Os ministros europeus responsáveis pela Política Social reconheceram que a pandemia de covid-19 afetou mais as mulheres do que os homens e que os planos nacionais de recuperação têm de traduzir essa diferença.
Os ministros responsáveis pelas pastas de Emprego, Política Social, Saúde e Consumidores (EPSCO) reuniram-se hoje em videoconferência informal, no contexto da presidência portuguesa do Conselho da União Europeia, sob o lema “Um futuro com empregos – Empregos para o futuro de uma Europa Social Forte”.
“A reunião de hoje mostrou um grande consenso no reconhecimento de que o impacto da crise é diferenciado e que importa responder com políticas públicas, para não haver retrocessos na igualdade”, vincou a ministra de Estado e da Presidência, em conferência de imprensa no final da reunião.
“Houve um reconhecimento generalizado do impacto diferenciado da crise sobre mulheres e homens”, corroborou a ministra do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.
Ambas as ministras, Mariana Vieira da Silva e Ana Mendes Godinho, respetivamente, co-presidiram à reunião dos ministros EPSCO, que contou ainda com os comissários europeus responsáveis pelas mesmas pastas e com representantes da Organização Internacional do Trabalho e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico.
Sublinhando que “as mulheres foram desproporcionalmente afetadas pela pandemia”, a comissária europeia para a Igualdade, Helena Dalli, justificou assim que as respostas à crise têm de ser “sensíveis ao género”.
Os planos de ação “têm de ter um foco de género também”, para que haja uma “recuperação igualitária”, sustentou.
Mariana Vieira da Silva sublinhou que esse impacto diferenciado nas mulheres “pode, se não for invertido, dar lugar a recuos na igualdade”. Por exemplo, é necessário “assegurar que o teletrabalho não será um adicional de desigualdade”, apontou.
Para tal, frisou a ministra portuguesa, é preciso incluir a perspetiva de género nos programas de recuperação e resiliência nacionais.
Principais vítimas do desemprego
O número de desempregados registados nos centros de emprego ultrapassou em janeiro 424 mil, num máximo de quase quatro anos, após novas medidas de confinamento mais restritivas no início deste ano em resposta à evolução de mortes, infeções e internamentos por covid-19.
Os dados são acompanhados de informação do Ministério do Trabalho Solidariedade e Segurança Social, que aponta para um crescimento acentuado do desemprego registado na transição do mês de dezembro para janeiro – em média, 3,5% desde o final da década de 1980. Porém, a subida da passagem de ano é desta vez mais expressiva e penaliza, sobretudo, mulheres, jovens e trabalhadores da região de Lisboa e Vale do Tejo.
A Grande Lisboa foi responsável por quase metade do aumento do desemprego medido pelo IEFP. Em termos líquidos, teve mais 10 017 desempregados do que um mês antes, numa subida de 8%, nos cálculos do Dinheiro Vivo.
À semelhança de meses anteriores, foi a não renovação de contratos a principal razão do aumento do desemprego. Nos novos registos feitos ao longo do mês, mais de 49 mil, foram 24 675 as inscrições após não renovação e 7663 os despedimentos por iniciativa do empregador, com 2134 despedimentos por mútuo acordo.
Os dados do IEFP também permitem ver que foram as mulheres as mais penalizadas na subida do desemprego de janeiro, representando 59% do aumento de desemprego em território continental).
Já no que toca à análise de idade dos desempregados, os jovens entre os 25 e 34 anos conhecem o maior crescimento no desemprego, em 6,7%, para 84 602 desempregados. Seguem-se os trabalhadores entre os 35 e 54 anos, com uma subida de 6,4%, para 165 665 desempregados.
Apesar da forte escalada no desemprego registado, e das restrições à circulação e atividade em vigor, o mês de janeiro fica ainda assim marcado por um crescimento das ofertas de emprego em 27%, com as colocações a aumentarem 60% em relação a dezembro, para um total de 7405. Ainda assim, abaixo dos níveis de um ano antes.
Em janeiro, havia 245 058 desempregados a receber subsídio, mais 1,5% do que um mês antes, com a taxa de cobertura das prestações por desemprego a ficar em 57,5%. Recuou dos 60% registados no mês de dezembro.
ZAP // Lusa