As autoridades venezuelanas iniciaram a retirada de 160 das 1.156 famílias que habitam ilegalmente a “Torre de David”, um emblemático arranha-céus que funcionava como o maior bairro pobre vertical de Caracas, encaminhando-as para habitações sociais construídas por portugueses.
A operação, segundo o ministro de Estado para Transformação de Caracas, Ernesto Villegas, iniciou-se terça-feira, de forma “coordenada”, recebendo cada família a chave de um apartamento do complexo de habitações sociais estatais de Cidade Zamora, em Cúa, 60 quilómetros a sul da capital.
Cidade Zamora é um complexo de habitações sociais construído pelo português Grupo Lena ao abrigo do programa governamental “Grande Missão Habitação Venezuela” e dos acordos de cooperação bilateral assinados entre Lisboa e Caracas.
Em Cidade Zamora foi construída a primeira de duas fábricas de lajes e painéis pré-fabricados daquele grupo português na Venezuela, que tem servido de base para a construção de 4.200 apartamentos (210 edifícios) naquela localidade.
Também conhecida como “Torre Confinanzas” a “Torre de David” homenageia o seu autor, o criador de cavalos David Brillembourg.
É um edifício de 45 andares, cuja construção foi suspensa em 1994, na sequência de uma forte crise financeira que abalou a Venezuela e que provocou a falência da empresa Confinanzas Banco Metropolitano.
Depois de passar para o Fundo de Depósitos e Proteção Bancária, o edifício foi invadido, em 2007, por mais de 2.000 famílias, centenas das quais abandonaram o lugar devido a falta de condições (eletricidade e água) e de segurança, sendo várias vezes notícia por acidentes, entre eles o de uma cidadã que há cinco anos perdeu uma filha que caiu de um dos andares do prédio inacabado.
Fontes não oficiais dão conta que alguns destes residentes ilegais criaram empresas que funcionavam a partir da torre e que nela era possível encontrar cidadãos com as mais variadas profissões, incluindo médicos e bombeiros.
Erguendo-se imponentemente no bairro de San Bernardino, no centro de Caracas, a torre foi várias vezes alvo de rusgas das autoridades policiais que procuravam vítimas e autores de raptos.
/Lusa