforços de conservação.