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Há professores obrigados a “desconfinar à força” e ir dar aulas online na escola

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Manuel de Almeida / Lusa

Há professores a serem obrigados a furar o teletrabalho e ir dar aulas online para a escola por não terem um computador disponível. A elevada procura de computadores levou à rutura de stocks.

Numa carta assinada enviada ao secretário de Estado da Educação, João Costa, vários professores questionam o facto de centenas de colegas seus estarem a ser obrigados a furar o teletrabalho e dar aulas online na escola “só porque não têm para ceder, ou se recusam a ceder, gratuitamente computadores e outros equipamentos para ficarem em casa a trabalhar”.

“O Ministério da Educação não está a cumprir tal lei em relação aos professores, que estão a ser coagidos a ceder os seus equipamentos, para poder trabalhar e ficar em casa, sem que o ministério peça o seu consentimento, como a lei exige ou sequer compense tal uso coativo. A coação concretiza-se na imposição, para um trabalho que pode ser feito em teletrabalho, da deslocação ao local de trabalho”, lê-se na carta.

O documento intitulado “Carta aberta dos professores desconfinados à força” refere-se aos casos de professores que, por exemplo, só têm um computador em casa, que por sua vez está a ser usado pelos filhos para as aulas online.

“E tanta preocupação com a desigualdade e, no caso dos professores com filhos (ou que só têm recursos para um computador para a família toda, para continuarem a trabalhar) porque é que o seu ‘patrão’ não cumpre a lei e não lhes entrega material para trabalhar, para que não tenham de escolher entre o estudo dos filhos e o trabalho?”, questionam os signatários da carta.

Em situações em que os professores não têm um computador disponível, o secretário de Estado da Educação decidiu que têm de ir para a escola dar as aulas online.

“O que estamos a pedir é que se cumpra a lei”, diz o coordenador nacional do Sindicato de Todos Os Professores (STOP), André Pestana, realçando que é a entidade empregadora quem deve custear as despesas inerentes ao teletrabalho.

“Há professores com filhos menores de 12 anos que também precisam de computadores para estar nas suas aulas e os equipamentos não chegam para todos”, acrescenta, em declarações ao Diário de Notícias.

Contactado pelo DN, Arlindo Ferreira, diretor do Agrupamento de Escolas de Cego do Maio, na Póvoa de Varzim, diz que se todos os professores precisarem, as escolas não têm as condições necessárias.

“O problema é que a maioria das escolas não têm condições. Os computadores têm mais de 12 anos e não têm webcams. No meu agrupamento, não tenho material suficiente se todos os professores quisessem dar aulas aqui”, explica.

Luís Guarda, professor de uma escola na região centro, diz que informou a escola que não tinha condições para trabalhar em casa, mas ainda não obteve qualquer resposta. “Ir para a escola está fora de questão, pois é violar o confinamento”, atira.

O regresso das aulas à distância levou a uma nova corrida às lojas para a compra de computadores. Além disso, muitas autarquias decidiram também ir às compras, adquirindo centenas de equipamentos diretamente nos distribuidores, escreve o Público. Isto faz com que haja uma rutura de stocks, em que dificilmente se encontram portáteis disponíveis para entrega imediata.

“Os computadores mais procurados eram os de 400 a 750 euros. Os pais optam por modelos mais baratos, uma tendência que já verificámos o ano passado”, diz Paulo Pimenta, responsável do site KuantoKusta. Agora, com a rutura de stocks e com a entrega demorada, “a faixa de preço mais procurada subiu para os 850 a 1.000 euros”.

O Governo aprovou, esta quinta-feira, a compra imediata de 15 mil computadores em vésperas do regresso ao ensino online. Juntam-se a estes os “100 mil kits já distribuídos às escolas no 1.º período letivo e aos 335 mil equipamentos comprados no âmbito do programa Escola Digital, com recurso a fundos comunitários”, avança o Ministério da Educação, citado pela Rádio Renascença.

O ensino à distância é retomado na segunda-feira, 8 de fevereiro, depois de as aulas terem sido suspensas a 22 de janeiro.

Daniel Costa, ZAP //

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11 Comments

  1. Os professores têm de ter os direitos e deveres dos demais trabalhadores. Quando a empresa não tem disponibilidade em fornecer computadores os trabalhadores têm de ir trabalhar para a empresa. Ninguém entende esta classe profissional, primeiro não podiam dar aulas à distância porque os filhos estavam em casa e não havia condições agora não querem trabalhar por falta de equipamentos.
    Igualdade de direitos entre todos os trabalhadores e fim aos privilégios dii ou S funcionários públicos

  2. É inacreditável como é que há pessoas que comentam notícias e criticam sem saber do que falam.
    O Sr. LFM diz “…professores não querem trabalhar na escola como qualquer outro trabalhador deste país que quase todos trabalham nas empresas.”.
    Sabe por acaso que a lei obriga as empresas privadas em que seja possível o teletrabalho a que o mesmo seja praticado, sob pena de coima?
    Como é que tem a lata de dizer que qualquer outro trabalhador do pais vai trabalhar para as empresas?
    Quantos trabalhadores estão em teletrabalho? E bem!!!
    Eu já estive em teletrabalho e o meu patrão forneceu-me todo o equipamento necessário para trabalhar. Só não pagou a luz e internet que agora pelos vistos as empresas privadas têm de pagar. Estranho é que seja só para os privados.
    E para que se saiba não sou professor.
    Mas o dever de confinamento também se aplica aos professores.
    Imagine o Sr. que o seu patrão o obriga a trabalhar em casa adquirindo o senhor os computadores, impressoras, tinteiros, papel, internet, luz, etc, etc.
    Aceitava?
    E os professores que têm filhos menores tem menos direitos a ficar com os filhos do que os restantes trabalhadores?
    Não critique nem fale do que não sabe.

    • Se o governo declarar que os professores têm que trabalhar em regime de tele-trabalho, tem obviamente a obrigação de disponibilizar todos os meios necessários, incluindo computador, etc. Mas julgo que não é isso que está a acontecer. Tanto quanto sei, os professores não foram colocados em regime de tele-trabalho. As escolas estão fechadas *para os alunos*, os professores devem continuar a ir para a escola e leccionar numa sala vazia, online. Se há professores que nessas condições preferem ficar em casa, tudo bem, mas é com os seus próprios meios. O que se passa aqui é que, efectivamente, os professores são uma classe “entitled” que acha que tem que ter regras especiais. Veja-se o comentário de um professor “Ir para a escola está fora de questão, pois é violar o confinamento”. Fora de questão? O confinamento não se aplica a 100% da população! Há trabalhadores essenciais a ir para o seu trabalho todos os dias!

      • Lamento discordar da sua opinião.
        Então os professores não estão em teletrabalho? Como assim?
        Claro que há alguns que foram destacados para dar aulas presenciais a alunos que são filhos de trabalhadores considerados essenciais ( p.e. médicos, polícias, etc).
        Os restantes foram colocados em teletrabalho fazendo com os alunos aulas síncronas e assincronas.
        Aliás, se os professores fossem todos para as escolas dar aulas on-line garanto-lhe que não havia equipamento para todos. Provavelmente desconhece que grande parte dos professores tem normalmente de trabalhar em casa, por um lado, porque não há nas escolas equipamentos suficientes para todos, e os que há, na grande maioria, estão obsoletos e, por outro, porque têm de trabalhar à tarde, à noite e ao fim de semana.
        Claro que há profissionais que não podem fazer teletrabalho pela natureza das suas funções.
        Segundo o Deceto-Lei que aprovou o teletrabalho, este é obrigatório sempre que se comprove que o mesmo pode ser realizado por via remota, incorrendo as empresas em contra-ordenacões muito graves se não cumprirem. E nos termos do mesmo compete ao empregador disponibilizar ao trabalhador os meios técnicos para o efeito e, até, custear as despesas de telefone e internet.
        Ou seja, para os privados o governo obriga ao cumprimento da lei sob pena de coima. Para os seus trabalhadores assobia para o lado e tem de ser o trabalhador a dispor dos meios para trabalhar. Está bonito!!!
        Assim, mal comparado, era como se um trabalhador de uma indústria fosse obrigado a comprar a expensas suas a máquina com que opera.
        Da forma como se exprime fica a sensação de que os professores preferem trabalhar em casa. Nada mais errado! Muitos deles nem têm equipamentos ou aposentos suficientes para todo o agregado familiar porque alguns também têm filhos em idade escolar que precisam de equipamento e ligação à internet.
        Nos últimos anos tenho assistido ao constante achincalhamento e desprezo da sociedade em geral pela classe dos professores. E como já informei não sou professor, logo estou à vontade. No tempo em que andei na escola um professor era uma pessoa respeitada e considerada pela sociedade. Mas nos tempos que correm é exactamente o inverso. Daí que o Ministério da Educação comece a ter dificuldade em os recrutar como aconteceu neste ano lectivo em que muitas crianças ficaram bastante tempo sem professor de algumas disciplinas. Não passará muito tempo que muitos pais de hoje e avós no futuro se irão confrontar com situações em que os seus filhos/netos não terão professor para os ensinar, ou os que terão serão aqueles que não tendo outra alternativa têm de aceitar dar aulas. E o mesmo se passa com médicos e enfermeiros.
        Última nota quanto às regras especiais para os professores. Será que eles querem regras especiais ou querem que o patrão lhes aplique as regras que aprovou para a restante comunidade laboral?

        • E o empregador tem ainda de fornecer o café e o copo de água ao meio da manhã.
          Um pouco de bom senso é aquilo que falta a muitos. Esqueçam lá os sindicalismos da treta que nunca levaram ninguém a lado nenhum e articulem-se com as entidades empregadoras. Bom senso é o que falta em tudo isto!

  3. É fácil fazer leis a obrigar, é difícil tornar a lei exequível.
    Mas dizer que para cumprir a lei é preciso dar computadores aos professores considero um exagero.
    Não vejo problema nenhum que um professor dê as aulas on-line a partir da escola.
    E se o maior problema é os computadores serem velhos e não terem câmera, pode colocar-se uma externa, que até é barato.

  4. A tv escola é muito boa, desde que queiram aprender, e desde que queiram ensinar, o problema é que os mandriões não querem uma coisa nem outra, enfim é o que somos.

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