“A melhor vacina é a que se toma”. Temido tem “três desafios” para 2021

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Tiago Petinga / Lusa

A ministra da Saúde, Marta Temido, foi ouvida, nesta quarta-feira, no Parlamento, onde assumiu que a “resiliência do SNS [Serviço Nacional de Saúde] foi duramente posta à prova” no arranque de um ano para o qual define “três desafios” fundamentais para cumprir.

A “aceleração da vacinação contra a covid-19 e a expansão da testagem” é o primeiro desafio para 2021 que Marta Temido definiu, na audiência na Assembleia da República, onde a ministra foi dar explicações sobre o combate à pandemia.

O segundo desafio passa pela “aceleração na área não covid, nomeadamente na oncologia” e o terceiro pela “aprovação do estatuto do SNS” que a ministra quer concretizar “no primeiro semestre deste ano, dando continuidade a uma linha estratégica”.

Estas metas foram assumidas pela governante no Parlamento, onde afirmou que a “resiliência do SNS foi duramente posta à prova neste primeiro mês do ano e a resposta foi dada, apesar de haver coisas que importa melhorar”.

No âmbito da oncologia, Temido revelou que há “cinco mil utentes inscritos para cirurgia oncológica”. A ministra referiu que está a ser definido um plano para reduzir os atrasos neste campo.

Portugal já administrou 415 mil doses de vacinas

Temido assumiu perante os deputados que propôs o alargamento do período de administração entre a primeira e a segunda doses da vacina, mas explicou que a Direcção Geral de Saúde (DGS) e a task force que orienta o plano de vacinação não o permitiram. A ideia da ministra era aumentar as doses de vacina disponíveis e, portanto, vacinar mais pessoas.

Quanto às diversas vacinas disponíveis no mercado, Temido considerou que “a melhor vacina é a vacina que se toma”.

O secretário de Estado da Saúde, Diogo Serras Lopes, revelou aos deputados que Portugal já administrou 415 mil doses de vacinas desde 27 de Dezembro.

Em termos de despesa orçamental, Marta Temido confirmou que o plano de vacinação “representou logo, inicialmente, uma despesa de 174 milhões de euros, sem prejuízo de diversas aquisições adicionais que se encontram previstas”.

Temido também revelou no Parlamento que a taxa de positividade anda pelos 14%, o que é significativamente alto, apesar da redução de casos de novos infectados. Pelo que constatou que “ainda há muito caminho a percorrer”.

Capacidade de rastreio quase triplicou

A capacidade de rastreio dos casos de covid-19 quase triplicou entre Dezembro de 2020 e Fevereiro de 2021, disse a ministra no Parlamento.

Marta Temido lembrou que as autoridades avançaram também com a “simplificação dos inquéritos epidemiológicos” e com a “adopção de modelos colaborativos” que permitem, “na maioria do país”, a garantia de contacto com as pessoas nas primeiras 24 horas.

A ministra referiu ainda o “reforço da capacidade de rastreio das autoridades de saúde pública, através da mobilização de funcionários da administração central e local, estudantes e de elementos das forças de segurança e armadas”.

“Em 13 de Dezembro, o número de profissionais, equivalentes a tempo integral, a realizar inquéritos epidemiológicos era de 427 e em 4 de Fevereiro ultrapassavam os 1.100”, afirmou.

Entre as medidas de resposta à pandemia de covid-19, Marta Temido lembrou também a “melhoria e expansão da linha SNS24”, o reforço da capacidade laboratorial através de um programa vertical de reforço orçamentado em 8,4 milhões de euros “que permitiu passar de uma autonomia de 6.000 testes PCR por dia para cerca de 22.000 só na rede SNS”, e o programa centralizado de financiamento de cuidados intensivos.

Neste âmbito, a ministra da Saúde indicou a compra de mais de 1.100 ventiladores desde o início da pandemia e revelou também ter assinado um despacho que autoriza uma “despesa de mais de 9 milhões de euros para ampliação” de outros serviços de medicina intensiva.

Já sobre os recursos humanos, Marta Temido destacou o regime excepcional de contratação para a resposta à covid-19, permitindo “a celebração de 8.452 contratos que ainda se encontram activos, dos quais mais de 1.300 já foram convertidos em contratos sem termo”, sendo que outros 800 estão em concurso e mais 1.251 são “susceptíveis de conversão ate ao final do primeiro trimestre”.

Segundo a intervenção de abertura da governante na Comissão parlamentar de Saúde, a rede pública de saúde contava, no final de 2020, com mais 9.123 trabalhadores, entre os quais 614 médicos especialistas, 3.263 enfermeiros e 3.207 assistentes, que se traduziu num aumento da despesa que estava prevista.

Menos 1,2 milhões de consultas de especialidade

Marta Temido adiantou ainda que o número de consultas de especialidade hospitalar caiu em 2020, face ao ano anterior, devido à resposta à pandemia, realizando-se menos 1,2 milhões de consultas.

A “diminuição nas principais linhas de actividade” verificou-se “designadamente na consulta de especialidade hospitalar“, apontou.

“Em Dezembro de 2020 havia menos 1,2 milhões de consultas face ao volume de 12,4 milhões de consultas que se tinham realizado em 2019”, afirmou a ministra.

Marta Temido disse que a quebra de atividade foi também extensível às cirurgias, com uma “descida de 126 mil cirurgias face a um volume de 704 mil cirurgias em 2019”, além dos episódios em serviço de urgência hospitalar, no qual se verificaram menos 1,8 milhões em relação aos 6,4 milhões registados no ano anterior.

Paralelamente, Marta Temido admitiu o aumento do número de utentes sem médico de família em 2020, com mais cerca de 105 mil utentes, face à subida do número de inscritos ativos nos cuidados de saúde primários.

“Houve um desequilíbrio assinalável entre o número de aposentações face às entradas de profissionais de medicina geral e familiar”, reconheceu.

Contudo, a ministra da Saúde assinalou a importância do mecanismo de incentivo para a recuperação de cirurgias e primeiras consultas previsto no Programa de Estabilização Económica e Social (PEES) para o relançamento da atividade assistencial no SNS, independentemente de acordos com outros sectores do sistema de saúde.

Pandemia deixará “um rasto pesado” na saúde mental

A ministra da Saúde também considerou, perante os deputados, que “a pandemia deixará um rasto pesado sobre aquilo que é a saúde mental de todos nós, quer em termos estritamente de equilíbrio quer em termos de doença mental mais profunda”.

A questão da saúde mental foi levantada pela deputada do PS Hortense Martins, afirmando que “não salvam vidas só com as questões físicas”. “A saúde mental também é importante para salvar essas mesmas vidas”, defendeu.

Em resposta, Marta Temido afirmou que há muito por fazer nos sistemas relativamente a esta área, nomeadamente dos doentes que aguardam alta por falta de condições sociais.

Assim, a ministra indicou que se pretende “concluir a reforma da aplicação do Plano Nacional de Saúde Mental e a reforma daquilo que é o trabalho dos hospitais psiquiátricos integrando-os, desenvolvendo unidades de psiquiatria em hospitais gerais e criando residências assistidas para os doentes que não têm alternativa”.

ZAP // Lusa

8 Comments

  1. Não sei como é que esta senhora ainda não foi despedida… “a melhor vacina é a vacina que se toma”. Só por estas palavras, os Portugueses têem de tomar cuidado. Ainda acabam a apanhar injecções de água destilada que vem dentro de um fraquinho roxo (só para parecer)..

  2. Ridícula Ministra… se tomarmos uma vacina com eficácia de 70%, por exemplo, essa não PODE SER CONSIDERADA a melhor! As vacinas foram feitas à pressa, logo, não possuem qualidade fiável. O que também é relevante neste momento é o dinheiro, para além do negócio folclórico que está na base do pensamento de muitos governos.

  3. Eu fico sempre pasmada com os comentários que vejo relativamente a este assunto Covid. Posso sempre concluir que somos um país de doutores , só que estão deslocalizados. Os doutores andam aqui a dar opinião. A tomar decisões estão os que não percebem do assunto.
    Mesmo assim atrevo-me a dizer que estou grata a todos aqueles que dão o seu melhor nestes assuntos do Covid como por exemplo a ministra Marta Temido, que estou certa está a fazer o seu melhor e em quem confio. OBRIGADA MINISTRA!

    • Melhor…? Você deve ter bebido uns shots de tequila mal acordou. Se fôssemos um “país” em “condições”, tenho a certeza de que pelo menos 30% da população já teria tomado a vacina. E que grande vergonha… em dois meses, só 500 000 (+++) foram vacinadas? Como explica isto? Foi a Ministra a fazer pressão sobre os serviços de vacinação? E, cara pasmada, que Ministra permite que mais de duas centenas de doses de vacinas sejam desviadas para dar a quem NÃO TEM prioridade?

  4. Deveriam dar essas vacinas aos deputados e Governo e outros que não são prioritários.
    Essa Ministra só diz o que Costa quer que diga, e mais nada.
    Este Governo deveria se demitir é vergonhoso e tudo que tem feito e agora com as Vacinas, até algumas esquecidas nos cinco dias e vão para o lixo!
    Falta de Coordenação e ainda dizem que os Bombeiros e Policias não são prioritários????
    Quem não são prioritários é os Membros do Governo e Deputados, suas familias, como outros jovens e pasteleiros etc.. etc.. etc…

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