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Não vai haver “aterragem suave”. Banco Mundial alerta para década de fraco crescimento

World Bank / Flickr

O economista-chefe do Banco Mundial, Indermit Gill

Um relatório do Banco Mundial reviu esta terça-feira hoje em baixa as suas previsões para o crescimento mundial este ano, para 2,3%, alertando que a década de 2020 poderá registar o crescimento mais fraco dos últimos 60 anos.

De acordo com um relatório do Banco Mundial (BM) sobre as perspetivas económicas mundiais publicado esta terça-feira, o crescimento global da economia deverá atingir 2,3% este ano, uma queda de 0,4 pontos percentuais (p.p.) em relação ao que a instituição tinha antecipado no início do ano.

Esta tendência está em linha com as previsões publicadas nos últimos meses pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) e pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), confirmando a continuação do abrandamento da economia mundial.

“Há apenas seis meses, parecia estar à vista uma aterragem suave. Agora parece que estamos a caminhar para uma nova turbulência. Se não corrigirmos a trajetória, as consequências para os padrões de vida podem ser profundas”, alertou em conferência de imprensa o economista-chefe do BM, Indermit Gill.

Em causa estão os efeitos do aumento das taxas alfandegárias nos Estados Unidos por Donald Trump e a guerra comercial que daí resultou entre Washington e Pequim, com o consequente abrandamento do comércio mundial.

“Devido ao elevado nível de incerteza política e à crescente fragmentação do comércio, as nossas perspetivas para 2025 e 2026 deterioraram-se”, disse Gill, citado pela AFP.

Embora o Banco exclua o risco de uma recessão este ano, considera que “se as previsões para os próximos dois anos se concretizarem”, a economia mundial registará o seu crescimento médio mais fraco desde a década de 1960 nos primeiros sete anos da década de 2020.

O abrandamento está particularmente concentrado nas principais economias, sobretudo nas mais avançadas.

As perspetivas para a economia dos EUA foram revistas em baixa em quase 1 p.p. em relação a janeiro, prevendo-se agora 1,4% este ano, antes de uma ligeira recuperação para 1,6% em 2026.

As estimativas para economia da zona euro foram também revistas em baixa, em 0,3 pontos percentuais em relação ao relatório anterior, prevendo-se um crescimento de 0,7% este ano e um pouco melhor em 2026, com 0,8%.

As consequências são também muito reais para os países emergentes e em desenvolvimento, que “com exceção da Ásia, são atualmente zonas sem desenvolvimento”, afirmou Gill.

Para estes países, o crescimento médio deverá atingir 3,8% este ano, antes de subir ligeiramente para 3,9% em 2026 e 2027, uma média de 1 p.p. inferior à registada durante a década de 2010, sendo que a inflação deverá manter-se em níveis superiores aos registados antes da pandemia de Covid-19.

O abrandamento é acentuado nos principais países emergentes, com o crescimento chinês a situar-se agora em 4,5% este ano e a abrandar nos dois seguintes, enquanto a Índia está a aguentar-se melhor, com 6,3% em 2025.

O resto do mundo poderá, no entanto, recuperar se as tensões comerciais entre as principais economias mundiais abrandarem, o que teria um efeito positivo ao reduzir a incerteza política e a volatilidade financeira registadas nos últimos meses.

Em particular, “se todos trabalharem de boa-fé“, nomeadamente para “reduzir as barreiras pautais e não pautais com os Estados Unidos”, sublinhou Indermit Gill.

// Lusa

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