“Não sou fofinho com tiranos”, responde Santos Silva à Iniciativa Liberal

O ministro dos Negócios Estrangeiros respondeu assim à acusação de “tibieza” com a China do deputado da Iniciativa Liberal, acusando em contrapartida este partido de estar “encostado a quem gosta de ditadores” nos Açores.

A situação política pós-eleições nos Açores foi introduzida pelo ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, no debate na especialidade do Orçamento do Estado para 2021, depois de José Cotrim Figueiredo, da Iniciativa Liberal, o ter criticado por “tibieza e contemporização” com ditadores.

“Porque somos tão fofinhos com ditadores?”, tinha questionado o deputado da IL, aludindo nomeadamente à China, questão que já tinha sido trazida para o debate pelo PAN.

“Esta gravata é açoriana”, disse Augusto Santos Silva na resposta. “E eu não pertenço a nenhum partido que esteja encostado a quem gosta de ditadores e tiranos para efeitos apenas de garantir algum apoio governamental”, acrescentou.

A resposta, e a alusão ao acordo parlamentar nos Açores, suscitou protestos das bancadas da direita, que levaram o presidente da Comissão de Orçamento e Finanças a pedir calma aos deputados.

“Como veem pelas minhas palavras e pela vossa reação, eu não sou mesmo fofinho com tiranos, nem com vizinhos circunstanciais que se encostem a primos de amigos de tiranos para efeitos de provocar mudanças”, insistiu o ministro ao retomar a resposta.

O acordo de legislatura do PSD-Açores com o Chega está a originar duras críticas ao líder dos sociais-democratas, Rui Rio, da esquerda à direita. E há quem aponte o dedo também ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

O presidente do Chega, André Ventura, já considerou que o acordo com o PSD é um passo histórico e abre caminho, “pela primeira vez em muitos anos”, a um futuro Governo de direita em Portugal.