A Interpol emitiu três mandados de captura a pedido do procurador que investiga a explosão do porto de Beirute. Um dos visados é Jorge Moreira, um comerciante português de nitrato.
A Interpol emitiu um mandado contra um comerciante português que, em 2014, examinou o armazém no porto de Beirute onde estava o carregamento de nitrato de amónio, que explodiu em agosto, avançou a agência EFE. Foram também alvo desta medida dois russos, o proprietário e o capitão do navio que carregava as 2750 toneladas de nitrato de amónio.
A EFE, que cita a agência libanesa ANN, adianta que Ghassan al Joury, procurador do Ministério Público que investiga a explosão na capital libanesa, recebeu uma cópia da notificação da Interpol contra o “negociante de nitrato” na passada terça-feira, sem adiantar mais detalhes sobre o assunto ou o paradeiro do cidadão português.
Ao Público, um responsável da Fábrica de Explosivos de Moçambique (FEM), empresa onde trabalha Jorge Moreira, disse que este não foi contactado pelas autoridades libanesas, mas que está totalmente disponível para prestar os esclarecimentos necessários.
“O senhor Moreira está a trabalhar tranquilamente, não está fugido. Não foi contactado nenhuma vez pelas autoridades libanesas, mas está completamente disponível [para prestar esclarecimentos]”, explicou.
Ghassan Al Joury, que há um mês assumiu a direção da investigação depois de o procurador-geral libanês, Ghassan Oueidat, ter abandonado o inquérito por alegadas ligações com um dos ministros acusados da tragédia, obteve a confirmação de outro alerta da Interpol contra o proprietário do navio “Rhosus”.
O cargueiro “Rhosus”, de bandeira moldava, chegou à costa libanesa, em 2013, com uma grande quantidade de nitrato de amónio a bordo, produzido na Geórgia, e descarregou a carga em Beirute, apesar de o seu destino final ser Moçambique.
O juiz libanês titular do processo já indiciou, no início de dezembro, o primeiro-ministro libanês em exercício, Hasan Diab, e três ex-ministros de suposta negligência no caso relacionado com a explosão ocorrida a 4 de agosto de 2020.
Pouco depois da tragédia, o Presidente do Líbano, Michel Aoun, reconheceu que sabia da existência de uma “grande quantidade” de nitrato de amónio que tinha sido armazenada no porto duas semanas antes da explosão, tendo a ocorrência sido aparentemente causada por um incêndio naquele espaço portuário.
A explosão de cerca de três mil toneladas desse fertilizante causou uma onda de choque que devastou vários bairros da capital libanesa, deixando cerca de 300 mil pessoas temporariamente desabrigadas, mais de 200 mortos e mais de 6.500 feridos.
ZAP // Lusa