O austríaco Eric Schwam deixou 2 milhões de euros à vila francesa Le Chambon-sur-Lignon, que lhe ofereceu proteção, bem como à sua família, do regime nazi.
Schwam faleceu no passado 25 de dezembro, aos 90 anos, mas antes revelou que queria doar grande parte da sua herança a esta vila localizada no sudeste de França, conhecida por receber milhares de refugiados, conta o jornal britânico The Independent.
O autarca de Le Chambon-sur-Lignon recusou-se a precisar o valor doado, mas elementos do Executivo municipal anterior revelaram que discutiram a doação com Schwam e a sua esposa pessoalmente e que esta rondou os 2 milhões de euros.
O austríaco chegou à aldeia com a sua família em meados de 1943 e escondeu-se numa escola durante toda a II Guerra Mundial (1939-1945).
Schwam e a sua família continuaram a viver em e Chambon-sur-Lignon até 1950.
Denise Vallat, assistente de Comunicação e Cultura da vila francesa, revelou, em declarações ao jornal francês France 3, que a autarquia foi contactada há cerca de três semanas por um notário para discutir os detalhes da doação.
“Era um cavalheiro muito discreto e não queria muita publicidade sobre o seu gesto. Pouco se sabe sobre o doador, mas fizemos alguma investigação”, disse a responsável, detalhando ainda que a pesquisa revelou que a família de Schwam era originária de Viena, onde o seu pai exercia como médico.
A vila é conhecida por receber vários refugiados de vários períodos distintos da história: desde padres da Revolução Francesa a judeus durante o Holocausto.
Estima-se que Le Chambon-sur-Lignon tenha recebido 2.500 refugiados judeus durante a II Guerra. A vila foi posteriormente reconhecida por Israel pelos seus esforços na proteção do povo judeu, nota ainda a emissora britânica BBC.