Investigadores descobriram que a pintura rupestre mais antiga já conhecida da Austrália é uma representação quase em tamanho real de um canguru.
De acordo com o site Live Science, esta pintura rupestre estende-se por quase dois metros (a altura aproximada de um canguru) do teto de um abrigo de pedra localizado na região de Kimberley, na parte norte da Austrália Ocidental.
A principal forma de datar as obras rupestres é através da datação por radiocarbono, o que implica que haja material orgânico na substância usada para criar a pintura, o que muitas vezes não acontece, como é o caso desta obra.
Por isso, os cientistas decidiram usar uma técnica de datação por radiocarbono, que nunca tinha sido usada antes, nesta pintura rupestre australiana, que envolveu analisar os ninhos de vespas que lhe estavam subjacentes e sobrepostos. Graças a ela, a equipa conseguiu determinar que esta obra de arte terá cerca de 17.300 anos, o que faz dela a pintura rupestre mais antiga da Austrália.
Segundo os investigadores, cujo estudo foi publicado esta segunda-feira na revista científica Nature Human Behaviour, esta e outras pinturas da região partilham certas características estilísticas com a primeira arte rupestre da Europa e da Ásia.
Geralmente, as pinturas rupestres de animais são feitas tendo em conta o seu tamanho original, representam a sua anatomia de forma muito semelhante e os contornos são preenchidos apenas parcialmente com linhas esboçadas.
Durante cinco anos, a equipa recorreu a esta técnica pioneira e analisou 27 ninhos associados a 16 pinturas rupestres diferentes da região. Foi assim que descobriram que a grande maioria foi pintada entre 17 mil e 13 mil anos atrás.
Embora seja impossível saber com certeza o que levou os primeiros artistas a criar estas obras de arte, a verdade é que o seu trabalho também é importante para perceber os ecossistemas em que viviam.
Segundo Damien Finch, candidato ao doutoramento da Escola de Ciências da Terra da Universidade de Melbourne e autor principal do estudo, estas pinturas rupestres complementam as evidências científicas que já existem sobre o clima e os níveis do mar, assim como as plantas e os animais daquela época.
“Agora, pela primeira vez, podemos combinar o que vemos nas pinturas com o que sabemos sobre o ambiente que existia naquele tempo, por volta do final da Idade do Gelo”, disse.