O controverso assessor do primeiro-ministro britânico cessou funções, esta sexta-feira, após dias de rumores sobre o seu futuro, na sequência de uma luta por influência no seio do Governo de uma fação ligada à campanha do Brexit.
Uma fonte oficial do Governo britânico confirmou a notícia, que já tinha sido avançada por vários meios de comunicação social e sugerida pela saída de Dominic Cummings de Downing Street, a residência oficial do primeiro-ministro, com uma caixa onde alegadamente estariam os seus pertences.
O assessor tinha dito à BBC, na quinta-feira à noite, que pretendia deixar o cargo até ao Natal, mas, durante o dia, a sua saída continuou a ser notícia e motivo de comentários de vários deputados do Partido Conservador, que criticam a excessiva influência de Cummings sobre o primeiro-ministro, Boris Johnson.
Bernard Jenkins, presidente de uma influente comissão parlamentar, disse que a saída de Cummings é uma oportunidade para Johnson “redefinir como o Governo funciona”.
“Eu sugeriria que há três palavras que precisam de tornar-se palavras de ordem em Downing Street: respeito, integridade e confiança. E certamente na relação entre a máquina de Downing Street e o grupo parlamentar tem havido uma sensação muito forte de que isso tem faltado nos últimos meses”, disse à BBC.
Cummings é considerado o arquiteto da campanha que resultou na saída do Reino Unido da União Europeia e o autor do slogan ‘Get Brexit Done’, que garantiu uma maioria absoluta nas eleições de dezembro.
Tornou-se depois o assessor com mais poder dentro do Executivo, decidindo muitas vezes quem tem acesso ao primeiro-ministro, marginalizando deputados e até outros membros do próprio Governo.
Porém, ficou enfraquecido, no início deste ano, quando foi revelado que tinha conduzido centenas de quilómetros até ao norte de Inglaterra após contrair covid-19, violando as regras de confinamento nacional.
A saída terá sido acelerada após a demissão, na quarta-feira, de um dos seus aliados mais próximos, o diretor de comunicações, Lee Cain, que, segundo a imprensa britânica, pretendia ser promovido a chefe de gabinete de Johnson.
Notícias com base em fontes anónimas descrevem uma luta de poder entre um grupo de assessores governamentais que trabalharam na campanha do referendo que ditou o Brexit, em 2016, e os membros seniores do Partido Conservador.
Para Gavin Barwell, ex-chefe de gabinete de Theresa May, o primeiro-ministro “tem agora uma oportunidade de criar uma operação em Downing Street mais harmoniosa e eficaz, melhorar as relações com o grupo parlamentar e liderar um Governo menos conflituoso e mais unificador”, escreveu no Twitter.
// Lusa