João Ferreira começou o dia a falar de habitação. E acabou a distribuir exemplares da Constituição aos mais jovens

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theleft_eu / Flickr

O candidato presidencial apoiado pelo Partido Comunista Português (PCP), João Ferreira.

O candidato presidencial apoiado pelo PCP defendeu, este domingo, que o Presidente da República deve usar de todos os seus poderes para tentar que seja criada uma nova lei da habitação, tema que considera ser “um grave problema” nacional.

“O Presidente da República deve usar de todos os seus poderes e de toda a sua influência para salientar a urgência de uma nova lei“, defendeu João Ferreira, intervindo numa sessão sobre direito à habitação, na sociedade Voz do Operário, no centro de Lisboa.

O candidato comunista sublinhou que o Presidente da República não pode “olhar para o lado” e “ser alheio a esta realidade”, considerando que a habitação “tem de ser encarada como aquilo que é: um grave problema nacional”.

Para João Ferreira, o atual e anteriores Presidentes da República deviam ter-se empenhado nesta questão, não promulgando a lei do arrendamento urbano, “muito conhecida como a lei dos despejos“, que em conjunto com os vistos gold formou a “tempestade perfeita”.

“Com esta lei, em sintonia com os chamados vistos gold, com os benefícios fiscais para residentes estrangeiros, criou-se a tal tempestade perfeita de desregulamentação do mercado de arrendamento, de favorecer o crescimento do investimento financeiro no setor imobiliário, conduzindo a uma autêntica catástrofe para milhares e milhares de famílias, muitos despejados”, afirmou.

Segundo o candidato apoiado pelo PCP e pelo PEV, o parque habitacional em Portugal “ultrapassa em 700 mil fogos o número de famílias”, o que, para si, significa que o problema está em “políticas erróneas”.

“Aquilo que temos em Portugal é a concretização, na prática, do velho sonho liberal de deixar ao mercado a resolução dos problemas”, afirmou o comunista, sublinhando que o Presidente da República “não se pode resignar” perante milhares de famílias com problemas no acesso à habitação.

Antes da sua intervenção, foram ouvidos diversos testemunhos, entre os quais o de Romão Lavadinho, presidente da Associação de Inquilinos Lisbonenses, que disse que em Portugal apenas 2% da habitação é pública, enquanto noutros países ronda os 30%.

Falando no problema das rendas especulativas, Romão Lavadinho exemplificou que arrendar um T2 com 50 metros quadrados em Lisboa não fica abaixo de 1100 euros, o que é incomportável para a maioria dos portugueses.

Ao início da tarde, João Ferreira esteve com trabalhadores de uma superfície comercial na capital lisboeta. Em frente ao El Corte Inglés, o comunista apontou os problemas que enfrentam os trabalhadores com filhos neste novo confinamento, uma vez que os ATL estão fechados.

Segundo o semanário Expresso, este foi mais um exemplo para o candidato recordar a Constituição, pois esta “está do lado dos trabalhadores” no direito ao trabalho, mas também à conciliação da vida familiar e profissional.

Durante a sua intervenção, o comunista foi ainda questionado sobre se o Governo devia requisitar os serviços dos privados na Saúde, devido à situação caótica provocada pela pandemia. João Ferreira considerou que sim, “todos os meios devem ser mobilizados”.

Depois, o candidato apoiado pela CDU esteve presente, em Loures, numa sessão dedicada ao movimento associativo popular com a Associação de Moradores de Santo António dos Cavaleiros.

Contra os “valores individualistas que alguns querem fazer prevalecer, virando cidadãos contra cidadãos e cidadãos contra instituições” e a favor do “espírito de comunidade”, o eurodeputado lembrou o artigo da Constituição que garante o direito a constituir organizações de moradores, avança o jornal.

João Ferreira teve ainda tempo para debater a saúde mental dos jovens e das crianças, num encontro online no qual ouviu especialistas e psiquiatras sublinhar a importância de “acabar com a divisão entre saúde física e mental“.

O candidato acabou mais um dia de campanha no mercado do forno do tijolo, também em Lisboa, onde falou com jovens sobre as suas lutas, desde os direitos LGBT, os direitos das mulheres e os da defesa do ambiente (e onde acabou a distribuir exemplares da Constituição portuguesa).

ZAP // Lusa

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